Os nossos pensamentos, medos, fantasias, esperanças, raivas e atracções estão sempre em ascensão e queda, a todo o momento. Identificamo-nos automaticamente com estes estados fugazes ou compulsivamente recorrentes, sem pensarmos no que estamos a pensar. Quando o silêncio nos ensina o quanto estes estados são realmente transitórios, confrontamo-nos com as terríveis perguntas sobre quem somos. No silêncio, temos de lutar com a terrível possibilidade da nossa própria não-realidade.
O pensamento budista faz desta experiência – a que chama “anatman” ou “não ser” – um dos pilares de sabedoria centrais no seu caminho para a libertação do sofrimento e um dos seus meios essenciais de iluminação. O praticante budista é encorajado a buscar este sentido de transitoriedade e, em vez de fugir dele, mergulhar de cabeça nele, tal como fez o Mestre Eckhart bem como outros grandes místicos cristãos.
Compreensivelmente, o “anatman” é o conceito budista com o qual os que não são budistas mais dificuldades sentem. Que absurdo, que terrível, que sacrilégio dizer que eu não existo! De facto, muito do antagonismo cristão face ao “anatman” é infundado ou baseado em interpretações erróneas. Ele não quer dizer que nós não existimos, mas que não existimos numa independência autónoma […].
Eu não existo por mim mesmo porque Deus é o terreno da minha existência. À luz desta visão, lemos as palavras de Jesus, no Novo Testamento, com uma percepção mais profunda. “Se alguém se quiser tornar Meu seguidor, tem que deixar para trás a sua vida; dia após dia, tem que pegar na sua cruz e vir comigo; mas quem perder a sua vida por Minha causa, salvá-la-á”. (Lc 9:23-24)
Medite durante 25 minutos… Sente-se em silêncio e de costas direitas. Feche ligeiramente os olhos. Fique descontraído mas atento. Em silêncio, comece interiormente a dizer apenas a palavra-mantra “Maranatha”. Diga-a em quatro sílabas de igual cadência MA-RA-NA-THA. Oiça-a enquanto a pronuncia, serenamente e sem interrupção. Não pense nem imagine nada espiritual ou qualquer outra coisa. Quando surgirem outros pensamentos não ligue, volte simplesmente a dizer a palavra. Medite 20 a 30 minutos de manhã e fim do dia.
Depois da meditação….
"O Dhammapada (O Caminho) – versos 276-279" – Ed. por Anne Bancroft (no original: ”THE DHAMMAPADA, “The Path” - Rockport, MA: Element, 1997 - p. 81.)
Tens que fazer o esforço, o único ponto desperto do caminho. Aqueles que entraram no caminho e que meditam libertam-se das grilhetas da ilusão.
Tudo está em mudança; surge e desaparece. Aquele que compreende isto é libertado do sofrimento. Este é o caminho brilhante.
Existir é conhecer o sofrimento. Compreende isto e serás libertado do sofrimento. Este é o caminho radiante.
Não existe um ser separado para sofrer. Quem compreende isto é livre. Este é o caminho da claridade.
Comunidade Mundial de Meditação Cristã - Portugal
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