“Inocência Original” (excerto) – John Main OSB, in “Momento de Cristo” (no original: MOMENT OF CHRIST - New York: Continuum, 1998 - pp. 55-57)
Todas as grandes verdades são a própria simplicidade. Só as podemos conhecer quando nos tornamos simples. Quando nos sentamos para meditar e começamos a recitar a nossa palavra, o nosso mantra, estamos no caminho para essa simplicidade. Estamos no caminho para as fundações em que assenta toda a nossa existência.
Estamos a caminho da união, união com Jesus. […] Essa era e é a inspiração destas palavras de S. Paulo:
“Pois quem conhece as coisas que há no homem, senão o espírito do homem que nele reside? Assim também as coisas de Deus ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus. Ora, nós não recebemos o espírito do mundo, mas sim o Espírito que vem de Deus, que nos dá a conhecer as graças que Deus nos prodigalizou.” (1Cor 2:11-12)
Esse é o convite feito a cada um de nós, o de conhecermos pessoalmente, a partir da nossa própria experiência, as graças que Deus nos prodigalizou. O caminho para esse conhecimento é o caminho da fidelidade, uma fidelidade quotidiana à nossa meditação. Fielmente, de manhãzinha e ao fim da tarde de todos os dias da nossa vida, pormos de lado tudo o que é passageiro e ficamos abertos ao eterno Espírito de Deus. É também o caminho da fidelidade durante a meditação, dizendo fielmente a nossa palavra, o nosso mantra, do princípio ao fim, não seguindo os pensamentos, não dando voltas na cabeça a frases e palavras, [mas] crescendo em simplicidade.
O poder pelo qual fazemos tudo isto é-nos dado. É o poder do amor de Jesus. Tal como S. Paulo chama cada um de nós a que conheçamos: “Não sabeis que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” (1Cor 3:16)
Na nossa meditação, procuramos estar tão plenamente abertos quanto nos é possível nesta vida ao Espírito de Deus que habita em nós.
Medite durante 25 minutos… Sente-se em silêncio e de costas direitas. Feche ligeiramente os olhos. Fique descontraído mas atento. Em silêncio, comece interiormente a dizer apenas a palavra-mantra “Maranatha”. Diga-a em quatro sílabas de igual cadência MA-RA-NA-THA. Oiça-a enquanto a pronuncia, serenamente e sem interrupção. Não pense nem imagine nada espiritual ou qualquer outra coisa. Quando surgirem outros pensamentos não ligue, volte simplesmente a dizer a palavra. Medite 20 a 30 minutos de manhã e fim do dia
Depois da meditação….
"Homilia I” (excerto) – Pseudo-Macário (extraído do original: AN ANTHOLOGY OF CHRISTIAN MYSTICISM, ed. Harvey Egan - Collegeville, MN: The Liturgical Press, 1996 - pp. 83-84)
Pois a alma que tem o privilégio de estar em comunhão com o Espírito […] torna-se toda ela luz, toda ela face, toda ela olho, e não há qualquer parte dela que não esteja cheia dos olhos espirituais da luz. […] Tal como o fogo, a própria luz do fogo, está igualmente por todo o lado, não tendo, em si, nem primeiro nem último, nem maior nem menor, pelo que também a alma está perfeitamente irradiada pela indizível beleza da luz de Cristo, […] torna-se toda ela olho, toda ela luz, toda ela face, toda ela glória, toda ela espírito, sendo, assim, transformada por Cristo que a conduz e guia e a carrega e a segura e agracia, deste modo, com a beleza espiritual.