As pessoas mais religiosas facilmente negligenciam o óbvio e isto é o mais óbvio e o que mais necessitamos recordar: quem não ama, nada sabe de Deus. Não se trata de raciocínio metafísico mas da razão do coração e a nossa experiência humana mais universal ensina-o desde o início da vida […] O amor é a transcendência, o re-centrar da consciência através da acção da atenção paciente ao outro. É o que fazem os pais, é o que fazem os amantes e é o que as pessoas religiosas devem fazer também se quiserem ser genuínas.
A forma como rezamos é a forma como vivemos. Vivemos no poder da transcendência se rezarmos com profundidade; não só o “salat” e a liturgia, mas também a contemplação. O objectivo pleno desta vida, segundo Santo Agostinho, é abrir os olhos do coração através dos quais vemos a Deus. A transcendência torna-nos mais humanos porque realiza este projecto humano. Os meios são os que a religião ensina, se não se equivocar quanto ao fim: espera, paciência, quietude e, particularmente importante nesta era de comunicação instantânea, o silêncio. [...]
[Nesta assembleia de cristãos e muçulmanos], rezámos o “salat” e recitámos orações cristãs. Mas também nos sentámos em silêncio para a meditação – nós chamamos-lhe “oração do coração” e eles chamam-lhe “dhikr” . Ela reduz muitas palavras a uma só, numa rica pobreza em espírito. Neste silêncio, tocámos a universalidade que as palavras usualmente apenas apontam. Ele não é uma fuga à realidade, mas um abraço à realidade divina que ambas as tradições conhecem como amor. As relações mudam, com esta experiência do silêncio em transcendência, de maneiras que as palavras não conseguem atingir. Vivemos de uma forma nova depois de termos estado juntos, pacientemente, no silêncio do amor.
Medite durante 25 minutos… Sente-se em silêncio e de costas direitas. Feche ligeiramente os olhos. Fique descontraído mas atento. Em silêncio, comece interiormente a dizer apenas a palavra-mantra “Maranatha”. Diga-a em quatro sílabas de igual cadência MA-RA-NA-THA. Oiça-a enquanto a pronuncia, serenamente e sem interrupção. Não pense nem imagine nada espiritual ou qualquer outra coisa. Quando surgirem outros pensamentos não ligue, volte simplesmente a dizer a palavra. Medite 20 a 30 minutos de manhã e fim do dia.
Depois da meditação…
“O Conhecimento pelo Coração e o Aroma a Jasmim de Sentir-se Perto de Deus” (no original: ”THE SOUL OF RUMI: A NEW COLLECTION OF ECSTATIC POEMS” tr. Coleman Barks - New York: HarperCollins, 2001 - p. 324)
Os Sufis chamam-lhe “conhecimento pelo coração” para o camuflar diante daqueles que o não devem ouvir.
Vem do coração.
É por aí que Deus penetra.
Nenhum disparate pode ser feito ou dito quando a vossa consciência está no vosso amor e o vosso amor está em Deus.
Comunidade Mundial de Meditação Cristã - Portugal
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