
Qual é a diferença entre a realidade e a irrealidade? Penso que uma maneira de o entendermos é vermos a irrealidade como o produto do desejo. Uma coisa que aprendemos na meditação é a abandonar o desejo, e aprendemo-lo porque sabemos que o nosso convite é para viver plenamente no momento presente. A realidade exige quietude e silêncio. E esse é o compromisso que assumimos na meditação. Como todas as pessoas podem descobrir pela sua própria experiência, aprendemos na quietude e no silêncio a aceitar a nós mesmos tal como somos. Isto soa muito estranho aos ouvidos modernos, acima de tudo aos cristãos modernos que foram educados a praticar tanto a competição: “Não deveria eu ser ambicioso? E se eu for má pessoa, será que não devia desejar ser melhor?”
A real tragédia do nosso tempo é que estamos tão cheios de desejo – de felicidade, de sucesso, de riqueza, de poder, seja ele qual for – que estamos sempre a imaginar-nos como poderíamos ser. Portanto é muito raro chegarmos a conhecer-nos a nós mesmos tal como somos e a aceitar a nossa posição presente.
Mas a sabedoria tradicional diz-nos: trata de saber que és e que és como és. Pode bem ser que sejamos pecadores e, se o formos, é importante que saibamos que o somos. Mas muito mais importante para nós é saber, através da nossa própria experiência, que Deus é o terreno da nossa existência [no qual] estamos enraizados e fundados.… Esta é a estabilidade de que todos precisamos, não a luta e movimento de desejo mas a estabilidade e a quietude do enraizamento espiritual. Cada um de nós é convidado a aprender na nossa meditação, na nossa quietude em Deus, que já temos tudo o que é necessário. […]
Medite durante 25 minutos… Sente-se em silêncio e de costas direitas. Feche suavemente os olhos. Fique descontraído mas atento. Em silêncio, comece interiormente a dizer apenas a palavra-mantra “Maranatha”. Diga-a em quatro sílabas de igual cadência MA-RA-NA-THA. Oiça-a enquanto a pronuncia, serenamente e sem interrupção. Não pense nem imagine nada espiritual ou qualquer outra coisa. Quando surgirem outros pensamentos não ligue, volte simplesmente a dizer a palavra. Medite 20 a 30 minutos de manhã e fim do dia.
Depois da meditação…
"A Alma de Rumi" (excerto) – (no original: THE SOUL OF RUMI: A New Collection of Ecstatic Poems, trans.Coleman Barks (New York: HarperCollins, 2002), p.53.)
A clara pérola no centro
muda tudo. Já não há
arestas para o meu amor.
Ouvistes dizer que há
uma janela que abre de uma
mente para uma outra, mas, se não há
parede, não há necessidade de
instalar a janela ou o trinco.
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
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