
Quarta-feira da 3ª Semana da Quaresma
´’É um caminho estreito que conduz à vida e poucos são aqueles que o encontram’’. Como o símbolo cristão da pobreza de espírito ou o conceito de vazio dos budistas, a estreiteza, ao princípio, não parece ser muito atraente. Associamo-la à constrição, um cerceamento da nossa liberdade de movimento, e, intelectualmente, com pontos de vista antiquados e preconceituosos. Então, o que tem de bom um caminho estreito?
Em primeiro lugar, é realista. Quando tiramos uma fotografia em ‘close-up’, encurtamos a distância que vai da máquina ao sujeito, fazendo zoom o mais perto possível. Aproximamo-nos, assim, do sujeito mesmo que estejamos longe dele fisicamente. Se estamos interessados numa foto panorâmica temos, na mesma, que focar a lente em qualquer coisa, mas o que ganhamos em amplitude perdemos em intimidade. Um caminho estreito é um bom símbolo porque sugere o estar-se só, o que significa a singularidade de um encontro pessoal e não isolamento ou solidão. Num caminho estreito que fazemos com outros podemos seguir numa fila única, mas, ainda assim, sentimo-nos acompanhados.
A meditação é um caminho estreito – solitário e em modo zoom, focado totalmente no mantra. Mas depois da meditação, quando voltamos às autoestradas da vida, diminuímos o zoom e todo o contexto se torna aparente – ou, pelo menos, tanto quanto se pode ver do todo. O panorama torna-se mais nítido e focado por causa do tempo gasto em ‘close-up’.
Quando olhamos para uma vista panorâmica procuramos, intuitivamente, objetos ou ângulos onde nos possamos focar e que organizam, dão sentido, a esse grande espaço. O tempo que passamos no caminho estreito não é alheio às estradas movimentadas da vida. De facto, com prática suficiente, não perdemos a atenção ‘close up’ dos tempos de meditação, mesmo que estejamos de novo imersos na atividade e na interação. Esta capacidade de manter a dualidade do foco – estar imóvel no seio da ação, estar silencioso no meio da comunicação – é ao que Jesus se refere como ‘uma única coisa necessária’, quando Ele está a consolar a apoquentada Marta.
O caminho estreito conduz à vida bem vivida, a fila única conduz à comunhão, a vista zoom a um panorama cósmico. E ‘poucos são aqueles que o encontram?’ Isto não significa que só uns poucos escolhidos é que lhe têm acesso, mas que são poucos os que dão espaço e tempo dos seus dias para o descobrirem. Alguém que como Jesus o descobriu tem pena de que não haja mais gente a fazê-lo.
A Quaresma serve especialmente para isso, aprofundar o conhecimento do caminho estreito.
Com amor,
Laurence
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
http://www.meditacaocrista.com/
https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal
´’É um caminho estreito que conduz à vida e poucos são aqueles que o encontram’’. Como o símbolo cristão da pobreza de espírito ou o conceito de vazio dos budistas, a estreiteza, ao princípio, não parece ser muito atraente. Associamo-la à constrição, um cerceamento da nossa liberdade de movimento, e, intelectualmente, com pontos de vista antiquados e preconceituosos. Então, o que tem de bom um caminho estreito?
Em primeiro lugar, é realista. Quando tiramos uma fotografia em ‘close-up’, encurtamos a distância que vai da máquina ao sujeito, fazendo zoom o mais perto possível. Aproximamo-nos, assim, do sujeito mesmo que estejamos longe dele fisicamente. Se estamos interessados numa foto panorâmica temos, na mesma, que focar a lente em qualquer coisa, mas o que ganhamos em amplitude perdemos em intimidade. Um caminho estreito é um bom símbolo porque sugere o estar-se só, o que significa a singularidade de um encontro pessoal e não isolamento ou solidão. Num caminho estreito que fazemos com outros podemos seguir numa fila única, mas, ainda assim, sentimo-nos acompanhados.
A meditação é um caminho estreito – solitário e em modo zoom, focado totalmente no mantra. Mas depois da meditação, quando voltamos às autoestradas da vida, diminuímos o zoom e todo o contexto se torna aparente – ou, pelo menos, tanto quanto se pode ver do todo. O panorama torna-se mais nítido e focado por causa do tempo gasto em ‘close-up’.
Quando olhamos para uma vista panorâmica procuramos, intuitivamente, objetos ou ângulos onde nos possamos focar e que organizam, dão sentido, a esse grande espaço. O tempo que passamos no caminho estreito não é alheio às estradas movimentadas da vida. De facto, com prática suficiente, não perdemos a atenção ‘close up’ dos tempos de meditação, mesmo que estejamos de novo imersos na atividade e na interação. Esta capacidade de manter a dualidade do foco – estar imóvel no seio da ação, estar silencioso no meio da comunicação – é ao que Jesus se refere como ‘uma única coisa necessária’, quando Ele está a consolar a apoquentada Marta.
O caminho estreito conduz à vida bem vivida, a fila única conduz à comunhão, a vista zoom a um panorama cósmico. E ‘poucos são aqueles que o encontram?’ Isto não significa que só uns poucos escolhidos é que lhe têm acesso, mas que são poucos os que dão espaço e tempo dos seus dias para o descobrirem. Alguém que como Jesus o descobriu tem pena de que não haja mais gente a fazê-lo.
A Quaresma serve especialmente para isso, aprofundar o conhecimento do caminho estreito.
Com amor,
Laurence
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
http://www.meditacaocrista.com/
https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal