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Véspera de Natal de 2016 - Laurence Freeman OSB

24/12/2016

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Véspera de Natal de 2016

Os Queridos amigos,

Quando Maria carregava no ventre seu filho, ela deve ter pensado 'ele é eu, mas ele não é eu'. Através de nossa longa jornada de fé, ao permitimos que Cristo seja formado em nós, passamos pelo mesmo tipo de descoberta de quem somos e quem não somos ao descobrir quem Ele é.

Quando pensamos que temos este problema embrulhado, logo percebemos o quão vista-curta nós éramos. Viver na fé significa permitir que o mistério de Cristo em nós cresça e nos faça um com ele. "Você e eu somos uma pessoa indivisa", o Cristo Ressuscitado dirá.

O Natal começa no grande silêncio de Deus, do qual a Palavra brota da profundidade do ser de Deus para a existência humana para que todos O possam ver e tocar. Nossa mais profunda resposta a este nascimento eterno no tempo é o silêncio. O silêncio, primeiro através da libertação de imagens e conceitos, depois em queda livre, restaura-nos a este silêncio primitivo que é a nascente do amor através de todas as dimensões do tempo e do espaço. 

Muitos de nós estaremos a dar e a receber presentes em breve. Lembremos que o dom acima de qualquer preço já está em nosso próprio ser à espera apenas para ser aceite e desembrulhado. Nossa meditação neste dia do grande Dom é mais do que nunca, profundamente, um presente para os outros. Mas lembremos dos muitos que não têm presentes para compartilhar, e uma pequena demais e insuficiente esperança para olhar para frente. Ao fazê-lo, nos aproximaremos deles e d’Ele, que nasceu num estábulo e foi visitado pelos pastores pobres antes que os reis chegassem.

E como o nosso presente de Natal da parte de alguns políticos foi um apelo a que se façam mais armas de destruição em massa vamos proclamar em confiança por nosso silêncio o poder maior do grande curador da humanidade, Jesus, que é a nossa paz.

Na missa da meia-noite, hoje à noite, irei hospedar, com grande gratidão, todos os nossos irmãos e irmãs da nossa abençoada comunidade, no meu coração. Feliz Natal!

Com muito amor
Laurence



Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal 
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Quarta Semana do Advento 2016 - Laurence Freeman OSB

18/12/2016

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​Quarta Semana do Advento 2016

A uma curta distância a pé do centro de retiros, no Rio de Janeiro, há um caminho que conduz a uma pequena Amazónia. Siga-o até ao fim – não tenha medo, nunca estamrá longe do mundo que lhe é familiar e o caminho foi aberto por mão humana – achar-se-á imerso e bem-vindos como parte do infindável zumbido e actividade da vida. A ecologia da floresta é uma dança de tal complexidade e tão intricada que não podee ser conceptualizada. Analisá-la é perdê-la. Para a perceber como um todo, precisamos duma mudança de foco.

Os seus complexos sistemas internos – insectos, aves, fauna, flores, árvores, parasitas e todas as outras formas vida que, timidamente, evitam bípedes como nós – revolvem nos seus próprios mundos de sobrevivência e de auto-reprodução, como incontáveis galáxias rodopiantes. Por vezes, colidem silenciosamente e o mais forte prevalece. Mas ninguém se queixa. A destruição faz parte do sistema da vida. Continuamente, folhas caiem flutuando, depois de terem cumprido o seu propósito. Assentam no solo para se decomporem e desaparecerem, esquecidas, e transformarem-se noutra coisa. Durante todo o tempo, há uma constante vibração de barulho, a origem da música, mas há, também, formas de energia que estão para além dos nossos escassos e fracos sentidos humanos.

Olhando para baixo, vejo uma perfeita impatiens walleriana, essa florzinha de cinco pétalas de cor pastel que tenho na minha varanda, em Londres, e a que chamamos Dizzy Lizzie. É uma ponte entre mundos mas continuamos ainda a ser o único ser humano neste particular universo paralelo.

Saindo da floresta, depois da casa de retiros, encontramos jardins bem cuidados, que fazem parte da ecologia humana mais controlada. A floresta transforma-se em jardim. Trabalhadores mal pagos, agora nas suas casas, na favela, mantêm-no limpo e arranjado para aqueles que dispõem de tempo de lazer para desfrutá-lo, mas talvez tenham perdido também a calma necessária para o lazer. As flores têm o aspecto de flores que são olhadas, a origem da cosmética. 

E se, a partir de dentro e para além destas grandes sinfonias sem arte da natureza selvagem e da estética autocentrada da cultura humana, uma outra vibração pudesse emergir? Ela vem, silenciosamente, escondendo-se nas próprias formas com que se veste. Ela é a fonte de ambos os mundos, incluindo todos os mundos ainda por nascer. Nesses talvez o humano que se autocontempla venha a ser desconhecido. É a expressão primária que faz surgir a existência a partir do ser e que a reconduz ao ser. Ao mesmo tempo que as folhas descem pairando até ao chão, também os universos vão expirando. Mas a Palavra originária é referência de base de todo o espaço e tempo.

Nós o esperamos. Está a caminho. Está aqui. Está em movimento, completando o Seu grande propósito, connosco ou sem nós. Mas Ele veio para os seus, de forma tão gloriosa e comovente como um recém-nascido. Completamente fraco para que se possa revelar a Si mesmo como o poder da vida àqueles que O reconhecem e não estão demasiado atarefados para O escutar durante o seu curto tempo de vida. É por isso que um bom Advento proporciona um Feliz Natal – todo o ano.

Um muito feliz Natal e um pacífico novo ano para todos nós. 
Laurence Freeman OSB





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Terceira Semana do Advento 2016 - Laurence Freeman OSB

11/12/2016

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​Terceira Semana do Advento 2016


Conheci, uma vez, um jovem homem de negócios vindo duma zona muito conturbada do mundo. Reparei, numa conversa inicial com outras pessoas sobre a situação política, que ele se mantinha reservado e nada dizia. Mais tarde, a sós, ele disse-me que não se metia na política porque “eles (os políticos) são todos iguais”. E eu pensei: bem, eles são todos iguais na medida em que são todos imperfeitos; mas a sua forma de ser imperfeitos e o seu grau de imperfeição não são os mesmos. Perguntei-lhe como é que ia a sua empresa e ele animou-se. “Vai muito bem. É difícil, arriscado. Mas consegue-se fazer muito bons negócios numa época de crise.” Foi, para mim, o ponto mais triste da minha visita e lançou uma luz sombria sobre o futuro das nossas democracias falidas.

*

Fico igualmente surpreendido quando as pessoas me dizem que não votaram nas recentes eleições nos EUA porque “um lado era tão mau como o outro”. A reflexão sobre o significado do Advento deveria lançar luz sobre todas as dimensões da nossa vida – não só no aspeto interior e solitário, mas também sobre as maneiras como somos obrigados a interagir responsavelmente no mundo. A maioria das decisões morais – e todas as decisões são morais – não é entre preto e branco. Muitas situações, especialmente neste mundo pós-verdade, em que o extremismo está em crescimento, forçam-nos a escolher o menor de dois males. O mal maior, ligado à cobardia moral, poderá ser não escolher de todo porque estamos à espera que chegue um conjunto perfeito de circunstâncias que se coadune com a nossa receita para a realidade.

*

Viver o Advento treina-nos para o realismo. Escolhemos ficar à espera – sem fantasia – de um bem que nunca irá caber num cenário padrão da nossa imaginação. Aprendemos a acreditar num bem que está para além do que conseguimos desejar. Estamos à espera dum grau de bondade, de plenitude, que já começou a influenciar-nos desde a primeira vez que ouvimos falar da boa nova. Podemos não lhe ligar por acharmos que é um mito ou uma falsa consolação, que não é digno dum racionalista cético moderno. Ou podemos ficar impacientes e duvidar que ele alguma vez surja. Mas, se percebermos o espírito do Advento, iremos aprender o que significa “esperar numa alegre esperança”, como diz uma das orações da liturgia do Advento.

*

A alegre esperança não é o mesmo que celebrar uma chegada, um regresso a casa. A dimensão do tempo não foi ainda penetrada pela eternidade que varre e unifica todas as dimensões, incluindo as que ainda não descobrimos. A cronologia ainda não foi banhada pela ontologia. Os afazeres quotidianos não foram ainda iluminados pela radiância do ser. Saber simplesmente que tudo isto ainda está para vir eleva o espírito e encoraja-nos a envolvermo-nos nas decisões difíceis dos tempos que correm.

*

Mas pelo menos estamos a chegar lá. Sabê-lo fortifica os nossos trémulos joelhos e salva-nos do precipício do cinismo, onde a nossa única lealdade é prestada a nós mesmos. A demora é apenas o tempo que nos leva a cair num outro tipo de precipício, abrindo mão das nossas defesas, para reconhecer e acreditar no que está vindo na nossa direção. Nesse instante, vemos que a encarnação acontece quando paramos de fantasiar e aceitamos a realidade. 

*

Não é apenas a Palavra eterna que se faz carne. O tempo e a eternidade são parceiros num casamento. Também nós precisamos de nos tornarmos encarnados. Então reconheceremos aquilo para que estamos aceleradamente a nos direcionar. Compreendemos que o que vem na nossa direção está também aqui. Está escondido na sua autorrevelação até termos sido abanados e transformados pela colisão pacífica do Natal. 



Laurence Freeman OSB



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Segunda Semana do Advento 2016 - Laurence Freeman OSB

4/12/2016

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Na passada semana, olhámos o Advento com uma iluminação do desejo. Os seres humanos, que são criaturas de desejo, experienciam o crescimento na autotranscendência e através da transformação do desejo – aquilo que queremos e como o procuramos. Por fim, vemos que não queremos apenas aquilo de que gostamos, mas que queremos a felicidade dos outros. Nesse autorreconhecimento, expandimo-nos para o Reino, livres da autocentrada órbita do nosso autocriado sofrimento. O catalisador para esta transformação é descobrir progressivamente que somos desejados por um amor que está para além das nossas mais arrojadas fantasias.

*

O Advento é uma época para sentir como este desejo para além do eventual horizonte da nossa imaginação é arremessado na nossa direção, em toda a doce majestade da sua quietude. Tudo isto é poesia até meditarmos. Então, torna-se “experiência” – mas para além de tudo aquilo em que normalmente pensamos como experiência. Os primeiros pensadores cristãos, que desenharam o plano de base desta teologia, mudaram a nossa antropologia nesse processo. A forma como entendemos Deus muda a forma como nos sentimos sobre nós mesmos. S. Gregório de Nazianzo, por exemplo, escreveu no séc. IV que, em Jesus, a Palavra de Deus assume a sua própria imagem no humano, “para se unir a Si mesmo a uma alma inteligente… para purificar o que Lhe é semelhante”. Esta perceção profunda ajuda-nos a imaginar este fulcral mistério da Fé Cristã a partir de dentro e também como um evento externo.

*

Deus toma forma no humano mesmo para além do horizonte de eventos do cosmos. Mas esse horizonte está igualmente presente no mais profundo e mais brilhante mistério da alma humana. Deste modo, podemos falar dos dois nascimentos da Palavra – em Deus, eternamente, e na minha alma limitada pelo tempo. E ela vem em três ondas: no grande Princípio de todas as coisas, em Belém, em certa data desconhecida, e no imprevisível final dos tempos. A questão, no nosso Advento deste ano do Senhor de 2016 é relacionarmos tudo isto com a histeria da “Black Friday”, com o enfeite e o sentimentalismo e com as árvores de Natal nas praças públicas – ou melhor, de forma bem clara, distingui-los.

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Esta vinda de Deus ao estado humano, a partir do além e a partir do nosso interior, é a grande revolução da inteligência humana. Uma vez que a tenhamos começado a considerar isso, jamais seremos os mesmos. Ela redefine poder e fraqueza, riqueza e pobreza, tempo e eternidade. Por outras palavras, a Palavra que se fez carne faz explodir a bomba de fissão do paradoxo da realidade. Nunca permitirá que voltemos à indulgência barata das respostas dualistas. Fomos mergulhados na realidade que é mais profunda que o átomo.

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Somos atraídos por isto quase na mesma medida em que o tememos. Mas, neste Advento e no nosso encontro com o que vem ter connosco, descobrimos a alegria de ser, a liberdade para amar e a suprema delícia de tomar parte na vida da fonte de nós mesmos. 

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Na Amazónia, há uma zona em que dois grandes rios, o Amazonas e o Rio Negro, se encontram. A sua confluência é espetacular: um rio de cor preta e um rio cor de areia. Ao longo de seis quilómetros, correm lado a lado, sem se misturarem, por causa da diferença na temperatura e na velocidade a que fluem. Mas, finalmente, reconhecem-se um ao outro como água e tornam-se um só. 

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1ª. Semana do Advento 2016, Somos criaturas de desejos.

27/11/2016

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Primeira Semana do Advento 2016, Laurence Freeman OSB


​Somos criaturas de desejos 


Temos estado a maior parte do ano à espera do Advento (a Palavra fez-se carne a 25 de Março, na Festa da Anunciação). Mas, como uma semente que cresce silenciosamente no solo, de dia e de noite, o seu silêncio começa a ser audível nas quatro semanas do Advento. Se conseguirmos ouvir o volume crescente do silêncio da Encarnação, durante esta época de expectativa elevada, estaremos melhor preparados para celebrar o Natal como ele espera ser celebrado. 

A natividade no nosso mundo de sentido do humano divino e de Deus humano é infinitamente misteriosa – e, por isso, perde-se facilmente no espalhafato natalício. Ela revela e esconde, simultaneamente. No Advento, começamos a sentir como Deus deve ser, ao mesmo tempo, muito atrevido e muito tímido.
*

Como o Advento está dobrado em quatro, vamos fazer a experiência de espera em igual número de estágios. O primeiro é a aborrecida percepção de que há alguma coisa por que esperar. Isto é mais sentido do que pensado. Porém, o sentimento de espera aguça a consciência e desperta-nos para nós mesmos. É engraçado que sejamos acordados primeiro pela ânsia, pela dor de não termos aquilo por que ansiamos e que nem sequer conseguimos nomear devidamente. Mas o Homo Sapiens é, naturalmente, descontente e tem sempre fome de mais. As nossas satisfações são maravilhosas, mas não duram muito. Satisfazer um desejo em breve nos mostra que isso não conclui o sentido de incompletude que possuem os nossos sempre mutáveis eus. Antes da rebentação duma onda de sucesso atingir a praia, já outra se está formar por trás dela. Somos criaturas de desejo. Por isso, instintiva e fatalmente, interpretamos cada momento como doloroso ou agradável. 
*

Ao vermos isto, amadurecemos e tornamo-nos melhores na educação dos jovens. Torna-nos carinhosos e compassivos para com eles. Somos tocados e divertimo-nos com a sua felicidade transbordante quando as suas esperanças intensas, mas ainda simples, são satisfeitas. Mas isso também nos torna conscientes, tanto de como devíamos ajudar a moldar os seus desejos, como também de que temos que cumprir as nossas promessas. Por meio desta consciência criada pelo crescimento, aprendemos a estar centrados-no-outro (uma parte do tempo). Reconhecemos a sabedoria provocadora de pôr a felicidade dos outros no mesmo plano da nossa. As crianças exemplificam-nos isso.

Assim, não é surpreendente que quando a sabedoria de Deus vem numa embalagem humana, Ele vem como criança. Temos que tomar conta d’Ele. Debruçarmo-nos sobre Ele. Cuidar d’Ele, mudar-Lhe as fraldas, confortá-Lo quando chora.

O dom pelo qual temos estado à espera satisfaz o nosso desejo até a um grau em que desvia a nossa atenção de nós mesmos. 
*

Tenho visto muitos adultos autocentrados e angustiados, atormentados pelos desapontamentos da sua longa espera, ficarem transformados por um filho recém-nascido, elevados a um tipo de felicidade que nunca poderiam atingir satisfazendo os seus desejos. 

A Humanidade também tem estado à espera, desde que foi despertada pela primeira vez pela sua escravidão face ao desejo. Temos estado à espera que Deus irrompa por entre as nossas imagens e desejos projectados sobre os nossos deuses autocriados. Deus apanha-nos de surpresa. Ele chega como um bebé indefeso que temos que aconchegar e proteger, de modo a que possa sobreviver e crescer. Cuidamos de Deus como pais. Mas o crescimento que se segue torna-se maravilhoso como o foi para Maria e José. A nossa chamada “viagem espiritual”.


Quanto a Maria, ela guardava como um tesouro todas estas coisas e as ponderava em seu coração. 
*

Na contemplação, Deus nasce em nós; como, não sabemos, mas, a certa altura, sentimos as dores de parto e o cada vez maior maravilhamento substitui o ciclo do desejo.
 
O Advento faz sentido porque o crescimento significa a vida a revelar-se e a desabrochar em novos níveis de experiência e de significado. Os assuntos quotidianos, lidar com as coisas, planear para contingências, fazer intervalos para fugir do trabalho pesado, tudo faz parte de um só nível. É o nível literal em que o sucesso e o fracasso são o que parecem porque são assim etiquetados pelos outros. Mas um outro nível manifesta-se onde todos estes julgamentos e actividades aparecem também como simbólicos, reflectindo outra dimensão da realidade, expressando uma nova forma de ser, uma fresca autoconsciência que nos impulsiona de um mundo torturado de julgamento e insatisfação para um reino cheio da maravilha da troca de dons e da real, não sentimental, inocência. 
 *

O processo de crescimento para isto é a paciência, a arte contemplativa da espera. Perdemos esta arte de sabedoria prática no mundo moderno, mas a meditação restaura-a. Um Advento contemplativo irá reencantar o Natal para nós, poupando-nos ao tédio do seu grosseiro consumismo.

Tornamo-nos pacientemente conscientes daquilo por que esperamos, à medida que se dirige velozmente em direcção a nós, através dos espaços interestelares, apontado a nós, ávido de nós, desejando-nos, transformando o que e como desejamos, à medida que nos tornamos mais agudamente conscientes dele.

Emily Dickinson questionava-se:

Como se devem sentir as Notícias enquanto viajam
Se é que as Notícias têm Coração
Iluminando a Habitação
Adentrando como um Dardo

Somos humildes criaturas de desejo. Por isso, meramente repetimos o ciclo de dor e de prazer, até compreendermos que somos também desejados. Aquilo por que verdadeiramente ansiamos, o amor que nos cria, já nos alvejou. Por isso é que ansiamos por ele. É o que ansiamos porque Deus anseia por nós.


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