
“Nova Santidade” – Laurence Freeman OSB, in Boletim Internacional da WCCM, Abril 2011
Hoje em dia, a velocidade, a incerteza e a imensa interconectividade das questões agudas do mundo – desde a alimentação, o solo e a água até à biodiversidade e aos sistemas financeiros – confrontam-nos com a necessidade daquilo a que Simone Weil chamou “uma nova santidade”, tão necessária ao mundo de hoje quanto “uma cidade dilacerada pela peste precisa de médicos”. O uso que ela faz da palavra “santidade” poderia alienar muitas pessoas, hoje em dia. Porém, ele mostra como as antigas palavras tão familiares do nosso vocabulário religioso – cobertas de pó por longo tempo – podem ser reabilitadas, recarregadas com o seu poder original para abrir novas formas de percepção. A sua “nova santidade” é a integração de uma explícita percepção profunda da universalidade e carácter inclusivo do mundo e de todos os seus habitantes. Ela é nova e, no entanto, está presente há longo tempo, tentando irromper plenamente. “Já não há judeu nem grego, escravo ou homem livre, homem ou mulher; pois todos sois uma única pessoa em Cristo Jesus”. (Gl 3:28)
Este percepção profunda caracteristicamente paulina mete no mesmo saco o social e o místico. Tal como o próprio Jesus, ela põe em causa todas as estruturas de poder pelas quais as distinções entre pessoas são elevadas a um nível absoluto – os sistemas de castas, de classes, religioso, económico ou cultural, nos quais vivemos localmente. Confronta os ambientes seguros do local com as perturbadoras, embriagadoras vistas do global onde os horizontes se desmoronam. À medida que caem, o universal emerge – sempre mais como uma forma de percepção do que como um objecto de percepção. […] Estar “em Cristo” […] devolve-nos a este mundo de uma nova maneira, com visão e compreensão renovadas. Dá-nos uma nova forma de viver no mundo, libertos das antigas compulsões, da dependência da violência, e dos repetidos padrões de opressão e exploração.
O desafio para um cristão contemporâneo […] não é tentarmos resolver o problema baptizando todos. […] O significado de missão mudou para o cristão moderno, por causa das formas como o mundo mudou e da direcção em que ele vai. Quem quer que participe na resolução de uma crise, emerge dela mudado. A identidade cristã também evolui – é enriquecida e elevada, de facto – quando arriscamos a nossa fé num encontro real com os problemas do mundo. Colocar-se acima da disputa, a julgar a partir de uma posição de superioridade é acabar com uma mentalidade de fortaleza, um fundamentalismo e exclusivismo, que por fim destrói a fé porque corrói a compaixão.
Só se nos envolvermos com o mundo e com os nossos irmãos e irmãs na fé é que poderemos evitar o desespero e a catástrofe e ajudar a empurrar a crise colectiva em direcção à esperança e à mudança positiva.
Medite durante 25 minutos… Sente-se em silêncio e de costas direitas. Feche suavemente os olhos. Fique descontraído mas atento. Em silêncio, comece interiormente a dizer apenas a palavra-mantra “Maranatha”. Diga-a em quatro sílabas de igual cadência MA-RA-NA-THA. Oiça-a enquanto a pronuncia, serenamente e sem interrupção. Não pense nem imagine nada espiritual ou qualquer outra coisa. Quando surgirem outros pensamentos não ligue, volte simplesmente a dizer a palavra. Medite 20 a 30 minutos de manhã e fim do dia.
Depois da meditação…
”Uma Canção” – Rumi (in “THE SOUL OF RUMI”, tr. Coleman Barks - New York: HarperCollins, 2001 - pp. 247-48.)
O que é louvado é um só, por isso o louvor é um também,
muitos jarros são despejados
numa enorme bacia. Todas as religiões, todo este canto, uma canção.
As diferenças são apenas ilusão e vaidade. A luz do Sol
parece ligeiramente diferente
sobre esta parede do que parece sobre aquela e muito diferente
sobre esta outra, mas é ainda assim uma só luz.
Pedimos emprestadas estas roupagens, estas personalidades
de tempo e espaço, a uma luz
e, quando louvamos,
despejamo-las de novo na fonte.
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
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