
Quarta-feira da Segundo Semana
A história do Êxodo - a fuga dos hebreus à escravatura no Egipto, os seus quarenta anos vagueando no deserto e a sua entrada final na “Terra Prometida” - é um dos grandes mitos da Humanidade. Embora não exista qualquer registo histórico dela, tem sido uma potente história contada ao longo de muitas gerações. Ela subjaz à fundação do Estado de Israel, após o Holocausto, e tem inspirado muitas interpretações místicas na Fé Cristã. A Quaresma é um tempo em que ela é recontada e reinterpretada, à luz da experiência do presente.
Em muitas ocasiões, no seu percurso pelo deserto, os hebreus rebelaram-se contra o seu líder Moisés. Queixavam-se das condições que tinham de suportar. “Porque é que não nos deixaste sossegados na escravidão quando nela podíamos comer, beber e ver Netflix quando queríamos? Não era perfeito, mas era melhor do que esta liberdade.” Moisés respondeu: Bem, não me culpem a mim, culpem o Senhor vosso Deus. Foi ideia d’Ele e vocês concordaram.
Poderíamos esperar que o Senhor nosso Deus mandasse um raio sobre o Seu povo pela sua falta de fé e pela sua insubordinação. Em vez disso, Ele disse a Moisés que faria chover pão do céu (o seu pão de cada dia). Haverá que chegue para todos e, no Shabat, haverá uma porção dupla para cada um. O propósito desta generosidade, acrescenta Ele, é, não o mantê-los calados, mas testá-los para ver se conseguem segui-Lo melhor no futuro. Deus está lhes dando o que precisam - e um bónus - não para os tratar como crianças mimadas (que é como se estavam a comportar), mas para os ensinar. Somos melhor ensinados quando somos surpreendidos pelo amor enquanto esperamos e sentimos que merecemos ser castigados.
Não é assim que o nosso ego pensa. E portanto, não é o modo como age a nossa imagem de Deus, porque cada imagem ou ideia de Deus que temos é, em certo grau, um falso deus. Temos de ser surpreendidos - e des-iludidos - para vermos a verdade.
Na história (Êxodo 16), a esta altura, Deus envia uma porção diária de carne, sob a forma de codornizes. Deus diz que cada pessoa tem de recolher o que precisa, de acordo com o tamanho da sua família. Isto significava que os que recolhiam menos e os que recolhiam mais ficavam igualmente satisfeitos. Qualquer pessoa que conheça a história da Multiplicação dos Pães, nos Evangelhos, verá uma ressonância com esta história. Ela sublinha a Refeição Eucarística como um símbolo de unidade e justiça para todos.
O princípio da igualdade e justiça é o segredo do contentamento. Sem contentamento perdemos o sentido de proporção e de justiça e somos consumidos pelas ilusões da ganância.
Laurence
Reflexões para a Quaresma 2021 - LAURENCE FREEMAN OSB
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
Site: http://www.meditacaocrista.com/
Facebook: https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal
YouTube: https://www.youtube.com/user/meditacaocristaTv
A história do Êxodo - a fuga dos hebreus à escravatura no Egipto, os seus quarenta anos vagueando no deserto e a sua entrada final na “Terra Prometida” - é um dos grandes mitos da Humanidade. Embora não exista qualquer registo histórico dela, tem sido uma potente história contada ao longo de muitas gerações. Ela subjaz à fundação do Estado de Israel, após o Holocausto, e tem inspirado muitas interpretações místicas na Fé Cristã. A Quaresma é um tempo em que ela é recontada e reinterpretada, à luz da experiência do presente.
Em muitas ocasiões, no seu percurso pelo deserto, os hebreus rebelaram-se contra o seu líder Moisés. Queixavam-se das condições que tinham de suportar. “Porque é que não nos deixaste sossegados na escravidão quando nela podíamos comer, beber e ver Netflix quando queríamos? Não era perfeito, mas era melhor do que esta liberdade.” Moisés respondeu: Bem, não me culpem a mim, culpem o Senhor vosso Deus. Foi ideia d’Ele e vocês concordaram.
Poderíamos esperar que o Senhor nosso Deus mandasse um raio sobre o Seu povo pela sua falta de fé e pela sua insubordinação. Em vez disso, Ele disse a Moisés que faria chover pão do céu (o seu pão de cada dia). Haverá que chegue para todos e, no Shabat, haverá uma porção dupla para cada um. O propósito desta generosidade, acrescenta Ele, é, não o mantê-los calados, mas testá-los para ver se conseguem segui-Lo melhor no futuro. Deus está lhes dando o que precisam - e um bónus - não para os tratar como crianças mimadas (que é como se estavam a comportar), mas para os ensinar. Somos melhor ensinados quando somos surpreendidos pelo amor enquanto esperamos e sentimos que merecemos ser castigados.
Não é assim que o nosso ego pensa. E portanto, não é o modo como age a nossa imagem de Deus, porque cada imagem ou ideia de Deus que temos é, em certo grau, um falso deus. Temos de ser surpreendidos - e des-iludidos - para vermos a verdade.
Na história (Êxodo 16), a esta altura, Deus envia uma porção diária de carne, sob a forma de codornizes. Deus diz que cada pessoa tem de recolher o que precisa, de acordo com o tamanho da sua família. Isto significava que os que recolhiam menos e os que recolhiam mais ficavam igualmente satisfeitos. Qualquer pessoa que conheça a história da Multiplicação dos Pães, nos Evangelhos, verá uma ressonância com esta história. Ela sublinha a Refeição Eucarística como um símbolo de unidade e justiça para todos.
O princípio da igualdade e justiça é o segredo do contentamento. Sem contentamento perdemos o sentido de proporção e de justiça e somos consumidos pelas ilusões da ganância.
Laurence
Reflexões para a Quaresma 2021 - LAURENCE FREEMAN OSB
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