
(no original: THE HEART OF CREATION - New York: Continuum, 1998 - pp. 42-44)
Um jovem veio ter comigo e perguntou: “como é que consegue aguentar olhar pela janela e ver todos os dias a mesma coisa? Isso não o faz ficar doido?” Talvez a verdadeira questão devesse ser: “como é que nós conseguimos ver sempre tanto, olhando da mesma janela todos os dias?” Os Padres dos primórdios da Igreja sabiam que o tédio vem do desejo, o desejo de realização e de fama, de algo novo, de uma mudança de ambiente ou de actividade, de relacionamentos diferentes, de um novo brinquedo, seja ele qual for.
A oração pura faz encolher o desejo. Na quietude da oração, cada vez mais quietos à medida que nos aproximamos da Fonte de tudo o que é, de tudo o que pode ser, somos tão preenchidos pelo deslumbramento que não há mais espaço para o desejo. Não é bem que transcendamos o desejo, mas antes que deixa, simplesmente, de haver espaço em nós para esse desejo. Todo o nosso espaço está a ser preenchido com a maravilha de Deus. A atenção que é desperdiçada no desejar é recuperada e absorvida por Deus. [….]
Meditando, desprendemo-nos do desejo de controlar, de possuir, de dominar. Em vez disso, procuramos apenas ser “quem somos” e, sendo a pessoa que somos, estamos abertos ao Deus que é. É em resultado desta abertura que ficamos preenchidos pela maravilha e pelo poder da energia de Deus, que é o poder de ser e a energia de estar apaixonado. E, quando estamos apaixonados, é impossível estarmos entediados.
Medite durante 25 minutos… Sente-se em silêncio e de costas direitas. Feche suavemente os olhos. Fique descontraído mas atento. Em silêncio, comece interiormente a dizer apenas a palavra-mantra “Maranatha”. Diga-a em quatro sílabas de igual cadência MA-RA-NA-THA. Oiça-a enquanto a pronuncia, serenamente e sem interrupção. Não pense nem imagine nada espiritual ou qualquer outra coisa. Quando surgirem outros pensamentos não ligue, volte simplesmente a dizer a palavra. Medite 20 a 30 minutos de manhã e fim do dia.
Depois da meditação…
”O Shvetashvatara Upanishad” – versos 3, 8, 10 e 12 in “Upanishads” (no original: “THE UPANISHADS”- Tomales, CA: Nilgiri Press, 1987 - pp. 217-218: tr. E. Easwaran)
Nas profundezas da meditação, os sábios
Viram, dentro de si mesmos, o Senhor de Amor,
Que habita no coração de cada criatura,
Bem fundo, no coração de todos, vive Ele…
O Senhor de Amor tem nas suas mãos o Mundo,
Composto pelo que muda e pelo imutável,
O manifesto e o imanifesto.
O ego separado, ainda sem consciência do Senhor,
Vai em busca do prazer, conseguindo apenas ficar
Mais e mais preso. Quando ele vê o Senhor,
Então acontece o fim da prisão.
Tudo é mudança no mundo dos sentidos,
Mas imutável é o Senhor de Amor.
Medita sobre Ele, deixa-te absorver Nele,
Acorda do sonho da separação.
Que saibas que Ele está sempre no santuário do teu coração.
Em verdade, nada mais há na vida para saber.
Medita e compreende que este mundo
Está preenchido com a presença de Deus.
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
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