WCCM - MEDITAÇÃO CRISTÃ (Portugal)
  • Encaminhamento

Leitura Semanal

        "Que há de mais doce para nós, caríssimos irmãos do que esta voz do Senhor a convidar-nos?"


S. Bento

receba os nossos in-formativos

Leitura Semanal – 25.06.2017,   “A Luz do Eu”– Fr. Laurence Freeman OSB, in “Luz Interior”

25/6/2017

0 Comments

 
Imagem
 
“A Luz do Eu”– Fr. Laurence Freeman OSB, in “Luz Interior” (no original: LIGHT WITHIN: The Inner Path of Meditation - London: Canterbury Press, 2008 - pp. 85-87.) (excerto)
 
A meditação põe à vista […] uma verdade difícil e essencial. Se quisermos ser plenamente humanos, temos que enfrentar o facto de que não conseguimos comunicar aos outros o nosso “eu” real porque nós próprios ainda não estabelecemos contacto com ele. Se nos sentimos isolados daqueles que estão à nossa volta é porque estamos isolados de nós mesmos. Só quando conhecemos quem somos e, assim, podemos ser quem somos é que podemos comunicar aos outros quem somos. [Mas] “o que é que de facto nos bloqueia face ao nosso “eu” real?” A meditação dá-nos uma resposta muito simples. Não é uma resposta fácil, mas uma resposta simples. Nada. Nada se interpõe entre nós e o nosso “eu” real. Pelo menos, nada mais do que a ideia falsa de que algo existe realmente entre eles. A ideia falsa é aquilo a que chamamos o “ego”. […] Cada vez que meditamos, pomos de lado mais uma camada de autoconsciência. […] E, ao fazê-lo, tornamo-nos simplesmente nós mesmos, sem camadas e nus. Era a isto que Jesus chamava a “pobreza em espírito”. […]
 
É uma bonita pobreza em espírito e um caminho revigorante a seguir. É uma pobreza grandiosa porque nos liberta para ver a luz do nosso “eu” real e para sabermos que somos essa luz. O mantra faz-nos atravessar as camadas de pensamento, de linguagem e de imaginação até á luz pura da plena consciência. O mantra é muito simples. É simplesmente o ponto focal que nos conduz ao centro onde a luz do “eu” real brilha. Ao continuarmos a meditar, podemos não sentir isto a acontecer. [Mas], se perseverarmos, então a nossa própria vida irá, lenta mas profundamente, brilhar com essa luz interior e nós saberemos que a luz está lá em tudo.
 
  
Medite durante 25 minutos… Sente-se em silêncio e de costas direitas. Feche suavemente os olhos. Fique descontraído mas atento. Em silêncio, comece interiormente a dizer apenas a palavra-mantra “Maranatha”. Diga-a em quatro sílabas de igual cadência MA-RA-NA-THA. Oiça-a enquanto a pronuncia, serenamente e sem interrupção. Não pense nem imagine nada espiritual ou qualquer outra coisa. Quando surgirem outros pensamentos não ligue, volte simplesmente a dizer a palavra. Medite 20 a 30 minutos de manhã e fim do dia.
 
 
Depois da meditação… 
 
 
“O Fio” – W. S. Merwin, in “O Som do Rio” (no original: THE RIVER SOUND - New York: Knoph, 1999 -  p. 133.)
 
Noite a conta negra
um fio que a atravessa 
com o som duma respiração
 
as luzes ainda lá estão desde
há muito tempo quando
não eram vistas
 
de manhã
foi-me explicado
que aquela
 
a que chamamos a estrela da manhã
e a estrela
da tarde são a mesma.
 
 
 
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
http://www.meditacaocrista.com/
https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal

0 Comments

​Leitura Semanal – 11.06.2017, “Queridos Amigos” – Laurence Freeman OSB

11/6/2017

0 Comments

 
Imagem

​“Queridos Amigos” – Laurence Freeman OSB, (excerto) in Boletim Internacional da WCCM – Junho de 2011 (pp. 4-5)
 
Podemos abrir mão das nossas preocupações e ansiedades, como Jesus nos aconselha a fazer no ensinamento sobre a oração. Estas ansiedades são muito variadas: as pequenas arrelias que passam com uma boa noite de sono, as perdas que ainda lá estão terrivelmente presentes quando despertamos, os padrões mais profundos do nosso carácter com as suas raízes na memória pré-consciente. A sabedoria e o perdão começam o seu trabalho assim que recuamos e paramos de culpar o mundo ou os nossos pais ou os nossos inimigos e compreendemos que somos nós o problema. O primeiro passo num caminho espiritual maduro pode levar anos. Porém, depois de dado, somos capazes de discernir os diferentes níveis de sofrimento e de insatisfação que temos que atravessar, aqueles de que podemos tratar nós mesmos, aqueles para que temos que pedir ajuda e aqueles que, simplesmente, temos que transcender. 
 
A meditação aguça e acelera este discernimento. Em todas as tradições, a oração profunda, silenciosa e não conceptual é vista como ocupando o coração da fé e como abrindo a porta para a união com Deus. Os sufis falam do “dhikr” ou recordação de Deus, a que se chega por meio da repetição do nome de Deus. Na sua simplicidade, diz-se que contém todas as formas de oração e que “nos liberta de toda a confusão e desconforto”. […] O mandamento de Jesus sobre o amor – a Deus, ao próximo e a nós mesmos – e a urgência no Seu tom, de modo similar, traduzem-se na consciência plena com que prestamos absoluta atenção a Deus. Podemos, então, de bom grado, vender tudo o que temos no perfeito júbilo de encontrar o tesouro do Reino enterrado no nosso coração.
 
Porém, os cuidados da vida facilmente nos assoberbam. Podem tornar-nos autofixados, esquecidos, insensíveis, ignorantes e estúpidos. Esquecemos que Deus existe. Ignoramos as necessidades do nosso próximo. Perdemos a capacidade de nos maravilharmos. Caminhamos como sonâmbulos para a graça. A ascese – o trabalho espiritual – é a cura para quem está consumido pelas preocupações. Ela ensina-nos a lidar com os problemas e a viver em liberdade, apesar deles. Dissolve a dureza de coração, à medida que nos vamos tornando mais sensíveis e mais capazes de responder, mais abertos à beleza do mundo e às necessidades dos outros, incluindo aqueles que, gananciosamente, tiram antes de pedirem. A ascese – como a da nossa meditação duas vezes por dia – transforma a energia bloqueada no nosso ego e os padrões negativos de pensamento e de comportamento. Sabiamente, acabamos por aceitar que não iremos – nesta vida de cuidados -  alguma vez ter tudo o que queremos. Mas, então, surge a libertação, ao aceitarmos que o problema real reside, não em não ter, mas no próprio desejar. 
 
 
 
 
  
Medite durante 25 minutos… Sente-se em silêncio e de costas direitas. Feche suavemente os olhos. Fique descontraído mas atento. Em silêncio, comece interiormente a dizer apenas a palavra-mantra “Maranatha”. Diga-a em quatro sílabas de igual cadência MA-RA-NA-THA. Oiça-a enquanto a pronuncia, serenamente e sem interrupção. Não pense nem imagine nada espiritual ou qualquer outra coisa. Quando surgirem outros pensamentos não ligue, volte simplesmente a dizer a palavra. Medite 20 a 30 minutos de manhã e fim do dia.
 
 
 
Depois da meditação… 
 
 
“O Carreiro Não É Um Carreiro” – Garry Snyder, in “Deixado à Chuva” (no original: LEFT OUT IN THE RAIN: North Point Press, 1986) – publicado no Writer’s Almanac em 2011-09-24) 
 
Conduzi pela auto-estrada
E virei numa saída
E segui pela via rápida
Até ela se transformar numa estrada secundária.
Subi a estrada secundária
Até se tornar numa estrada de terra,
Cheia de buracos, e parei.
Subi um carreiro
Mas o carreiro tornou-se agreste
E foi-se sumindo – 
Em campo aberto.
Para ir a qualquer lado.
 
 
 
 
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
http://www.meditacaocrista.com/
https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal

0 Comments

“Morte e Ressurreição” – John Main OSB, in “O Momento de Cristo”

4/6/2017

0 Comments

 
Imagem

“Morte e Ressurreição” – John Main OSB, in “O Momento de Cristo” (no original: “MOMENT OF CHRIST - New York: Continuum, 1998 - pp. 68-69)
 
 
S. Bento dizia aos seus monges: “mantenham sempre a morte sob o vosso olhar”. Não falamos muito de morte no mundo moderno. Mas o que toda a Tradição Cristã nos diz é que, se quisermos tornar-nos sábios, temos que aprender a lição de que não temos aqui “uma morada permanente”. Temos que escutar o que os sábios de épocas passadas e do presente nos dizem: para estarmos focados na vida, temos que ter a morte enfocada. Falar sobre a morte é difícil para os mundanos. De facto, a principal fantasia de grande parte do ambiente mundano baseia-se no ponto de vista totalmente oposto: não na sabedoria da nossa própria mortalidade, mas na pura fantasia de que somos imortais, para além da fragilidade física.
 
Mas a sabedoria que a tradição que S. Bento representa está em que a consciência da nossa fraqueza física nos permite ver também a nossa própria fragilidade espiritual. Há uma profunda consciência em todos nós, de facto tão profunda que está muitas vezes enterrada a maior parte do tempo, de que precisamos estabelecer contacto com a plenitude da vida e com a fonte da vida. Temos que estabelecer contacto com o poder de Deus e, de alguma forma, abrir os nossos próprios “vasos de barro” ao eterno amor de Deus, o amor que não pode ser extinto. [...]
  
Cada vez que nos sentamos para a meditação, entramos no eixo da morte e da ressurreição. Fazemo-lo porque na nossa meditação vamos além da nossa própria vida e das limitações da nossa vida, para o mistério de Deus. Descobrimos, cada um de nós a partir da sua própria experiência, que o mistério de Deus é o mistério do amor, amor infinito – amor que expulsa todo o medo.
 

 
Medite durante 25 minutos… Sente-se em silêncio e de costas direitas. Feche suavemente os olhos. Fique descontraído mas atento. Em silêncio, comece interiormente a dizer apenas a palavra-mantra “Maranatha”. Diga-a em quatro sílabas de igual cadência MA-RA-NA-THA. Oiça-a enquanto a pronuncia, serenamente e sem interrupção. Não pense nem imagine nada espiritual ou qualquer outra coisa. Quando surgirem outros pensamentos não ligue, volte simplesmente a dizer a palavra. Medite 20 a 30 minutos de manhã e fim do dia.



Depois da meditação… 
 
“Buda em Glória” – Rainer Maria Rilke, in “O Coração Iluminado” (no original: THE ENLIGHTENED HEART: An Anthology of Sacred Poetry, ed. S. Mitchell - New York: Harper, 1989 - p. 131)

Centro de todos os centros, cerne dos cernes,
amêndoa auto-fechada que vai ficando doce –
todo este universo, até às mais longínquas estrelas 
e mais além, é a tua carne, o teu fruto. 
 
Agora sentes como nada se agarra a ti;
a tua vasta concha chega até ao espaço sem fim,
e aí os ricos, espessos fluidos emergem e fluem.
Iluminadas na tua infinita paz,

um bilião de estrelas rodopiando atravessam a noite
brilhando bem alto sobre a tua cabeça.
Mas em ti está a presença que
há de ser, quando todas as estrelas estiverem mortas.


​
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal 
http://www.meditacaocrista.com/ 
https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal 

0 Comments

    WCCM Portugal

    A nossa missão:
    Divulgar e fomentar a prática da meditação cristã segundo os ensinamentos de 
    John Main no seio da tradição cristã, num espírito de serviço à união entre todos.


    Arquivos

    February 2018
    January 2018
    December 2017
    July 2017
    June 2017
    May 2017
    April 2017
    January 2017
    December 2016
    November 2016
    October 2016
    September 2016
    August 2016
    July 2016
    June 2016
    May 2016
    April 2016
    January 2016
    December 2015
    November 2015
    October 2015
    September 2015
    August 2015
    July 2015
    June 2015
    May 2015
    April 2015
    March 2015
    February 2015
    January 2015

    Leituras  -  anteriores
    Imagem
    Grupos  de   Meditação
    Sobre Meditação Cristã
    .       Como Meditar       .

    Categorias

    All

    RSS Feed

Powered by Create your own unique website with customizable templates.