
Quinta-feira depois da Cinzas
Os cristãos não são os únicos a ter uma época especial para desenvolvimento espiritual. Os monges budistas, especialmente os da corrente Theravada, têm o Vassa, quando, por causa das chuvas da monção, prescindem das suas deambulações e ficam em casa durante três meses. Os monges dedicam mais tempo à meditação, ao estudo e ao ensino dos mais novos. Também os leigos intensificam as suas práticas espirituais e as boas obras (incluindo alimentar os monges).
Os muçulmanos respeitam o Ramadão, o mês em que o Corão foi transmitido, não comendo nem bebendo entre o nascer e o pôr-do-sol. O objectivo é renovar o seu foco na oração. Tentam recitar o Corão todo, mas também evitar a ira e a maldade. Ao comerem menos, aumentam o seu alimento espiritual.
Os ocidentais secularizados evitam o ângulo religioso com motivos menos transcendentes, mas, durante um determinado período, podem estar de dieta, inscrever-se num curso ou ir ao ginásio.
Os cristãos sentem-se inspirados pela simbologia bíblica do deserto enquanto lugar de purificação, de redução ao essencial e de encontro com Deus. Dura 40 dias (46 se incluirmos os domingos em que alguns pensam que não é apropriada qualquer prática quaresmal, já que, sendo o dia da Ressurreição, deve sempre ser celebrado). É uma preparação para o Mistério Pascal, de modo a que a pessoa possa entrar na Páscoa de forma mais consciente e proveitosa. É também uma imitação dos quarenta dias (um número completo) que Jesus passou no deserto, foi tentado com o orgulho, o poder e a auto-suficiência em diversos assaltos do ego, mas emergiu robustecido, clarificado e preparado para a missão da Sua vida.
Numa cultura de celebridade, idolatramos aqueles que criam uma auto-imagem pública única, que os torna a inveja das massas. As personalidades do desporto, os actores e as estrelas do rock exemplificam o objectivo de se destacar na multidão por forma a que esta possa imitar o seu estilo e até mesmo as suas ideias. A celebridade é, assim, uma armadilha autocontraditória, imitando o imitável.
As pessoas espiritualmente exemplares não são celebridades, tanto porque não têm qualquer interesse na fama como porque ficam felizes por serem imitadas e ultrapassadas. São sábios – sábios exploradores que vivem em harmonia com o seu ambiente e têm o bem dos outros com a sua primeira prioridade. Jesus expressa assim esta forma de viver: “Eu vim, não para julgar o mundo, mas para curá-lo. Vim para que pudésseis ter a vida em plenitude.” Não estão virados para si mesmos, observando o seu próprio desempenho ou controlando as suas classificações. Ensinam-nos pelo altamente consciente exemplo inconsciente que é alma do altruísmo.
O peregrino quaresmal deveria ficar feliz por imitar um tal mestre e, desse modo, pôr de lado os obstáculos, apegos e maus hábitos que o retêm. Seguir o ensinamento de Jesus, no que respeita à interioridade e ao Seu frequente afastamento da actividade para a contemplação, do mercado para o deserto, é o que está implícito nas disciplinas quaresmais que escolhemos e, especialmente, no pulsar duplo da meditação diária.
Com amor
Laurence
Comunidade Mundial de Meditação Cristã - Portugal
http://www.meditacaocrista.com/
https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal
Os cristãos não são os únicos a ter uma época especial para desenvolvimento espiritual. Os monges budistas, especialmente os da corrente Theravada, têm o Vassa, quando, por causa das chuvas da monção, prescindem das suas deambulações e ficam em casa durante três meses. Os monges dedicam mais tempo à meditação, ao estudo e ao ensino dos mais novos. Também os leigos intensificam as suas práticas espirituais e as boas obras (incluindo alimentar os monges).
Os muçulmanos respeitam o Ramadão, o mês em que o Corão foi transmitido, não comendo nem bebendo entre o nascer e o pôr-do-sol. O objectivo é renovar o seu foco na oração. Tentam recitar o Corão todo, mas também evitar a ira e a maldade. Ao comerem menos, aumentam o seu alimento espiritual.
Os ocidentais secularizados evitam o ângulo religioso com motivos menos transcendentes, mas, durante um determinado período, podem estar de dieta, inscrever-se num curso ou ir ao ginásio.
Os cristãos sentem-se inspirados pela simbologia bíblica do deserto enquanto lugar de purificação, de redução ao essencial e de encontro com Deus. Dura 40 dias (46 se incluirmos os domingos em que alguns pensam que não é apropriada qualquer prática quaresmal, já que, sendo o dia da Ressurreição, deve sempre ser celebrado). É uma preparação para o Mistério Pascal, de modo a que a pessoa possa entrar na Páscoa de forma mais consciente e proveitosa. É também uma imitação dos quarenta dias (um número completo) que Jesus passou no deserto, foi tentado com o orgulho, o poder e a auto-suficiência em diversos assaltos do ego, mas emergiu robustecido, clarificado e preparado para a missão da Sua vida.
Numa cultura de celebridade, idolatramos aqueles que criam uma auto-imagem pública única, que os torna a inveja das massas. As personalidades do desporto, os actores e as estrelas do rock exemplificam o objectivo de se destacar na multidão por forma a que esta possa imitar o seu estilo e até mesmo as suas ideias. A celebridade é, assim, uma armadilha autocontraditória, imitando o imitável.
As pessoas espiritualmente exemplares não são celebridades, tanto porque não têm qualquer interesse na fama como porque ficam felizes por serem imitadas e ultrapassadas. São sábios – sábios exploradores que vivem em harmonia com o seu ambiente e têm o bem dos outros com a sua primeira prioridade. Jesus expressa assim esta forma de viver: “Eu vim, não para julgar o mundo, mas para curá-lo. Vim para que pudésseis ter a vida em plenitude.” Não estão virados para si mesmos, observando o seu próprio desempenho ou controlando as suas classificações. Ensinam-nos pelo altamente consciente exemplo inconsciente que é alma do altruísmo.
O peregrino quaresmal deveria ficar feliz por imitar um tal mestre e, desse modo, pôr de lado os obstáculos, apegos e maus hábitos que o retêm. Seguir o ensinamento de Jesus, no que respeita à interioridade e ao Seu frequente afastamento da actividade para a contemplação, do mercado para o deserto, é o que está implícito nas disciplinas quaresmais que escolhemos e, especialmente, no pulsar duplo da meditação diária.
Com amor
Laurence
Comunidade Mundial de Meditação Cristã - Portugal
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