Quando a força da fé é libertada na pessoa humana, ela impele-nos a experienciar a realidade para além das palavras, imagens e ideias. Então, descobrimos que os filtros da metáfora, por muito úteis e necessários que possam ser a um certo nível, podem (e devem) ser também desactivados, de modo a que a fé cresça. Tal como acontece com todos os conceitos humanos universais, ou crescemos na fé ou ela murcha e morre. A fé contém o desejo eterno que todos temos de ver a realidade tal como ela é. “Irmãos e irmãs” - dizia S. João - “como iremos ser, isso não o sabemos, mas o que sabemos é que, quando Cristo aparecer, seremos semelhantes a Ele porque O veremos como Ele realmente é. Tal como Ele é puro, todos os que tiverem alcançado esta esperança tornar-se-ão, eles próprios, puros.” (1 Jo 3:2-3).
Ver Deus é tornar-se como Deus. A pureza é a condição para esta visão. Em muitos aspectos da religião, no entanto, onde a fé se restringe à crença ou ao ritual, a pureza significa acumulação de filtros, sobrepostos às várias camadas de intervenção. De todos os modos, no coração de cada religião está o conhecimento místico radical e inamovível de que a pureza mais autêntica é uma visão a 100 % da realidade, sem filtros e sem a mediação da metáfora. Ver a realidade tal como ela é […] constitui um relevante acto de fé. […] [Vemos que] muitas pessoas profundamente religiosas sentem uma aversão ou antipatia pela meditação porque ela parece (e, de facto, consegue) minar as fronteiras seguras que protegem a nossa visão do mundo e o nosso sentimento de que somos superiormente diferentes dos outros.
Um caminho de fé não é uma adesão obstinada a um ponto de vista e aos sistemas de crenças e tradições rituais que o expressam. […] A fé é uma viagem de transformação que exige que penetremos, atravessemos e vamos além do nosso quadro de crenças e de observação de rituais externos – não os traindo ou rejeitando, por um lado, nem nos deixando, por outro, aprisionar pelas suas formas e expressões. […] [Essa viagem exige que] o processo de transformação se desenrole e que a nossa perspectiva da realidade seja continuamente expandida.
Medite durante 25 minutos… Sente-se em silêncio e de costas direitas. Feche ligeiramente os olhos. Fique descontraído mas atento. Em silêncio, comece interiormente a dizer apenas a palavra-mantra “Maranatha”. Diga-a em quatro sílabas de igual cadência MA-RA-NA-THA. Oiça-a enquanto a pronuncia, serenamente e sem interrupção. Não pense nem imagine nada espiritual ou qualquer outra coisa. Quando surgirem outros pensamentos não ligue, volte simplesmente a dizer a palavra. Medite 20 a 30 minutos de manhã e fim do dia.
Depois da meditação…
”Quem Disse Isto?” – Mary Oliver, in “Pássaro Vermelho” (no original: “RED BIRD” - Boston: Beacon, 2008 - p. 58.)
Alguma coisa sussurrou algo
que não era sequer uma palavra.
Era mais como um silêncio
que era compreensível.
Eu estava de pé,
na margem do lago.
Nada vivo, o que chamamos um ser vivo,
se avistava.
E no entanto, a voz penetrou em mim,
na minha vida corporal,
com tanta felicidade.
E não havia ali nada
senão a água, o céu, a erva.
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