
A meditação e o constante regresso a ela, todos os dias da nossa vida, é como abrir um caminho pelo meio da realidade. […] E não é coisa pouca entrarmos na realidade, tornarmo-nos reais, tornarmo-nos naquilo que somos, porque, nessa experiência, somos libertados de todas as imagens que, de forma tão constante, nos atormentam. Não temos que ser a imagem que tem de nós qualquer outra pessoa, mas simplesmente a pessoa real que somos.
A meditação é praticada em solidão, mas é a grande forma de aprender a estar em relacionamento. A razão para este paradoxo é que, tendo contactado com a nossa própria realidade, temos a confiança existencial para ir ter com os outros, encontra-los no seu nível real. E, assim, o elemento solitário da meditação é, misteriosamente, o verdadeiro antídoto para a solidão. Tendo contactado com a nossa conformidade com a realidade, já não nos sentimos ameaçados pela alteridade dos outros. Não estamos sempre à procura duma afirmação de nós mesmos. Estamos a fazer a busca do amor, procurando a realidade do outro. […] Na visão cristã da meditação […] encontramos a realidade do grande paradoxo que Jesus ensina: se quisermos encontrar a nossa vida, temos que estar preparados para perdê-la. Na meditação, é isso exactamente o que fazemos. Encontramos a nós mesmos porque estamos preparados para abrir mão de nós mesmos, para nos lançarmos nas profundezas – que em breve parecem ser as profundezas de Deus.
Medite durante 25 minutos… Sente-se em silêncio e de costas direitas. Feche suavemente os olhos. Fique descontraído mas atento. Em silêncio, comece interiormente a dizer apenas a palavra-mantra “Maranatha”. Diga-a em quatro sílabas de igual cadência MA-RA-NA-THA. Oiça-a enquanto a pronuncia, serenamente e sem interrupção. Não pense nem imagine nada espiritual ou qualquer outra coisa. Quando surgirem outros pensamentos não ligue, volte simplesmente a dizer a palavra. Medite 20 a 30 minutos de manhã e fim do dia.
Depois da meditação…
“A Letra” – Tom Clark, in “Luz & Sombra” (no original: Light & Shade: New and Selected Poems - Minneapolis: Coffee House Press, citado em Writer’s Almanac, 7 de Fevereiro de 2007)
O sofrimento
o lamento, o pesar e a alegria
selvagem misturam-se na
letra – um suspiro colectivo de alívio que
desce em cascata
vindo do nada –
um desejo de submergir
na vida como o nadador
na piscina, esquecido
imerso e satisfeito –
a água que vem na cauda de diamantes
espalhados numa voz
enferrujada de afundamento resignado
como se na mesma braçada
todas as pessoas vivas estivessem a falar através de ti –
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
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