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Reflexões para a            
Quaresma 2016              ​

por: La​urence Freeman OSB                                                    

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Quinta-feira da 1ª Semana da Quaresma

20/2/2016

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Quinta-feira da 1ª Semana

Nos ensinamentos espirituais, estamos habituados a ouvir dizer que o desejo, todo o desejo, precisa de ser transcendido. Podemos aceitar isto já que faz algum sentido. Mas também adiamos o dia fatídico em que iremos realmente transcendê-lo e cair no chão, sem desejos, como um trapo mole ou um saco vazio. “Senhor, faz-me casto” – assim orava Santo Agostinho – “mas não já”.

Porém, se tivermos assumido uma prática quaresmal de autorenúncia, mesmo que seja muito pequena, estaremos em posição para melhor compreender este ensinamento sobre o desejo. Se estivermos consumidos pelo consumismo da nossa cultura, assumindo, sem pensar, que todos os desejos devem ser satisfeitos, pelo menos se forem legais, poderemos não estar ainda preparados para compreender o que a tradição espiritual realmente ensina sobre o desejo. Sentiremos ainda que a meditação serve para preencher todos os nossos desejos e que devíamos verificar a garantia quando ela não o faz.

Um escritor místico do séc. V, o Pseudo-Dionísio, descrevia Deus como o objeto da ânsia, desejo ardente (usava a palavra eros), que está presente em todas as coisas, de retornar à sua fonte (que é Deus). Acrescentava que Deus é também a própria ânsia. Será que isto não nos proporciona uma abordagem melhor e mais desejável à ideia de transcender o desejo? Sugere que, em vez de esmagar todo o desejo, simplesmente para o caso de ele nos poder trazer prazer e satisfação, devíamos examinar o que é que verdadeiramente desejamos e porquê.

Os desejos que precisamos de abandonar são os que são versões pirateadas da coisa verdadeira. Temos também que expulsar as falsas sublimações do eros divino. O desejo que, de facto, está entranhado nas mais profundas estruturas do nosso “eu” é uma ânsia benigna. Não é do tipo que leva à exploração, à possessividade e à luxúria, que persegue a auto-satisfação desenfreada a qualquer custo. É transcendente e porém, é profundamente interior. Passa facilmente do conhecimento para o não conhecimento.

Temos que ser capazes de detetar o complexo de falsos desejos que realmente bloqueia o nosso desejo real por Deus (isto é, por plenitude de amor) e que também nos impede de ver que o desejo por Deus é o desejo de Deus (por nós). Se este discernimento pudesse ser fornecido como uma fórmula ou como uma definição, não necessitaríamos de meditar nem sequer de ser humanos.

De facto, é o tipo de perceção que surge do silêncio profundo e então viaja através de todos os reinos do nosso ser, transformando tudo de que abrimos mão ao fazermos a viagem para o silêncio. 


Com amor,
Laurence

Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal 
http://www.meditacaocrista.com/ 
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    Tentem absorver uma das Bem-Aventuranças, após cada meditação no decorrer da Semana Santa.
    (Laurence Freeman,
    in Quinta-feira da 5ª Semana da Quaresma 2016)
    O Evangelho do dia:
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    ​Se ainda não decidiu o que “fazer para a Quaresma”, pode considerar fazer uma prática com três vertentes:
    1) renunciar ou reduzir algum tipo de consumo, seja de comida, de bebida ou de hábitos digitais;
    2) melhorar a sua prática de meditação matinal e de fim de dia ou adicionar uma pausa a meio do dia;
    ​3) comprometer-se com um melhor ritmo de vida e substituir uma distracção desnecessária (a maior parte de nós tem várias) por uma actividade criativa e refrescante, seja física, de leitura ou musical.
    (Laurence Freeman, in Quarta-feira de Cinzas 2016)

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