
A paz não é alcançada arrancando pela raiz e destruindo o mal. Quando tomamos consciência dos nossos vícios – a ira, o orgulho, a ganância, a luxúria – a tentativa de destruí-los facilmente degenera num ódio a nós mesmos. No fim de contas, se não conseguirmos amar a nós mesmos, para quê tentar amar os outros? Melhor do que destruir as nossas faltas é trabalhar pacientemente para implantar as virtudes – um processo mais lento e menos dramático, mas muito mais eficaz. E, evitando os perigos da hipocrisia religiosa e do farisaísmo, cria uma personalidade mais agradável. Escondidas em todas as nossas faltas – a nossa capacidade para o mal - estão também as sementes de muitas virtudes. O terrorista poderá ter tido a semente da justiça em si, antes da sua raiva e do seu delírio de que era um instrumento da ira de Deus o terem tomado de assalto. Quando conduzimos uma guerra contra nós próprios (muitos dos grandes fanáticos religiosos foram pessoas que se autonegavam), corremos o risco de incorrer em enormes danos colaterais, pela destruição das nossas próprias sementes de virtude. Todo o tipo de violência é um crime contra a Humanidade porque priva o mundo duma bondade desconhecida.
O primeiro passo para implantar as virtudes que, por fim, irão vencer os vícios é estabelecer a verdade fundacional da oração profunda e regular. Através deste ritmo silencioso de oração, a sabedoria penetra lentamente na nossa mente e no nosso mundo. A sabedoria é a força universal que faz surgir o bem do mal. E, como diz o Livro da Sabedoria, “a esperança para a salvação do mundo reside no maior número de pessoas sábias”. Os sábios conhecem a distinção entre autoconhecimento e autofixação, entre desapego e dureza de coração, entre correcção e crueldade. Não há regras para a sabedoria. As regras nunca são universais. Mas a virtude é.
Medite durante 25 minutos… Sente-se em silêncio e de costas direitas. Feche suavemente os olhos. Fique descontraído mas atento. Em silêncio, comece interiormente a dizer apenas a palavra-mantra “Maranatha”. Diga-a em quatro sílabas de igual cadência MA-RA-NA-THA. Oiça-a enquanto a pronuncia, serenamente e sem interrupção. Não pense nem imagine nada espiritual ou qualquer outra coisa. Quando surgirem outros pensamentos não ligue, volte simplesmente a dizer a palavra. Medite 20 a 30 minutos de manhã e fim do dia.
Depois da meditação…
“Livro da Sabedoria” (7:21-30), in “Bíblia Sagrada” (Bíblia On-line Capuchinhos 2016-09-04)
21Conheci tudo o que está oculto ou manifesto,
pois a sabedoria, artífice de tudo, mo ensinou.
22Com efeito, há nela um espírito inteligente e santo,
único, múltiplo e subtil,
ágil, penetrante e puro,
límpido, invulnerável, amigo do bem e perspicaz,
23livre, benéfico e amigo dos homens,
estável, firme e sereno,
que tudo pode e tudo vê,
que penetra todos os espíritos,
os inteligentes, os puros e os mais subtis.
24A sabedoria é mais ágil que todo o movimento
e por sua pureza tudo atravessa e penetra.
25Ela é um sopro do poder de Deus,
uma irradiação pura da glória do Omnipotente,
pelo que nada de impuro entra nela.
26Ela é um reflexo da luz eterna,
um espelho imaculado da actividade de Deus
e uma imagem da sua bondade.
27Sendo uma só, tudo pode;
permanecendo em si mesma, tudo renova;
e, derramando-se nas almas santas de cada geração,
ela forma amigos de Deus e profetas,
28pois Deus só ama quem vive com a sabedoria.
29Ela é mais radiante que o Sol,
e supera todas as constelações;
comparada com a luz, sai vencedora,
30pois a luz dá lugar à noite,
mas sobre a sabedoria não prevalece o mal.
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
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