Uma vez que não temos certidão de nascimento de Jesus, qual é a razão por que celebramos o seu aniversário nesta altura do ano, como têm feito os cristãos desde, pelo menos, o séc. IV? Quase de certeza que isso tem ligação com a festa pagã do renascimento do Sol. A 21 de Dezembro experienciamos o dia mais curto do ano, uma recordação forte, pelo menos no Hemisfério Norte, da brevidade da vida. É o último suspiro do velho sol. Mas o nascimento segue-se à morte, como sempre acontece, porque a vida nunca é vencida pela morte, ou sequer por ela negada. A vida é o somatório de todos os ciclos de nascimento e morte que nós, como indivíduos e como partes do Cosmos, atravessamos até ao final dos tempos.
Tudo isto se tornou bastante vívido para mim, há alguns dias, quando visitava New Grange, um lugar a norte de Dublin onde existe um morro funerário neolítico, com cinco mil anos, construído um milénio antes de Abraão ter saído de Ur dos Caldeus em direcção à Terra Prometida. É um sítio cheio de coisas belas e de mistérios. Talvez o segredo do seu significado esteja na pequena abertura sobre a porta que deixa entrar os primeiros raios do sol, renascido a 21 de Dezembro, e penetrar na câmara sepulcral interior. Em escuridão durante o resto do ano, fica inundada pela nova luz durante cerca de dezassete minutos. Enquanto estava dentro da câmara (desejando que fosse dia 21 de Dezembro), alguém apagou a ténue luz eléctrica e ficámos na mais profunda escuridão de que me consigo recordar. Fiquei surpreendido pela atmosfera, nem fria nem assustadora, mas plena de uma paz e contentamento como se fosse um útero. Quem quer que o construiu e nele depositou os seus mortos tinha conhecimento da ressurreição.
A luz do Natal é a primeira luz da Ressurreição. Ela envolve tudo na sua radiância, os vivos e os mortos, a alegria e a dor, os que estão perto e os que estão muito longe. Cada vez que meditamos, estamos unidos nesta luz que brilha agora, não apenas ciclicamente, mas continuamente, no nosso centro mais profundo.
Medite durante 25 minutos… Sente-se em silêncio e de costas direitas. Feche ligeiramente os olhos. Fique descontraído mas atento. Em silêncio, comece interiormente a dizer apenas a palavra-mantra “Maranatha”. Diga-a em quatro sílabas de igual cadência MA-RA-NA-THA. Oiça-a enquanto a pronuncia, serenamente e sem interrupção. Não pense nem imagine nada espiritual ou qualquer outra coisa. Quando surgirem outros pensamentos não ligue, volte simplesmente a dizer a palavra. Medite 20 a 30 minutos de manhã e fim do dia.
Depois da meditação…
"Candelária" - Denise Levertov, in "O Regato & a Safira" (no original "THE STREAM & THE SAPPHIRE: Selected Poems on Religious Themes" - New York: New Directions, 1997 - pp.11)
Com total certeza,
Simeão abriu
os seus vetustos braços
à infante luz.
Décadas antes da Cruz, do túmulo
e da vida nova,
ele conheceu
nova vida.
Que profundezas
de fé em que ele bebia,
virando-se iluminado
para a noite profunda.
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