
“Espírito” (excerto) – Fr. Laurence Freeman OSB in “Jesus, o Mestre Interior” (no original: JESUS THE TEACHER WITHIN - New York: Continuum, 2000 - pp. 186 87.)
A alegria de compreender a verdade é a felicidade do espírito. Apaga a vergonha de todos os fracassos anteriores. Conscientes de que este Espírito de verdade está connosco como um amigo, estamos mais capazes de tolerar, nos outros e em nós mesmos, aquilo que ainda não atingiu a plenitude de ser. […] A verdade é tolerante porque o Espírito é amor que perdoa. Ele permite que o que não é verdadeiro sobreviva por agora, do mesmo modo que um pai amoroso permite que uma criança cometa erros. A verdade abraça, em vez de excomungar os seus inimigos. Ela torna-se manifesta depois de muito se destilar a experiência. Não é um objecto ou uma resposta para ser olhada e preservada. E, onde não existe um ego através do qual a verdade tem que passar, a comunicação dilata-se em comunhão. O Espírito é a ausência de ego, o vazio sem limites de Deus. Ele, portanto, enche tudo com o seu vazio e contém “toda a verdade”. Só o vazio pode conter tudo. […]
No evangelho de S. João, a Ressurreição e o envio do Espírito são vistos como um evento único. Na noite do Dia de Páscoa, Jesus veio colocar-Se no meio dos Seus discípulos, na sala onde eles estavam escondidos e cheios de medo, de portas trancadas. A primeira palavra que lhes disse foiShalom. […] Shalom flui directamente da harmonia divina que é o Espírito. Recebê-la é tomar parte nessa paz que está para além de toda a compreensão. “E, então, soprou sobre eles, dizendo “recebei o Espírito Santo””. Este sopro que levou as palavras de Jesus para o interior das suas mentes e dos seus corações à escuta, é um meio do Espírito.
E então deu-lhes o poder de perdoar os pecados. Este poder de perdoar […] é um carisma do Espírito porque o perdão remove o maior de todos os obstáculos à comunicação. Cura as feridas, confessa a verdade que nos liberta, consola a dor, acalma a ira, dissolve o ressentimento, alcança a reconciliação dos inimigos. Quem conhece a verdade tem o poder de perdoar. […] É através do seu efeito em nós que aprendemos o que é o Espírito: um amigo que não tem preferidos e que liberta o poder de amar, de perdoar infinitamente. Está para além da observação, mas reconhecemo-Lo pelos traços da Sua passagem silenciosa pela nossa vida, que nos guia, que nos cura.
Medite durante 25 minutos… Sente-se em silêncio e de costas direitas. Feche ligeiramente os olhos. Fique descontraído mas atento. Em silêncio, comece interiormente a dizer apenas a palavra-mantra “Maranatha”. Diga-a em quatro sílabas de igual cadência MA-RA-NA-THA. Oiça-a enquanto a pronuncia, serenamente e sem interrupção. Não pense nem imagine nada espiritual ou qualquer outra coisa. Quando surgirem outros pensamentos não ligue, volte simplesmente a dizer a palavra. Medite 20 a 30 minutos de manhã e fim do dia
Depois da meditação…
”O Espírito de Deus” – Santa Hildegarda de Bingen (no original: tradução de Carol Lee Flinders, in “A Little Book of Women Mystics” - New York, Harper Collins, 1995)
O Espírito de Deus
é uma vida que concede vida.
Raiz da árvore do mundo
e vento nos seus ramos.
Raspando os pecados,
Ele unge com óleo as feridas.
É vida resplandecente.
Atrai todos os louvores.
Capaz de tudo despertar;
de tudo ressuscitar.