
Terça-feira da Quinta Semana
Há uma discussão permanente entre os estudiosos do Novo Testamento que diz respeito à tradução da frase grega “pistis Christou” de várias passagens de S. Paulo. Significa fé em Cristo ou a fé(plena), fidelidade de Cristo?
Pode-se dizer, dado que o mundo parece estar a desmoronar-se: será que isso realmente importa? Bem, sim e não. Não tanto, a partir do ponto de vista de lidar imediatamente com as crises da justiça económica, a Covid, o meio ambiente e a Ucrânia. Mas do ponto de vista de como poderemos desenvolver uma nova consciencialização através da espiritualidade cristã e de outras tradições de sabedoria, para lidarmos com as consequências de todas essas crises e mudarmos a nossa direção, sim importa.
A diferença das traduções salienta a diferença entre colocar a ênfase em nós próprios ou em Cristo. Se a fé que move montanhas e cura a Humanidade significa, predominantemente, a nossa fé em Cristo, o significado de fé pode ser reduzido a algo controlado pela força de vontade humana ou apenas a conceitos e crenças. Esta atitude tem enfraquecido a ligação viva da fé pessoal cristã com a sua fonte, a pessoa do Cristo Ressuscitado. Se, por outro lado, a ênfase recai na Sua fidelidade, a química da fé e da alquimia da Sua relação com a Humanidade é alterada. Já não estamos a tentar melhorar por nós próprios. Em lugar disso, experimentamos uma força adicional a trabalhar connosco a partir de uma outra dimensão. A fidelidade de Cristo gera e liberta esta força através de todas as dimensões do tempo e do espaço: a mesma ontem, hoje e amanhã.
A quê ou a quem é que Cristo é fiel? Esta é a questão-chave e as muitas maneiras de a responder podem se resolver, não numa resposta, mas num relacionamento plenamente realizado. A Ele próprio, à sua vocação, ao Pai, ao seu amor pela Humanidade, à inata fidelidade de Deus.
Ser fiel manifesta o máximo potencial e beleza da Humanidade. Pense-se no como a nossa, tantas vezes danificada, fé na natureza humana é renovada quando celebrarmos um casamento que dura há décadas, ou de uma pessoa que permaneceu fielmente comprometida com um trabalho por toda uma vida, ou alguém que cumpre uma promessa, apesar de lhe custar muito mais do que tinha imaginado a priori.
Como na maioria das disputas sobre isto ou aquilo, há uma verdade em ambas as posições. A fé de Cristo fortalece a nossa fé em Cristo. Mas é preciso ter fé no mistério vivo da verdade para ver que a resposta está para além da divisão e não na vitória de uma sobre a outra.
Laurence
Reflexões para a Quaresma 2021 - LAURENCE FREEMAN OSB
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
Site: http://www.meditacaocrista.com/
Facebook: https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal
YouTube: https://www.youtube.com/user/meditacaocristaTv
Há uma discussão permanente entre os estudiosos do Novo Testamento que diz respeito à tradução da frase grega “pistis Christou” de várias passagens de S. Paulo. Significa fé em Cristo ou a fé(plena), fidelidade de Cristo?
Pode-se dizer, dado que o mundo parece estar a desmoronar-se: será que isso realmente importa? Bem, sim e não. Não tanto, a partir do ponto de vista de lidar imediatamente com as crises da justiça económica, a Covid, o meio ambiente e a Ucrânia. Mas do ponto de vista de como poderemos desenvolver uma nova consciencialização através da espiritualidade cristã e de outras tradições de sabedoria, para lidarmos com as consequências de todas essas crises e mudarmos a nossa direção, sim importa.
A diferença das traduções salienta a diferença entre colocar a ênfase em nós próprios ou em Cristo. Se a fé que move montanhas e cura a Humanidade significa, predominantemente, a nossa fé em Cristo, o significado de fé pode ser reduzido a algo controlado pela força de vontade humana ou apenas a conceitos e crenças. Esta atitude tem enfraquecido a ligação viva da fé pessoal cristã com a sua fonte, a pessoa do Cristo Ressuscitado. Se, por outro lado, a ênfase recai na Sua fidelidade, a química da fé e da alquimia da Sua relação com a Humanidade é alterada. Já não estamos a tentar melhorar por nós próprios. Em lugar disso, experimentamos uma força adicional a trabalhar connosco a partir de uma outra dimensão. A fidelidade de Cristo gera e liberta esta força através de todas as dimensões do tempo e do espaço: a mesma ontem, hoje e amanhã.
A quê ou a quem é que Cristo é fiel? Esta é a questão-chave e as muitas maneiras de a responder podem se resolver, não numa resposta, mas num relacionamento plenamente realizado. A Ele próprio, à sua vocação, ao Pai, ao seu amor pela Humanidade, à inata fidelidade de Deus.
Ser fiel manifesta o máximo potencial e beleza da Humanidade. Pense-se no como a nossa, tantas vezes danificada, fé na natureza humana é renovada quando celebrarmos um casamento que dura há décadas, ou de uma pessoa que permaneceu fielmente comprometida com um trabalho por toda uma vida, ou alguém que cumpre uma promessa, apesar de lhe custar muito mais do que tinha imaginado a priori.
Como na maioria das disputas sobre isto ou aquilo, há uma verdade em ambas as posições. A fé de Cristo fortalece a nossa fé em Cristo. Mas é preciso ter fé no mistério vivo da verdade para ver que a resposta está para além da divisão e não na vitória de uma sobre a outra.
Laurence
Reflexões para a Quaresma 2021 - LAURENCE FREEMAN OSB
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