“Saúde do Espírito” (excerto) – John Main OSB, in “Plenamente Vivo” (no original: FULLY ALIVE, Meditatio Talk Series 2011-D, Oct-Dez - London: WCCM, 2011 - pp. 9-10)
Um espírito humano saudável exige a expansão. Todos nós precisamos de espaço para respirar, para expandir, para encher as nossas vidas de verdade, de amor. E, se formos saudáveis, sabemos que temos que cruzar todas as fronteiras para o que está para além delas.
O espírito que é saudável é o espírito dum explorador: não estamos aterrorizados com o que está para além, não estamos demasiado cansados para procurar o que está adiante. O espírito que é realmente saudável sabe que não há futuro para nós se não avançarmos incondicionalmente.
A meditação é simplesmente uma via para atingir a saúde básica do espírito, um estado no qual o nosso espírito tem espaço para respirar, onde não é assaltado nem sobrecarregado com trivialidades ou com o que é meramente material; um estado no qual, porque estamos abertos à verdade máxima e ao amor último, somos convocados para transcender todas as meras trivialidades. Somos convidados a viver a vida, não bebendo em águas superficiais, mas na própria fonte.
A derradeira fronteira que somos convocados a ultrapassar é a fronteira da nossa própria identidade, a fronteira, por outras palavras, da nossa própria limitação. Ser um com todos, ser um com o Tudo. Praticar, nas profundezas do nosso próprio ser, aquilo para que Jesus nos convoca: a pessoa que queira encontrar a vida tem de perdê-la.
A disciplina do mantra e a disciplina do retorno quotidiano à oração é, simplesmente, esse compromisso de nos afastarmos de tudo o que é passageiro e nos virarmos para viver a vida bebendo da fonte de toda a existência.
É por isso que devemos deixar para trás todas as imagens, todos os pensamentos, todas as ideias e imaginações; e temos que ficar em silêncio, num silêncio tão profundo quanto formos capazes, na presença do Autor da Vida, do Autor do Amor.
Medite durante 25 minutos… Sente-se em silêncio e de costas direitas. Feche ligeiramente os olhos. Fique descontraído mas atento. Em silêncio, comece interiormente a dizer apenas a palavra-mantra “Maranatha”. Diga-a em quatro sílabas de igual cadência MA-RA-NA-THA. Oiça-a enquanto a pronuncia, serenamente e sem interrupção. Não pense nem imagine nada espiritual ou qualquer outra coisa. Quando surgirem outros pensamentos não ligue, volte simplesmente a dizer a palavra. Medite 20 a 30 minutos de manhã e fim do dia
Depois da meditação….
"Actos de Amor” (excerto) – Christopher Hedges (no original: “Acts of Love” – publicado em truthdig.com em 2012-02-19)
O indivíduo humano isolado não poderá jamais ser plenamente humano. E para os que estão isolados dos outros, os que estão alienados do mundo à sua volta, as falsas alianças de raça, do nacionalismo, de uma causa gloriosa, de classe e de género, competem, com grande sedução, contra a aliança do amor. Estas falsas alianças não nos convidam à humildade e à compaixão, a um reconhecimento das nossas próprias imperfeições, mas a uma forma de auto-exaltação disfarçada de amor. Os que são mais capazes de desafiar estas falsas alianças são os que estão fundados no amor.