
Quarto Domingo do Advento 2015
Mal Isabel escutou a saudação de Maria, o menino saltou de alegria no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo.
O que ainda não nasceu, que ainda não vemos, faz sentir a Sua presença na nossa vida a partir de dentro. Se confiarmos apenas nas evidências externas dos nossos sentidos, ir-nos-ão escapar as dimensões mais importantes da realidade. Nos nossos momentos negros, não conseguiremos acreditar no nosso verdadeiro potencial – a “promessa” ainda por cumprir, a nova vida ainda por nascer, que é o coração e a alma da nossa preparação para o Natal.
Quando apenas reagimos às circunstâncias em mudança, empurrados pela roda da fortuna, vivemos com medo do aspeto caótico da vida e tememos o próximo grande mergulho nas nossas emoções. Muitos de nós vivem, mais ou menos continuamente, neste estado de medo e a tremer. Ou vivemos com medo de ter medo porque nos recordamos do quão assustador o medo pode ser. Este medo – como vemos em algumas reações contemporâneas ao terrorismo – destrói o nosso equilíbrio mental e o nosso bom juízo.
Se isto pode acontecer no mundo exterior, podemos também tornar-nos espiritualmente bipolares, oscilando entre a parte luminosa e a parte escura da nossa viagem interior. A experiência de Deus é objetivada. Ela parece estar, alternadamente, a revelar-se e a retirar-se cruelmente – os deuses brincando connosco, como se fossem rapazinhos a brincar com as moscas, como Shakespeare descreveu, uma vez, na sua trágica visão.
Quando os sentidos interiores despertam, deslocamo-nos para um lugar onde todos os opostos, os fossos e os picos do caos do ego conduzido pela emoção, são mantidos numa nova estabilidade de consciência. A profundidade, o equilíbrio, a proporcionalidade e a prudência ganham forma neste ventre de quietude interior. As dores e alegrias, as perdas e descobertas da vida não são menos intensas. Mas já não nos atiram para fora do ringue da equanimidade – ou, se o fazem, pelo menos voltamos a subir, rapidamente, para ele, prontos para o próximo assalto.
À medida que este equilíbrio interior cresce, Cristo é formado em nós. Torna a aceitação do que é – a pré-condição para a felicidade – mais fácil e mais intuitiva. Nunca sabemos quando o nosso equilíbrio pode ser atingido pela turbulência. Mas podemos estar preparados para o desconhecido, como os edifícios construídos de forma especial em zonas sísmicas. Achamos mais fácil viver de modo confiante com a incerteza. Neste equilíbrio e estado alerta da mente, a alegria de ser – e o humor saudável – tornam-se nossos companheiros. A dimensão interior da realidade é algo que a ciência comum não consegue observar. É por isso que hoje em dia nós, culturalmente, ignoramos a dimensão espiritual. Porém, recebemos mensagens desta dimensão de ser, o pontapé de Deus a partir do ventre do nosso potencial, e, surpreendentemente, ficamos cheios do Espírito Santo.
Laurence Freeman OSB
Texto recomendado: Os oceanos de Deus: Última Carta de John Main
http://www.meditacaocrista.com/os-oceanos-de-deus-uacuteltima-carta-de-john-main.html
Texto original em inglês:
Fourth Sunday of Advent
http://wccm.org/content/advent-reflections-third-sunday-advent
Ligação para o Evangelho do dia:
http://evangelhoquotidiano.org/M/PT/
Mal Isabel escutou a saudação de Maria, o menino saltou de alegria no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo.
O que ainda não nasceu, que ainda não vemos, faz sentir a Sua presença na nossa vida a partir de dentro. Se confiarmos apenas nas evidências externas dos nossos sentidos, ir-nos-ão escapar as dimensões mais importantes da realidade. Nos nossos momentos negros, não conseguiremos acreditar no nosso verdadeiro potencial – a “promessa” ainda por cumprir, a nova vida ainda por nascer, que é o coração e a alma da nossa preparação para o Natal.
Quando apenas reagimos às circunstâncias em mudança, empurrados pela roda da fortuna, vivemos com medo do aspeto caótico da vida e tememos o próximo grande mergulho nas nossas emoções. Muitos de nós vivem, mais ou menos continuamente, neste estado de medo e a tremer. Ou vivemos com medo de ter medo porque nos recordamos do quão assustador o medo pode ser. Este medo – como vemos em algumas reações contemporâneas ao terrorismo – destrói o nosso equilíbrio mental e o nosso bom juízo.
Se isto pode acontecer no mundo exterior, podemos também tornar-nos espiritualmente bipolares, oscilando entre a parte luminosa e a parte escura da nossa viagem interior. A experiência de Deus é objetivada. Ela parece estar, alternadamente, a revelar-se e a retirar-se cruelmente – os deuses brincando connosco, como se fossem rapazinhos a brincar com as moscas, como Shakespeare descreveu, uma vez, na sua trágica visão.
Quando os sentidos interiores despertam, deslocamo-nos para um lugar onde todos os opostos, os fossos e os picos do caos do ego conduzido pela emoção, são mantidos numa nova estabilidade de consciência. A profundidade, o equilíbrio, a proporcionalidade e a prudência ganham forma neste ventre de quietude interior. As dores e alegrias, as perdas e descobertas da vida não são menos intensas. Mas já não nos atiram para fora do ringue da equanimidade – ou, se o fazem, pelo menos voltamos a subir, rapidamente, para ele, prontos para o próximo assalto.
À medida que este equilíbrio interior cresce, Cristo é formado em nós. Torna a aceitação do que é – a pré-condição para a felicidade – mais fácil e mais intuitiva. Nunca sabemos quando o nosso equilíbrio pode ser atingido pela turbulência. Mas podemos estar preparados para o desconhecido, como os edifícios construídos de forma especial em zonas sísmicas. Achamos mais fácil viver de modo confiante com a incerteza. Neste equilíbrio e estado alerta da mente, a alegria de ser – e o humor saudável – tornam-se nossos companheiros. A dimensão interior da realidade é algo que a ciência comum não consegue observar. É por isso que hoje em dia nós, culturalmente, ignoramos a dimensão espiritual. Porém, recebemos mensagens desta dimensão de ser, o pontapé de Deus a partir do ventre do nosso potencial, e, surpreendentemente, ficamos cheios do Espírito Santo.
Laurence Freeman OSB
Texto recomendado: Os oceanos de Deus: Última Carta de John Main
http://www.meditacaocrista.com/os-oceanos-de-deus-uacuteltima-carta-de-john-main.html
Texto original em inglês:
Fourth Sunday of Advent
http://wccm.org/content/advent-reflections-third-sunday-advent
Ligação para o Evangelho do dia:
http://evangelhoquotidiano.org/M/PT/