
(no original: “THE WAY OF UNKNOWING” - New York: Crossroad, 1990 - pp. 44-46)
Meditamos porque sabemos, com absoluta certeza, que temos que atravessar e passar além da nossa própria esterilidade. Temos que transcender a esterilidade do sistema fechado, duma mente puramente introspetiva. Sabemos, com uma cada vez maior clareza, que temos de passar para lá do isolamento para o amor. […] Quanto mais profundo for o grau de viragem sobre nós mesmos, mais complexo será o grau da nossa fixação na nossa própria autoconsciência. O resultado é como se estivéssemos aprisionados numa sala de espelhos, onde, constantemente, tomamos a imagem pela realidade. E tudo o que temos são imagens de nós mesmos. […]
Porque é que a meditação é tão diferente? […] [É diferente porque] todos nós temos que praticar um ato de fé, um ato total de abandono. Por outras palavras, comprometemo-nos plenamente com a meditação, e com o mantra como uma forma de largar a nossa autoconsciência. […] É neste ponto que a esterilidade é transformada em pobreza – uma pobreza que abraçamos totalmente – um estado de completa simplicidade, completa vulnerabilidade e completo abandono a Deus. E a autoconsciência dá lugar à consciência. Tornamo-nos conscientes do que está para além dos nossos próprios horizontes, do que é, do que Deus é: que Deus é amor. […] Vemos tudo banhado no infinito amor de Deus.
Medite durante 25 minutos… Sente-se em silêncio e de costas direitas. Feche ligeiramente os olhos. Fique descontraído mas atento. Em silêncio, comece interiormente a dizer apenas a palavra-mantra “Maranatha”. Diga-a em quatro sílabas de igual cadência MA-RA-NA-THA. Oiça-a enquanto a pronuncia, serenamente e sem interrupção. Não pense nem imagine nada espiritual ou qualquer outra coisa. Quando surgirem outros pensamentos não ligue, volte simplesmente a dizer a palavra. Medite 20 a 30 minutos de manhã e fim do dia.
Depois da meditação…
“O Artista” - Stanley Kunitz (”THE ARTIST” - New York: Norton 1995 - pp.63)
Os seus quadros tornavam-se mais escuros, de ano para ano.
Enchiam as paredes, enchiam a sala:
finalmente, encheram o seu mundo –
tudo menos o êxtase.
Quando as vozes se deixavam de ouvir, ele corria a escutar
a alma arranhada de Mozart
num rodopio sem fim.
Para a frente e para trás, para a frente e para trás,
calcorreava o chão emporcalhado por salpicos de tinta,
diminuindo de tamanho cada vez que se virava,
preso no seu vazio monumental,
clamando, como louco, contra os seus adversários.
Por fim, tomou uma faca nas mãos
e rasgou uma abertura para sair ele próprio
por entre as molduras do seu alto cenário.
Através dos buracos do seu esfarrapado universo,
a primeira inocência e a luz
vieram dentro derramar.
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