Quarta Semana do Advento
Lucas 1:39-44
Donde me é dado que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor?
Naqueles dias, Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se apressadamente para a montanha, em direcção a uma cidade de Judá. Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino exultou-lhe no seio. Isabel ficou cheia do Espírito Santo e exclamou em alta voz: «Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. Donde me é dado que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor? Na verdade, logo que chegou aos meus ouvidos a voz da tua saudação, o menino exultou de alegria no meu seio. Bem-aventurada aquela que acreditou no cumprimento de tudo quanto lhe foi dito da parte do Senhor».
Lucas 1:39-44
Donde me é dado que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor?
Naqueles dias, Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se apressadamente para a montanha, em direcção a uma cidade de Judá. Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino exultou-lhe no seio. Isabel ficou cheia do Espírito Santo e exclamou em alta voz: «Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. Donde me é dado que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor? Na verdade, logo que chegou aos meus ouvidos a voz da tua saudação, o menino exultou de alegria no meu seio. Bem-aventurada aquela que acreditou no cumprimento de tudo quanto lhe foi dito da parte do Senhor».
Os evangelhos das três semanas anteriores tinham um carácter masculino, reflectindo o mundo de domínio masculino da cultura do Médio Oriente em que o há muito aguardado Jesus viria a nascer. Este evangelho muda completamente para o mundo das mulheres e duas mulheres grávidas que aprenderam o Advento – a esperar, orar e ter as suas mentes mudadas.
S. Lucas está, para o seu tempo, invulgarmente, talvez unicamente sintonizado com as mulheres, os pobres, os marginais e as crianças – todos aqueles que no mundo do seu tempo eram habitualmente ignorados ou desvalorizados. A atenção que lhes dedica reflecte a Boa Nova de Jesus de que, visto à luz de Deus, simplesmente não existem marginais, nem pessoas de segunda classe, nem grupos descartáveis. A nossa preocupação contemporânea – no que resta da democracia liberal – com as minorias, com direitos iguais para as mulheres e com a justiça económica pode também, mesmo que a uma menor profundidade de entendimento, reflectir esta sabedoria da igualdade universal. Assim, mesmo que a natureza não seja justa na forma como concede os seus dons, os humanos podem ser justos na forma como protegem e respeitam os menos afortunados.
Apesar das diferenças culturais, a justiça é um instinto inato que emana da bondade essencial da natureza humana. Esta bondade é Deus. Ela revela a capacidade do humano para ser divinizado, tal como a criança que exultou no ventre de Isabel, em presença do embrião no ventre de Maria, dá testemunho da capacidade divina de se fazer carne. No Advento, podemos não ter a certeza se somos nós que estamos indo para Deus ou se é Deus a vir para nós e a conclusão tem que ser a de que os dois movimentos são inseparáveis.
Séculos de pinturas da Visitação mostram a rapariga Maria e a senhora mais velha Isabel abraçando-se uma à outra. Quando João, o filho de Isabel, saltou, Maria, sua parente, ouviu outra declaração do significado do seu próprio bebé. De novo, ela nada diz, mal compreendendo alguma coisa do mistério em que se viu engolida.
Na Anunciação Maria diz apenas “sim”. Nas histórias do nascimento, do exílio e do regresso a Nazaré, ela está em silêncio. Repreende o Jesus ainda rapazito por lhe causar ansiedade, quando Ele desaparece no Templo e fala-Lhe na festa de casamento. Fora isso, a sua presença luminosa nos evangelhos é silenciosa, consciente, preocupada, comprometida até aos pés da Cruz, com Aquele por quem ela e o mundo tinham esperado. O seu silêncio em presença do mistério é o modelo da contemplação para o nosso próprio tempo que tantas vezes balanceia entre o reducionismo e a superstição.
É claro que sabemos pouco ou nada das origens históricas de histórias simbólicas como estas, e jamais saberemos. Mas não somos menos capazes de ser despertados e movidos pela realidade que elas expõem. A mente do Advento é holística, aberta a profundos e belos símbolos evocativos que transmitem a verdade de forma intuitiva e directa. Sentimos algo saltar em nós mas não conseguimos ainda vê-lo totalmente.
O Advento afinal é sobre a gestação, a experiência de uma invisível presença no ventre do nosso espírito. Isto é poderoso em si mesmo – tal como o é a nossa meditação em silêncio, na qual o processo de crescimento é maioritariamente conhecido apenas pelos seus frutos. O nascimento é outro estágio da auto-revelação da realidade provando aquilo que sabíamos sem saber. Mas mesmo o nascimento não resolve a questão, porque alarga o mistério ainda mais.
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