
Sábado da 4ª Semana
Quando encontramos essa escuridão espessa e sem amor em nós, tornamo-nos estranhos para nós próprios. É ainda pior do que naquelas alturas em que a escuridão, como um denso banco de nevoeiro, rola sobre nós a partir do exterior, sob a forma de cruéis acidentes ou doenças súbitas. O sentimento de autoalienação irrompe do interior como uma terrível descoberta, como se, num filme de terror, descobríssemos uma força viva e hostil na cave da nossa própria casa.
Quando uma pessoa jovem e saudável é diagnosticada com uma doença potencialmente fatal, o mundo, para ela, muda em segundos. Mesmo antes do médico pronunciar as palavras funestas, o seu olhar de empatia, um momento de contacto olhos nos olhos delata a mensagem prestes a ser transmitida. A pessoa com possibilidades sem limite tornou-se, agora, um doente, um objeto de pesquisa, de exames e de observação, às vezes também um objeto de estranha piedade. Um círculo de defesa à sua volta aparece de repente. O sentido do eu é radicalmente alterado. Busca a mão do cônjuge ou de alguém querido para se certificar de que ainda ali está, que algo do seu mundo permaneceu e que o assalto sobre si ainda não foi total.
É ainda pior quando a confrontação com o que é estranho vem de dentro. É mais do que encontrar a nossa própria sombra, que, no passado, já tínhamos conhecido ou entrevisto por breves momentos. Isto é meramente o outro lado de nós mesmos, a biografia não oficial, o eu que não cumpre os detalhes pessoais do eu público. O cônjuge fiel atraído para a infidelidade. O prelado eclesiástico com um desejo lascivo por dinheiro. A dona de casa com um problema ligado ao jogo, que vai para o casino depois de deixar as crianças na escola. As sombras podem ser mais ou menos escuras. Às vezes, são meramente risíveis.
Mas têm que ser notadas e reconhecidas e a época da Quaresma deveria ter-nos dado oportunidades de o fazer. O autocontrolo quaresmal e o dizer não aos nossos desejos deveria ter aberto um espaço cheio de luz para que a sombra se mostre. Não há sombra sem luz. Não há sombra sem um objeto que bloqueie a luz.
Mas a própria escuridão, encontrada dentro de nós próprios, é um mistério mais profundo e toca o medo mais primário. Por nós mesmos, somos fracos guerreiros. Normalmente, viramo-nos e fugimos. Precisamos dum líder de luz que possa engolir as trevas e expirar a luz.
Com amor,
Laurence
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
http://www.meditacaocrista.com/
https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal
Quando encontramos essa escuridão espessa e sem amor em nós, tornamo-nos estranhos para nós próprios. É ainda pior do que naquelas alturas em que a escuridão, como um denso banco de nevoeiro, rola sobre nós a partir do exterior, sob a forma de cruéis acidentes ou doenças súbitas. O sentimento de autoalienação irrompe do interior como uma terrível descoberta, como se, num filme de terror, descobríssemos uma força viva e hostil na cave da nossa própria casa.
Quando uma pessoa jovem e saudável é diagnosticada com uma doença potencialmente fatal, o mundo, para ela, muda em segundos. Mesmo antes do médico pronunciar as palavras funestas, o seu olhar de empatia, um momento de contacto olhos nos olhos delata a mensagem prestes a ser transmitida. A pessoa com possibilidades sem limite tornou-se, agora, um doente, um objeto de pesquisa, de exames e de observação, às vezes também um objeto de estranha piedade. Um círculo de defesa à sua volta aparece de repente. O sentido do eu é radicalmente alterado. Busca a mão do cônjuge ou de alguém querido para se certificar de que ainda ali está, que algo do seu mundo permaneceu e que o assalto sobre si ainda não foi total.
É ainda pior quando a confrontação com o que é estranho vem de dentro. É mais do que encontrar a nossa própria sombra, que, no passado, já tínhamos conhecido ou entrevisto por breves momentos. Isto é meramente o outro lado de nós mesmos, a biografia não oficial, o eu que não cumpre os detalhes pessoais do eu público. O cônjuge fiel atraído para a infidelidade. O prelado eclesiástico com um desejo lascivo por dinheiro. A dona de casa com um problema ligado ao jogo, que vai para o casino depois de deixar as crianças na escola. As sombras podem ser mais ou menos escuras. Às vezes, são meramente risíveis.
Mas têm que ser notadas e reconhecidas e a época da Quaresma deveria ter-nos dado oportunidades de o fazer. O autocontrolo quaresmal e o dizer não aos nossos desejos deveria ter aberto um espaço cheio de luz para que a sombra se mostre. Não há sombra sem luz. Não há sombra sem um objeto que bloqueie a luz.
Mas a própria escuridão, encontrada dentro de nós próprios, é um mistério mais profundo e toca o medo mais primário. Por nós mesmos, somos fracos guerreiros. Normalmente, viramo-nos e fugimos. Precisamos dum líder de luz que possa engolir as trevas e expirar a luz.
Com amor,
Laurence
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
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