O Cristianismo de hoje embarcou num projecto radical de recuperação e actualização da dimensão contemplativa em todos os aspectos da vida - o diálogo com os mundos secular e científico e com as outras e religiões e também, dentro de si mesmo, na sua teologia, moral, oração, culto e acção social. Se a Igreja falhar neste esforço de espiritualização ou se ceder à tentação de regressar a um mundo nostálgico de supostas certezas, como alguns gostariam, ser-lhe-á impossível ajustar-se a um mundo secular e ser aquilo que é suposto ser. Hoje em dia, a própria identidade cristã - o acolhimento e a comunicação daquilo que a Humanidade recebe através de Jesus - está em causa. Um corolário dessa identidade é o seu relacionamento com as outras identidades religiosas e a sua necessidade de fazer jogo de equipa com as outras formas de fé na resposta à crise global.
Se não for contemplativa, a Igreja não conseguirá ser contemporânea. A sua "catolicidade" - isto é, a sua universalidade - contrai-se. À medida que se vai contraindo até ao limiar da extinção, vai ficando engelhada até se tornar um mero culto. No entanto, não é o tamanho da congregação que interessa, mas a qualidade da disposição mental que desperta nos que vão à igreja ou nos que o não fazem de todo, de forma convencional, mas que vivem a Fé Cristã de outras formas. Os números sobem e descem. Mas a mente transcende os números. Ou está aberta ou fechada ou tende a ir numa destas direcções. O mundo necessita de pessoas contemplativas, de espírito corajosamente aberto, seja de que forma de fé for - Budistas, Hindus, Judeus ou Muçulmanos. Cada religião enfrenta o seu desafio particular de restabelecer contacto com o seu núcleo espiritual.
O Cristianismo precisa de cristãos contemplativos, que partam da sua experiência deste centro para levarem a palavra de um Evangelho unificador a um mundo ferido e vergado sob o peso da autodestruição. A missão é um elemento do discipulado cristão - dar um passo à frente e falar sobre a experiência da fé. Onde a fé for forte, a conversão não será o objectivo da missão. Esse será o trabalho do Espírito e não um projecto humano. Assim, a missão do cristão contemporâneo é essencialmente contemplativa e conduzirá ao diálogo em lugar do simples "roubo de ovelhas". As pessoas contemplativas nascem da experiência que se alimenta da fé pura. É por isso que precisamos de compreender o que a fé significa.
Medite durante 25 minutos… Sente-se em silêncio e de costas direitas. Feche ligeiramente os olhos. Fique descontraído mas atento. Em silêncio, comece interiormente a dizer apenas a palavra-mantra “Maranatha”. Diga-a em quatro sílabas de igual cadência MA-RA-NA-THA. Oiça-a enquanto a pronuncia, serenamente e sem interrupção. Não pense nem imagine nada espiritual ou qualquer outra coisa. Quando surgirem outros pensamentos não ligue, volte simplesmente a dizer a palavra. Medite 20 a 30 minutos de manhã e fim do dia.
Depois da meditação…
“Emergindo” (excerto) R.S. THOMAS, in “A Poesia de Todos” (no original: EVERYMAN’S POETRY - London: Orion E-Books, 2011 - location 1394; citado em Benignus O’Rourke OSA, FINDING YOUR HIDDEN TREASURE -London: DLT, 2010 - p. 27.)
Ter-me-ia ajoelhado
por longo tempo, lutando contigo,
desgastando-Te. Ouve a minha oração, Senhor,
ouve a minha oração. Parecendo que és surdo, miríades
de mortais mantiverem o seu grito
estridente, explicando o Teu silêncio com
a sua inépcia.
Começa a parecer
que não é nisto que consiste a oração.
É na aniquilação da diferença,
na consciência de mim e em Ti
e de Ti em mim.
Comunidade Mundial de Meditação Cristã - Portugal
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