Quaresma 2015 – Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor
Mc 14,1-15: E partindo o frasco derramou o perfume sobre a cabeça de Jesus
Os que cuidam dos moribundos dizem que o ingrediente mais importante numa boa morte é o sentido. E sentido quer dizer ligação. O sentido de pertença, de estar ligado a outro ou à alteridade em si.
O sentido é mais do que explicação. Explicações e dogmas soam a vazio nesses momentos de encontro inevitável com a realidade. (Como fazemos seja o que for para fugir à realidade!). Nesses momentos encontramo-nos completamente indefesos e expostos perante o tribunal da realidade. O conceito vira verdade e gostaríamos de fugir dela para o mais longe possível.
É a sua totalidade que importa e isto torna a Paixão de Cristo tão absoluta e tão digna de ser um portal para toda a humanidade de acesso à realidade absoluta, indiferenciada e dura. Então somos conduzidos a uma forma de experiência tão fora da nossa zona de conforto e de familiaridade que não podemos nem explicá-la nem controlá-la.
Ela apenas acontece – uma perda ou uma desilusão devastadora, uma reviravolta nas expetativas, nos sonhos, bem, em tudo. Nessas alturas a nossa única defesa é o nosso sentimento de impotência. Porque é a única coisa que existe, a coisa mais autêntica com que nos podemos identificar. Não é só a nossa fraqueza, mas também a nossa aceitação da nossa fraqueza, que demonstram – contra todas as probabilidades - serem a nossa força e resiliência. Isto transporta-nos do universo do ego – que é um reflexo e uma falsa representação da realidade – para outro mundo.
Mas como é que nos podemos refugiar no desamparo?
Um sinal manifesta-se. Uma mulher de reputação duvidosa parte um frasco e desperdiça um unguento e derrama-o sobre a nossa cabeça. No outro mundo poderia ter sido vendido e o dinheiro usado para promover o desenvolvimento sustentado de uma organização. Mas neste mundo torna-se um símbolo. Diz-nos que quebrar pode ser curar. Que sacrifício pode querer dizer homenagem. Que o que parece um gesto fútil pode mudar por completo a perceção de alguém com olhos para ver.
Hoje começamos a penetrar naquilo para que os quarenta dias no deserto nos têm vindo a preparar.
Ao princípio a meditação torna-nos mais dolorosamente conscientes de todos os meios de que o ego se serve para sequestrar as nossas reações e controlar as nossas decisões. Depois a meditação torna-nos conscientes de que podemos mudar os nossos padrões aprisionantes e refazer toda a ligação do sistema ego. Então começamos a ver como é que isto funciona.
Qual foi a última vez em que alguém derramou um unguento precioso na sua cabeça? Como disse Rumi: Você é um sinal, e é alguém em busca de um sinal; não há melhor sinal do que alguém em busca de um sinal.
Com amor,
Laurence
WCCM Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
Site: www.meditacaocrista.com
Facebook: https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal
Mc 14,1-15: E partindo o frasco derramou o perfume sobre a cabeça de Jesus
Os que cuidam dos moribundos dizem que o ingrediente mais importante numa boa morte é o sentido. E sentido quer dizer ligação. O sentido de pertença, de estar ligado a outro ou à alteridade em si.
O sentido é mais do que explicação. Explicações e dogmas soam a vazio nesses momentos de encontro inevitável com a realidade. (Como fazemos seja o que for para fugir à realidade!). Nesses momentos encontramo-nos completamente indefesos e expostos perante o tribunal da realidade. O conceito vira verdade e gostaríamos de fugir dela para o mais longe possível.
É a sua totalidade que importa e isto torna a Paixão de Cristo tão absoluta e tão digna de ser um portal para toda a humanidade de acesso à realidade absoluta, indiferenciada e dura. Então somos conduzidos a uma forma de experiência tão fora da nossa zona de conforto e de familiaridade que não podemos nem explicá-la nem controlá-la.
Ela apenas acontece – uma perda ou uma desilusão devastadora, uma reviravolta nas expetativas, nos sonhos, bem, em tudo. Nessas alturas a nossa única defesa é o nosso sentimento de impotência. Porque é a única coisa que existe, a coisa mais autêntica com que nos podemos identificar. Não é só a nossa fraqueza, mas também a nossa aceitação da nossa fraqueza, que demonstram – contra todas as probabilidades - serem a nossa força e resiliência. Isto transporta-nos do universo do ego – que é um reflexo e uma falsa representação da realidade – para outro mundo.
Mas como é que nos podemos refugiar no desamparo?
Um sinal manifesta-se. Uma mulher de reputação duvidosa parte um frasco e desperdiça um unguento e derrama-o sobre a nossa cabeça. No outro mundo poderia ter sido vendido e o dinheiro usado para promover o desenvolvimento sustentado de uma organização. Mas neste mundo torna-se um símbolo. Diz-nos que quebrar pode ser curar. Que sacrifício pode querer dizer homenagem. Que o que parece um gesto fútil pode mudar por completo a perceção de alguém com olhos para ver.
Hoje começamos a penetrar naquilo para que os quarenta dias no deserto nos têm vindo a preparar.
Ao princípio a meditação torna-nos mais dolorosamente conscientes de todos os meios de que o ego se serve para sequestrar as nossas reações e controlar as nossas decisões. Depois a meditação torna-nos conscientes de que podemos mudar os nossos padrões aprisionantes e refazer toda a ligação do sistema ego. Então começamos a ver como é que isto funciona.
Qual foi a última vez em que alguém derramou um unguento precioso na sua cabeça? Como disse Rumi: Você é um sinal, e é alguém em busca de um sinal; não há melhor sinal do que alguém em busca de um sinal.
Com amor,
Laurence
WCCM Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
Site: www.meditacaocrista.com
Facebook: https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal