
Domingo da 3ª Semana da Quaresma
O Evangelho para este terceiro (meio-caminho) Domingo da Quaresma é de Lucas 13:1-9. Dá-nos um vislumbre de Jesus, habitante do Médio Oriente. Os cristãos mais frágeis deveriam ignorar isto porque o ensinamento de Jesus aqui é uma palavra dura. E os não-cristãos têm de o ler cuidadosamente ou vão achar a sua linguagem intolerante. Com passagens como esta, acho sempre (mas, claro, não posso provar) que foram aqueles que transmitiram o ensinamento ou uma falha na tradução que foram os responsáveis por esta dureza. Tenho a certeza de que Jesus nem sempre era fácil de ouvir e que as suas palavras podiam ser cortantes, mas a marca de rejeição, exclusão e castigo cruel parece-me estranha à sua personalidade, apesar de ser algo de comum no seu tempo e na sua cultura.
Ele diz ‘se não vos arrependerdes, perecereis todos do mesmo modo’, referindo-se a vários grupos que tinham sido mortos pelos romanos ou morrido de desastres naturais. Se entendemos o significado de arrependimento podemos ver o que Ele está a dizer. Há morte e desastre quando o coração permanece fechado à verdade e endurecido em relação aos outros. A pessoa humana não pode sobreviver e auto destrói-se quando falha em mudar, quando falha em admitir que é humana, falível e imperfeita. Quando a imagem (persona) pública da perfeição ou capacidade de atração se torna a nossa autoconsciência atual, perdemos a nossa alma. Então aqui Jesus está simplesmente a colocar um ponto, algo que ele já fez noutro sítio, de um modo gráfico. Ele é um grande mestre e, com o seu estilo, atrai a nossa atenção.
E também ensinou por parábolas, histórias simples, elípticas, com uma medida de sabedoria adaptável às diversas mentes dos seus ouvintes. Esta parábola é sobre uma figueira que não dá frutos e é condenada por apenas exaurir o solo e ocupar um espaço onde poderia ser plantada uma árvore boa. O proprietário diz ao jardineiro para a cortar, mas o jardineiro implora, com sucesso, que lhe seja dado mais um ano para ver se se salva. Apesar de tudo, podemos imaginar quanto trabalho ela já lhe teria dado. Na tradição, Jesus é descrito muitas vezes como (e houve uma vez que O confundiram com um) um jardineiro. Então aqui poderíamos identificar Jesus com o jardineiro, a ganhar tempo para as formas de vida que amava. O proprietário podia ser visto como karma, a lei cósmica, fria e implacável, de causa e efeito. No entanto, não é o julgamento final já que a lei pode ser anulada e dissolvida pelo poder superior do perdão.
Como sempre não sabemos o fim da história – o jardineiro salvou a árvore tornando-a fecunda? Não nos dizem o que acontece a seguir, porque somos nós que fornecemos o fim à história desde que sejamos capazes de compreender a sabedoria que ela encerra e agir de acordo com ela. Então a história até se torna bastante reconfortante. Temos mais tempo (mais três semanas de Quaresma). Ver as consequências da falta de arrependimento, de não se ser fecundo, de não crescer como deveríamos, é preocupante, mesmo aterrador. Mas há um poder maior que o destino, maior do que nós pensamos merecer, a trabalhar para nós, do nosso lado. Imaginem o que é que o jardineiro estaria a dizer à figueira ao pôr mais fertilizante à volta dela e ao apará-la amorosamente.
Então, apesar de tudo, talvez o evangelho de hoje não seja tão restritivo como pensei que era antes.
Com amor,
Laurence
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
http://www.meditacaocrista.com/
https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal
O Evangelho para este terceiro (meio-caminho) Domingo da Quaresma é de Lucas 13:1-9. Dá-nos um vislumbre de Jesus, habitante do Médio Oriente. Os cristãos mais frágeis deveriam ignorar isto porque o ensinamento de Jesus aqui é uma palavra dura. E os não-cristãos têm de o ler cuidadosamente ou vão achar a sua linguagem intolerante. Com passagens como esta, acho sempre (mas, claro, não posso provar) que foram aqueles que transmitiram o ensinamento ou uma falha na tradução que foram os responsáveis por esta dureza. Tenho a certeza de que Jesus nem sempre era fácil de ouvir e que as suas palavras podiam ser cortantes, mas a marca de rejeição, exclusão e castigo cruel parece-me estranha à sua personalidade, apesar de ser algo de comum no seu tempo e na sua cultura.
Ele diz ‘se não vos arrependerdes, perecereis todos do mesmo modo’, referindo-se a vários grupos que tinham sido mortos pelos romanos ou morrido de desastres naturais. Se entendemos o significado de arrependimento podemos ver o que Ele está a dizer. Há morte e desastre quando o coração permanece fechado à verdade e endurecido em relação aos outros. A pessoa humana não pode sobreviver e auto destrói-se quando falha em mudar, quando falha em admitir que é humana, falível e imperfeita. Quando a imagem (persona) pública da perfeição ou capacidade de atração se torna a nossa autoconsciência atual, perdemos a nossa alma. Então aqui Jesus está simplesmente a colocar um ponto, algo que ele já fez noutro sítio, de um modo gráfico. Ele é um grande mestre e, com o seu estilo, atrai a nossa atenção.
E também ensinou por parábolas, histórias simples, elípticas, com uma medida de sabedoria adaptável às diversas mentes dos seus ouvintes. Esta parábola é sobre uma figueira que não dá frutos e é condenada por apenas exaurir o solo e ocupar um espaço onde poderia ser plantada uma árvore boa. O proprietário diz ao jardineiro para a cortar, mas o jardineiro implora, com sucesso, que lhe seja dado mais um ano para ver se se salva. Apesar de tudo, podemos imaginar quanto trabalho ela já lhe teria dado. Na tradição, Jesus é descrito muitas vezes como (e houve uma vez que O confundiram com um) um jardineiro. Então aqui poderíamos identificar Jesus com o jardineiro, a ganhar tempo para as formas de vida que amava. O proprietário podia ser visto como karma, a lei cósmica, fria e implacável, de causa e efeito. No entanto, não é o julgamento final já que a lei pode ser anulada e dissolvida pelo poder superior do perdão.
Como sempre não sabemos o fim da história – o jardineiro salvou a árvore tornando-a fecunda? Não nos dizem o que acontece a seguir, porque somos nós que fornecemos o fim à história desde que sejamos capazes de compreender a sabedoria que ela encerra e agir de acordo com ela. Então a história até se torna bastante reconfortante. Temos mais tempo (mais três semanas de Quaresma). Ver as consequências da falta de arrependimento, de não se ser fecundo, de não crescer como deveríamos, é preocupante, mesmo aterrador. Mas há um poder maior que o destino, maior do que nós pensamos merecer, a trabalhar para nós, do nosso lado. Imaginem o que é que o jardineiro estaria a dizer à figueira ao pôr mais fertilizante à volta dela e ao apará-la amorosamente.
Então, apesar de tudo, talvez o evangelho de hoje não seja tão restritivo como pensei que era antes.
Com amor,
Laurence
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
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