A linguagem é tão fraca para explicar a plenitude do mistério. É por isso que o silêncio absoluto da meditação é tão supremamente importante. Não tentamos pensar em Deus, falar com Deus ou imaginar Deus. Ficamos nesse magnífico silêncio aberto ao silêncio eterno de Deus. Na meditação, através da prática e ensinado, quotidianamente, pela experiência, descobrimos que este é o ambiente natural para todos nós. Somos criados para isto e o nosso ser floresce e expande-se nesse silêncio eterno.
No entanto, “silêncio”, enquanto palavra, já falsifica a experiência e talvez até faça deter algumas pessoas, pois sugere uma experiência negativa, a privação do som ou da linguagem. As pessoas temem que o silêncio da meditação seja regressivo. Mas a experiência e a tradição ensinam-nos que o silêncio da oração não corresponde ao estado pré-linguístico, mas ao pós-linguístico, no qual a linguagem já completou a sua tarefa de nos conduzir através e para além dela e de todo o reino da consciência mental. O silêncio eterno não está privado de coisa alguma nem nos priva a nós do que quer que seja. É o silêncio do amor, da aceitação sem reservas e incondicional. […]
Sabemos que nós próprios somos amados e, assim, também nós amamos. A meditação consiste em completar este ciclo de amor. Pela nossa abertura ao Espírito que habita nos nossos corações e que, no silêncio, espalha amor por todos, iniciamos uma e outra vez a viagem da fé, porque há sempre um novo começo para essa dança eterna de amar.
Medite durante 25 minutos… Sente-se em silêncio e de costas direitas. Feche ligeiramente os olhos. Fique descontraído mas atento. Em silêncio, comece interiormente a dizer apenas a palavra-mantra “Maranatha”. Diga-a em quatro sílabas de igual cadência MA-RA-NA-THA. Oiça-a enquanto a pronuncia, serenamente e sem interrupção. Não pense nem imagine nada espiritual ou qualquer outra coisa. Quando surgirem outros pensamentos não ligue, volte simplesmente a dizer a palavra. Medite 20 a 30 minutos de manhã e fim do dia.
Depois da meditação….
"O Reconhecimento" - Denise Levertov, in “O Regato & a Safira” (no original “THE STREAM & THE SAPPHIRE: Selected Poems on Religious Themes” - New York: New Directions, 1997 - pp.6)
Para Carolyn Kizer e John Woodbridge,
recordando a celebração do aniversário
de George Herbert, 1983
a espraiar-se de cara para o céu
e a água os sustém,
tal como os falcões descansam sobre o ar
e o ar os sustém,
também eu poderia aprender a fazer
queda livre e flutuar
até ao abraço profundo do Espírito do Criador
sabendo que nenhum esforço faz merecer
a graça que tudo rodeia.
Comunidade Mundial de Meditação Cristã - Portugal
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