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Dia de Natal

24/12/2018

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Dia de Natal
 
João 1:1 - 5, 9 – 14
 
O Verbo fez-Se carne e habitou entre nós
 
No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus. No princípio, Ele estava com Deus. Tudo se fez por meio d’Ele, e sem Ele nada foi feito. N’Ele estava a vida, e a vida era a luz dos homens. A luz brilha nas trevas, e as trevas não a receberam. O Verbo era a luz verdadeira, que, vindo ao mundo, ilumina todo o homem.
 
Estava no mundo, e o mundo, que foi feito por Ele, não O conheceu. Veio para o que era seu, e os seus não O receberam. Mas àqueles que O receberam e acreditaram no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus. Estes não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus. E o Verbo fez-Se carne e habitou entre nós. Nós vimos a sua glória, glória que Lhe vem do Pai como Filho Unigénito, cheio de graça e de verdade.
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O Natal é uma das “Solenidades” no drama litúrgico do ano que costumava entretecer-se com o tempo linear, do dia de trabalho. A nós, parece estranho que seja solene e alegre ao mesmo tempo. Se alguma coisa alegre ocorre connosco, num evento solene onde é suposto parecermos sérios, tendemos a dar pequenas risadas. Mas hoje é uma festa solene e, nas festas, é suposto rirmos, não fazermos uma cara inexpressiva nem escondermos a nossa alegria. Um autor antigo teve a ousadia de dizer “ninguém tem o direito de estar triste hoje”.
 
Quando a parte mais hilariante duma boa piada é bem contada ou um segredo há longo tempo guardado é revelado ou a solução óbvia dum problema intratável é, finalmente, encontrada, uma nova alegria salta em nós e rimos. Os momentos “eureka” têm que ser verificados e testados e, às vezes, abrem mais problemas do que resolvem, mas são sempre para celebrar. As grandes solenidades da nossa vida criam uma explosão de supernova de alegria que se dispersa, mas não desaparece.
 
Tal como o Big Bang, há treze mil milhões de anos, o momento em que o universo infinitamente concentrado explodiu e o espaço e o tempo passaram a existir. Mais para trás do que isso, não conseguimos ver senão que a energia da radiação desse instante da criação está espalhada uniformemente pelo cosmos, desde o mais longínquo horizonte do universo em expansão até à composição celular dos órgãos do nosso corpo.
 
O Prólogo do Evangelho de S. João narra a maravilha da Encarnação, o auto-esvaziamento de Deus num ser humano que iria crescer até à plena humanidade: “O Verbo fez-se carne”. Mentalmente, a maneira mais fácil de lidar com esta alegria solene é explicá-la pelo sobrenatural. Porém, os meditantes estão inclinados para serem suspicazes face ao sobrenatural. Preferimos olhar mais profundamente para a natureza e descobrir novas leis e verdades que revelam o significado dos mistérios.
 
Pensa-se que S. João terá sido o “discípulo amado”. Seja o que for que isto signifique, sugere um nível especial de amizade e compreensão. Em João, vemos Jesus chorando pela perda dum amigo, cansado após uma viagem, zangado com as pessoas que conspurcam um espaço sagrado. Também em João, vemos a perspectiva mais profunda da natureza de Jesus como uma completa manifestação do divino. Não há traduções perfeitas entre línguas. Mas a fé crista vê Jesus como uma completa tradução de Deus no humano: a mais desafiante e jubilosa das perspectivas religiosas.
 
Uma abordagem meramente intelectual à Encarnação rapidamente se torna anémica e incorpórea. Porém, S. João diz: “conhecemo-Lo… falámos com Ele, comemos com Ele, tocámo-Lo, rimos e chorámos com Ele”. Maria era tida em tão grande estima porque, como mãe, ela conhecia-O, acima de tudo, na carne. Se pararmos aí no registo escrito, arriscamo-nos a ficar presos no nível devocional, imaginando o Jesus histórico. Isto deveria levar-nos mais longe, além do conhecimento imaginativo, para o conhecimento contemplativo, unitivo, onde somos um só com Ele. Então, não nos limitaremos a imaginá-Lo como sendo humano porque O conhecemos na nossa própria humanidade. Conhecemos a Sua consciência dispersa pela nossa plenitude. Tal como a energia do primeiro momento, a criação aconteceu de modo a que o longo Advento do universo, a longa preparação, pudesse tornar-se Natal e celebrar o casamento de Deus com a Humanidade.
 
Qual é a língua sagrada do Cristianismo? A língua sagrada do Judaísmo é o Hebraico; a do Hinduísmo o Sânscrito, a dos Muçulmanos o Árabe. Mas qual é a língua sagrada do Cristianismos? O corpo.

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4ª. Semana do Advento 2018 - Laurence Freeman OSB

23/12/2018

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Quarta Semana do Advento
 
Lucas 1:39-44
Donde me é dado que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor?


Naqueles dias, Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se apressadamente para a montanha, em direcção a uma cidade de Judá. Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino exultou-lhe no seio. Isabel ficou cheia do Espírito Santo e exclamou em alta voz: «Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. Donde me é dado que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor? Na verdade, logo que chegou aos meus ouvidos a voz da tua saudação, o menino exultou de alegria no meu seio. Bem-aventurada aquela que acreditou no cumprimento de tudo quanto lhe foi dito da parte do Senhor».​
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Os evangelhos das três semanas anteriores tinham um carácter masculino, reflectindo o mundo de domínio masculino da cultura do Médio Oriente em que o há muito aguardado Jesus viria a nascer. Este evangelho muda completamente para o mundo das mulheres e duas mulheres grávidas que aprenderam o Advento – a esperar, orar e ter as suas mentes mudadas.
 
S. Lucas está, para o seu tempo, invulgarmente, talvez unicamente sintonizado com as mulheres, os pobres, os marginais e as crianças – todos aqueles que no mundo do seu tempo eram habitualmente ignorados ou desvalorizados. A atenção que lhes dedica reflecte a Boa Nova de Jesus de que, visto à luz de Deus, simplesmente não existem marginais, nem pessoas de segunda classe, nem grupos descartáveis. A nossa preocupação contemporânea – no que resta da democracia liberal – com as minorias, com direitos iguais para as mulheres e com a justiça económica pode também, mesmo que a uma menor profundidade de entendimento, reflectir esta sabedoria da igualdade universal. Assim, mesmo que a natureza não seja justa na forma como concede os seus dons, os humanos podem ser justos na forma como protegem e respeitam os menos afortunados.
 
Apesar das diferenças culturais, a justiça é um instinto inato que emana da bondade essencial da natureza humana. Esta bondade é Deus. Ela revela a capacidade do humano para ser divinizado, tal como a criança que exultou no ventre de Isabel, em presença do embrião no ventre de Maria, dá testemunho da capacidade divina de se fazer carne. No Advento, podemos não ter a certeza se somos nós que estamos indo para Deus ou se é Deus a vir para nós e a conclusão tem que ser a de que os dois movimentos são inseparáveis.
 
Séculos de pinturas da Visitação mostram a rapariga Maria e a senhora mais velha Isabel abraçando-se uma à outra. Quando João, o filho de Isabel, saltou, Maria, sua parente, ouviu outra declaração do significado do seu próprio bebé. De novo, ela nada diz, mal compreendendo alguma coisa do mistério em que se viu engolida.
 
Na Anunciação Maria diz apenas “sim”. Nas histórias do nascimento, do exílio e do regresso a Nazaré, ela está em silêncio. Repreende o Jesus ainda rapazito por lhe causar ansiedade, quando Ele desaparece no Templo e fala-Lhe na festa de casamento. Fora isso, a sua presença luminosa nos evangelhos é silenciosa, consciente, preocupada, comprometida até aos pés da Cruz, com Aquele por quem ela e o mundo tinham esperado. O seu silêncio em presença do mistério é o modelo da contemplação para o nosso próprio tempo que tantas vezes balanceia entre o reducionismo e a superstição.
 
É claro que sabemos pouco ou nada das origens históricas de histórias simbólicas como estas, e jamais saberemos. Mas não somos menos capazes de ser despertados e movidos pela realidade que elas expõem. A mente do Advento é holística, aberta a profundos e belos símbolos evocativos que transmitem a verdade de forma intuitiva e directa. Sentimos algo saltar em nós mas não conseguimos ainda vê-lo totalmente.
 
O Advento afinal é sobre a gestação, a experiência de uma invisível presença no ventre do nosso espírito. Isto é poderoso em si mesmo – tal como o é a nossa meditação em silêncio, na qual o processo de crescimento é maioritariamente conhecido apenas pelos seus frutos. O nascimento é outro estágio da auto-revelação da realidade provando aquilo que sabíamos sem saber. Mas mesmo o nascimento não resolve a questão, porque alarga o mistério ainda mais.



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3ª. Semana do Advento 2018 - Laurence Freeman OSB

16/12/2018

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Terceira Semana do Advento
 
Lucas 3:10 - 18
“Está a chegar alguém que vos baptizará com o Espírito Santo e com o fogo.”
 
Naquele tempo, as multidões perguntavam a João Baptista: «Que devemos fazer?». Ele respondia-lhes: «Quem tiver duas túnicas reparta com quem não tem nenhuma; e quem tiver mantimentos faça o mesmo». Vieram também alguns publicanos para serem baptizados e disseram: «Mestre, que devemos fazer?». João respondeu-lhes: «Não exijais nada além do que vos foi prescrito». Perguntavam-lhe também os soldados: «E nós, que devemos fazer?». Ele respondeu-lhes: «Não pratiqueis violência com ninguém nem denuncieis injustamente; e contentai-vos com o vosso soldo».
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Como o povo estava na expectativa e todos pensavam em seus corações se João não seria o Messias, ele tomou a palavra e disse a todos: «Eu baptizo-vos com água, mas está a chegar quem é mais forte do que eu, e eu não sou digno de desatar as correias das suas sandálias. Ele baptizar-vos-á com o Espírito Santo e com o fogo. Tem na mão a pá para limpar a sua eira e recolherá o trigo no seu celeiro; a palha, porém, queimá-la-á num fogo que não se apaga». Assim, com estas e muitas outras exortações, João anunciava ao povo a Boa Nova».


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O mundo em que Jesus nasceu estava tão descontente e tinha-se tornado tão disfuncional pela injustiça institucional como qualquer outro. Os tempos de optimismo e de esperança ilimitada são poucos e de curta duração. A eleição dum Kennedy ou dum Obama, a queda do Muro de Berlim, os dias agitados duma revolução política inspirada por ideais ou os tempos imediatamente a seguir a uma guerra, dias de casamento, todos os novos começos são ocasiões para acreditar no impossível e esquecer como todas as anteriores esperanças como esta foram desapontadas. São os pobres que compram bilhetes de lotaria.

Pecados sociais – como aqueles que temos impregnados nos nossos sistemas financeiros, que fazem disparar os preços das casas de luxo, enquanto cada vez mais pessoas, mesmo em sociedades ricas, mal conseguem dar habitação e alimentação às suas famílias – esgotam o espírito e enfraquecem a vontade. Em tal desespero, as pessoas vinham ter com João perguntando simplesmente: “Que devemos fazer?”

João Baptista é Advento, activamente esperando pelo Messias. Em resposta às perguntas das pessoas, ele confronta as injustiças e os pecados sociais do seu tempo que oprimiam as vidas mas também as almas daqueles que vinham ao deserto para o escutar. Questionavam-se acerca dele, esperando que pudesse ser o Salvador que iria corrigir os erros e restabelecer a ordem da justiça. Os infelizes estão sempre à procura dum messias.

Ele não o é, nem sequer é um revolucionário social. Diz aos cobradores de impostos que não exijam nada além do que lhes é devido e aos soldados que não usem o seu poder para explorar e intimidar. A quantas sociedades hoje em dia, onde prolifera a corrupção na política, na justiça e na polícia, ele não poderia ter dito isto? É o mínimo dos mínimos para a justiça. E não pode ser separado da dimensão espiritual – como Santo Óscar Romero veio a compreender. Também não podemos traçar uma linha vermelha entre a nossa meditação e a forma como vivemos, votamos, gastamos o nosso rendimento disponível e nos relacionamos com os problemas do nosso tempo.

Uma vez, nas Filipinas, orientei um retiro para padres provenientes duma parte muito pobre e remota do país. O seminário onde nos reunimos era tão mínimo como as casas das pessoas e dos padres que as serviam. Recordo-me de que o lavatório do meu quarto caiu da parede quando lhe toquei e que me senti mal por lhes causar mais despesa. Ao falar individualmente com os padres, compreendi como eram verdadeiros servidores do povo, cuidando dos seus direitos e necessidades materiais, defendendo a sua dignidade, ao mesmo tempo que alimentavam a sua vida religiosa e espiritual.

Numa visita à Venezuela conheci um jovem e esperto empresário. Ele viajava frequentemente aos EUA para tratar do fluxo de bens de luxo para os consumidores do seu país que tinham dinheiro para os pagar. A maior parte das pessoas nessa altura esgravatava e lutava de forma humilhante para satisfazer as suas necessidades básicas. O que mais me perturbou, porém, foi a sua absoluta recusa em discutir a situação social ou política. Isso era da esfera “pública” e ele tinha o bastante com que se ocupar no seu próprio mundo “privado”. Quando eu o pressionei, ele justificou a sua atitude dizendo dos políticos: “são todos o mesmo”. Era a lógica da selva mal disfarçada.

Quando Jesus finalmente aparecer em cena Ele irá ser, tal como João, um profeta que censura firmemente a injustiça, que defende os indefesos, apaixonado pela justiça. Esta pode ter sido a verdadeira causa da Sua desgraça, mais do que a Sua verdadeiramente revolucionária revelação espiritual. Mas Ele irá ser mais do que um profeta. A Sua palavra irá mostrar à Humanidade um novo sistema social radical afinado com a presença de Deus em todas as coisas. A este alinhamento do mundo interior e exterior, harmonizando o político e o místico, Ele chama o Reino. Ouvir isto, escutar, esperar e orar e ficar desperto é ser-se “baptizado com o Espírito e o fogo”. A prova é que isso nos incendiará.



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2ª. Semana do Advento 2018 - Laurence Freeman OSB

9/12/2018

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Segunda Semana do Advento

Lucas 3:1-6
O chamamento de João Batista

No décimo quinto ano do reinado do imperador Tibério, quando Pôncio Pilatos era governador da Judeia, Herodes tetrarca da Galileia, seu irmão Filipe tetrarca da região da Itureia e Traconítide e Lisânias tetrarca de Abilene, no pontificado de Anás e Caifás, foi dirigida a palavra de Deus a João, filho de Zacarias, no deserto. E ele percorreu toda a zona do rio Jordão, pregando um baptismo de penitência para a remissão dos pecados, como está escrito no livro dos oráculos do profeta Isaías:

«Uma voz clama no deserto:
‘Preparai o caminho do Senhor,
endireitai as suas veredas.
Sejam alteados todos os vales
e abatidos os montes e as colinas;
endireitem-se os caminhos tortuosos
e aplanem-se as veredas escarpadas;
e toda a criatura verá a salvação de Deus’».

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Pode não parecer muito importante saber que Lisânias era tetrarca de Abilene quando João Baptista começou a pregar o arrependimento. Mas talvez nos ajude, realmente, a recordar a historicidade da nossa tradição e a necessidade universal de profetas. O profeta selvagem do Deserto Jordano é um arquétipo de todos aqueles que nos chamam à razão, desafiando a ordem social estabelecida, denunciando as negações oficiais e evasivas, dizendo, simplesmente, as coisas como elas são, mesmo quando são condenados pelas autoridades como inimigos do povo e usados como bodes expiatórios ou são assassinados.
 
João é uma figura do Advento, preparando o caminho para o aparecimento de Jesus na cena pública. O Advento significa literalmente uma “vinda para”. Ele está vindo para nós e, ao sentirmos essa vinda, talvez comecemos a sair ao Seu encontro. Esta é uma imagem espacial usada para descrever um evento espiritual ilimitado no espaço ou no tempo, mas que ainda está acontecendo na geografia humana e em tempo real.
 
O que é que está no coração da mensagem do profeta? Um “baptismo de penitência para a remissão dos pecados”. Hoje, para muitos, estes termos têm tanto significado como a linguagem de programação de computadores. Mas eles evocam necessidades humanas importantes e intemporais de significado, ritual e transformação. O pecado é endémico. O mundo está devastado pelo pecado, pessoal e colectivo, nas famílias, nas salas do concelho das empresas, na poluição do planeta ou contra a mente dos jovens.
 
Podemos dar as palavras culpa, vergonha, lamento ou remorso como sinónimos de “penitência”. Não são más reacções, pelo menos por um momento, quando reconhecemos os nossos pecados e o mal que causámos a outros. Porém, devíamos fazer mais do que apenas encolher os ombros e dizer “sigamos para diante”. O significando essencial do arrependimento (metanoia) não é apenas o que fazemos, mas uma mudança de mentalidade, literalmente “para além da mente”. Contra o horror do medo e de se cair na armadilha de padrões destrutivos de comportamento, nada mais pode servir senão uma mudança no próprio sistema operativo da nossa atenção. Não é de uma mudança de crença que necessitamos, mas duma mudança de percepção, não de ideologia, mas do como e do que vemos.
 
Isto inicia o processo do perdão dentro e na direcção de nós mesmos. Nunca é fácil ver o quanto estivemos perdidos, enganados ou autocentrados. O reconhecimento disto exige a reconciliação com o verdadeiro “eu” que tínhamos rejeitado. Não podemos perdoar aos outros o mal que causaram até termos compreendido o que significa perdoar a nós mesmos. “Porque é que haveria de me perdoar a mim próprio? Foi ele que me magoou!” Talvez – e, por certo, a justiça deve ser feita e vista. Mas, se quisermos alcançar a plenitude, não basta sermos vítimas. Precisamos de ser curados por uma mudança de perspectiva, por uma nova forma de ver a situação como um todo.
 
A penitência vem a par com o “baptismo”, um sinal visível do que está acontecendo no interior da consciência. Isto pode ter um significado religiosos explícito como uma iniciação numa nova comunidade, o que ajuda a manter em marcha a mudança de mentalidade. Mas também a meditação é um baptismo, uma imersão na corrente de consciência. E tem uma forma externa, sinais visíveis: como nos sentamos, manifestamos a quietude e o silêncio exterior, o nosso ritmo diário, de manhã e à tardinha, os nossos rituais que expressam e fortificam o processo de mudança da nossa mente, expandindo a nossa consciência. A meditação expressa, também, o aplanar e o altear que Isaías descreve, mostrando-nos que somos salvos do horror para um novo estado de saúde e de florescimento.
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1ª. Semana do Advento 2018 - Laurence Freeman OSB

2/12/2018

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Primeira Semana do Advento

Lucas 21:25-28, 34-36
Que esse dia não vos surpreenda subitamente como uma armadilha.

Naquele tempo, disse Jesus aos Seus discípulos: «Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas e, na terra, angústia entre as nações, aterradas com o rugido e a agitação do mar. Os homens morrerão de pavor, na expectativa do que vai suceder ao universo, pois as forças celestes serão abaladas. Então, hão-de ver o Filho do homem vir numa nuvem, com grande poder e glória. Quando estas coisas começarem a acontecer, erguei-vos e levantai a cabeça, porque a vossa libertação está próxima. 
Tende cuidado convosco, não suceda que os vossos corações se tornem pesados pela intemperança, a embriaguez e as preocupações da vida, e esse dia não vos surpreenda subitamente como uma armadilha, pois ele atingirá todos os que habitam a face da terra. Portanto, vigiai e orai em todo o tempo, para que possais livrar-vos de tudo o que vai acontecer e comparecer diante do Filho do homem».
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​Para aqueles que são, não só, admiradores, mas discípulos, Jesus é o sadguru, o mestre de raiz na demanda humana. Fé é relacionamento – um companheirismo único na jornada da vida que nos salva do isolamento ao mesmo tempo que nos liberta do sufocamento pela multidão. Como qualquer relacionamento fiel, o discipulado implica, sob muitas formas, tornar-se numa união mais profunda, levando-nos a atravessar o pior que nos pode acontecer.

Como nosso centro de gravidade Jesus identifica-nos – para nós mesmos – como “discípulos”. Da palavra latina “discere”, aprender. Vemos muitas vezes Jesus a falar directa e intimamente com os Seus discípulos de forma diferente da Sua voz pública. Ele anseia partilhar connosco tudo o que aprendeu como discípulo do Pai. O Seu anseio de que entendamos traz uma histórica revolução religiosa ao discipulado e ao nosso sentido de Deus: “Já não vos chamo servos mas amigos, porque partilhei convosco tudo o que aprendi de Meu Pai”. Não se pode temer um amigo. 

Iniciamos a demanda do Advento escutando o que Ele diz sobre o fim do mundo, do nosso mundo privado, do mundo planetário, de todo o tipo de mundo. É apocalíptico. Acabei de ver o filme icónico sobre a Guerra do Vietname - de Coppola, Apocalypse Now. Baseado no livro de Joseph Conrad, Coração das Trevas, o filme atinge o clímax com a descrição de uma aldeia remota a montante do rio, no Camboja, onde o renegado coronel americano Kurtz preside, insanamente, a um exército louco, governado pelo medo. Ele está a numa profunda dor psíquica, mas a sua mente está assustadoramente clara. O horror e as atrocidades da guerra empurraram-no para lá do limite. O horror, então, virou-se para dentro, contra ele próprio, e para fora, para o mundo. Marlon Brando diz essas famosas palavras “o horror, o horror”, com arrepiante convicção, pior que qualquer filme de terror.

Jesus adverte os Seus discípulos para estarem preparados para o horror. A Sua linguagem deveria evocar o nosso medo do apocalipse ecológico, cujos primeiros sinais vemos nos incêndios na Califórnia, nas cheias, na deflorestação, nos oceanos poluídos por plásticos, na alteração das estações do ano e no derreter das calotes de gelo. A negação é a primeira reacção ao medo da morte. Mas o medo inevitável irá crescer, provocando a disrupção de todos os relacionamentos. Por trás de cada manifestação de medo está o horror à perda, a morte causada por cada perda que sofremos. Os homens morrem de medo, diz Jesus. Porque o medo priva-nos da capacidade para amar.

Aos Seus discípulos, Ele transmite o Seu mandamento libertador. Não diz: “vós, pecadores, tendes muito que temer”. Diz-lhes: “Não temais”. Erguei-vos e levantai a cabeça, dignificados na vossa divina humanidade. E “esperai”. Esta é um ensinamento nuclear do Advento: aprender a esperar. A espera é uma prática aprendida tal como a meditação.

A melhor resposta ao “horror” do medo é a espera, já que esta liberta o recurso oculto da esperança. A espera é autocontrolo, é cuidar da nossa saúde mental e da equanimidade, evitando o excesso, as adições e a ansiedade: a espera consciente e esperançosa do discípulo, não a impaciência frenética do consumidor. Mantende-vos conscientes, diz Ele, e orai o tempo todo. Este é o outro tema nuclear do Advento: estar num estado de contínua oração. Os tempos diários de meditação desenvolvem esse estado.

No começo da nossa preparação para o Natal, aprendemos, pelo menos, que não estamos à espera do Pai Natal.



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As Quatro Semanas do Advento de 2018

1/12/2018

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As Quatro Semanas do Advento de 2018

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O Advento é uma palavra que sugere uma jornada e, de fato, uma aventura. Se a vida não é uma aventura, nós iremos morrer de tédio ou tristeza.

Tal como nas grandes buscas em mitos de todas as culturas, o herói no Advento está procurando por algo - muitas vezes seu verdadeiro lar ou "pai". Há provas a serem enfrentadas e conhecimento a ser ganho, pelo testarmo-nos a nós próprios até aos limites extremos do conhecido. Fracassos são parte do processo e também professores importantes que nos treinam para pensar no sucesso de formas menos egocêntricas, mais cósmicas.

O estranho na busca da aventura cristã é a não-dualidade da história. Somos nós que buscamos a Deus ou é Deus nos buscando? É o Filho "vindo para os seus" e não sendo bem-vindo ou somos nós saindo pelos espaços interestelares rumo ao momento primordial da criação? A resposta a esse paradoxo - embora os paradoxos não tenham respostas - é falada quando Deus derrama infinita plenitude no receptáculo limitado de um recipiente humano. Isto é Incarnação, Jesus.
 
Como uma aventura cristã, esta temporada do ciclo anual cristão é a abertura do Ano Novo espiritual. Ela enquadra o círculo do cíclico e linear tempo - o que circunda e o que passa através da mortalidade da dimensão humana como uma flecha atirando na morte. A meditação diária faz o mesmo, permitindo-nos simultaneamente viver no tempo espiritual e lavar a roupa.
 
O tempo litúrgico contém: Advento, Natal, Quaresma, Páscoa e o longo Tempo Comum e muitas Festas e a ocasional Solenidade. Um dos benefícios para o meditante de seguir uma temporada litúrgica é que ela ajuda a incorporar e nutrir nossa prática diária pessoal no rico solo de uma transmissão viva de sabedoria - uma tradição.

As reflexões do Advento deste ano irão girar em torno do evangelho do Domingo de cada semana. Elas também podem fornecer alguns recursos para a aventura de cada dia da semana que conectam os quatro domingos seguintes.

Usar o Advento sabiamente poderá nos ajudar a celebrar - não o falso festival consumista em que se tornou - mas a verdadeira Festa do Natal. Esta Festa volta de novo anualmente, mas a cada vez marca um novo estágio do voo da flecha das nossas vidas. Espero que as nossas reflexões semanais vos ajudem a preparar e a celebrar este festival que lança luz sobre o amor que flui entre Deus e nós mesmos - o mais longo caso de amor no cosmos.


Texto original, em inglês: aqui​

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