
“Espírito” – Fr. Laurence Freeman OSB (excerto), in “Jesus, o Mestre Interior” (no original: JESUS THE TEACHER WITHIN - New York: Continuum, 2000 - pp. 187)
No evangelho de S. João, a Ressurreição e o envio do Espírito são vistos como um evento único. Ao final do Dia de Páscoa, Jesus veio colocar-Se no meio dos Seus discípulos, na sala onde eles estavam escondidos e cheios de medo, de portas trancadas. A primeira palavra que lhes disse foi “Shalom”. Esta rica palavra hebraica para “paz” invocou a bênção da harmonia de todas as ordens de ser. Shalom flui diretamente da harmonia divina que é o Espírito. Recebê-la é tomar parte nessa paz que está para além de toda a compreensão. “E, então, soprou sobre eles, dizendo: “recebei o Espírito Santo””.
Este sopro, que levou as palavras de Jesus para o interior das suas mentes e dos seus corações à escuta, é um meio do Espírito. E, então, deu-lhes o poder de perdoar os pecados. Este poder de perdoar […] é um carisma do Espírito porque o perdão remove o maior de todos os obstáculos à comunicação. Cura as feridas, confessa a verdade que nos liberta, consola a dor, acalma a ira, dissolve o ressentimento, alcança a reconciliação dos inimigos. Quem conhece a verdade tem o poder de perdoar. […]
É através do seu efeito em nós que aprendemos o que é o Espírito: um amigo que não tem preferidos e que liberta o poder de amar, de perdoar infinitamente. Está para além da observação, mas reconhecemo-Lo pelos traços da Sua passagem silenciosa e consoladora pela nossa vida, que nos guia, que nos cura.
Medite durante 25 minutos… Sente-se em silêncio e de costas direitas. Feche suavemente os olhos. Fique descontraído mas atento. Em silêncio, comece interiormente a dizer apenas a palavra-mantra “Maranatha”. Diga-a em quatro sílabas de igual cadência MA-RA-NA-THA. Oiça-a enquanto a pronuncia, serenamente e sem interrupção. Não pense nem imagine nada espiritual ou qualquer outra coisa. Quando surgirem outros pensamentos não ligue, volte simplesmente a dizer a palavra. Medite 20 a 30 minutos de manhã e fim do dia.
Depois da meditação…
”Famoso” – Naomi Shihab Nye, in “Palavras Sob as Palavras” (no original: “WORDS UNDER THE WORDS: Selected Poems” - Portland: Far Cover, 1995 - citado em Poets. Org.)
O rio é famoso para os peixes.
A voz alta é famosa para o silêncio,
que sabia que herdaria a Terra
antes de alguém o ter dito.
O gato que dorme na cerca é famoso para os pássaros
que o observam do aviário.
A lágrima é famosa, brevemente, para a face.
A ideia que carregamos junto ao peito
é famosa para o nosso peito.
A bota é famosa para a terra,
mais famosa do que o sapato de cerimónia
que é famoso só para os soalhos.
A fotografia dobrada é famosa para quem a traz consigo
e não é de todo famosa para a pessoa fotografada.
Eu quero ser famosa para os homens que arrastam os pés
que sorriem ao atravessar a rua,
crianças peganhentas na fila da mercearia,
famosa por ser aquela que retribuiu o sorriso.
Quero ser famosa da mesma maneira que a roldana
ou uma casa de botão, não porque tenha feito algo espetacular,
mas porque nunca se esqueceu do que podia fazer.
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