
(original: “THE WAY OF UNKNOWING” - New York: Crossroad, 1990 - pp. 79-81)
Qual é a diferença entre a realidade e a irrealidade? Penso que uma maneira de o entendermos é vermos a irrealidade como produto do desejo. Uma coisa que aprendemos na meditação é a abandonar o desejo e aprendemo-lo porque sabemos que o nosso convite é para viver plenamente no momento presente. A realidade exige quietude e silêncio e presença. E esse é o compromisso que assumimos na meditação. Como todas as pessoas podem descobrir, pela sua própria experiência, aprendemos, na quietude e no silêncio, a aceitar a nós mesmos tal como somos. Isto soa de forma muito estranha aos ouvidos das pessoas dos tempos modernos, acima de tudo, aos cristãos modernos, que foram educados a praticar tanto a competição: “Não deveria eu ser ambicioso? E se eu for má pessoa, será que não devia desejar ser melhor?”
A real tragédia do nosso tempo é que estamos tão cheios de desejo – de felicidade, de sucesso, de riqueza, de poder, seja ele qual for – que estamos sempre a imaginar-nos como poderíamos ser. É muito raro chegarmos a conhecer-nos a nós mesmos tal como somos e a aceitar a nossa posição presente. Mas a sabedoria tradicional diz-nos: trata de saber que és e que és como és. Pode bem ser que sejamos pecadores e se o formos é importante que saibamos que o somos. Mas muito mais importante para nós é saber, através da nossa própria experiência, que Deus é o terreno da nossa existência. […] Esta é a estabilidade de que todos precisamos, não a luta e o movimento de desejo, mas a estabilidade e a quietude do enraizamento espiritual. Cada um de nós é convidado a aprender na nossa meditação, na nossa quietude em Deus, que já temos tudo o que é necessário. […]
Medite durante 25 minutos… Sente-se em silêncio e de costas direitas. Feche suavemente os olhos. Fique descontraído mas atento. Em silêncio, comece interiormente a dizer apenas a palavra-mantra “Maranatha”. Diga-a em quatro sílabas de igual cadência MA-RA-NA-THA. Oiça-a enquanto a pronuncia, serenamente e sem interrupção. Não pense nem imagine nada espiritual ou qualquer outra coisa. Quando surgirem outros pensamentos não ligue, volte simplesmente a dizer a palavra. Medite 20 a 30 minutos de manhã e fim do dia.
Depois da meditação…
"As Confissões" (excerto) – Santo Agostinho de Hipona, citado em “Antologia do Misticismo Cristão” (original: AN ANTHOLOGY OF CHRISTIAN MYSTICISM, ed.Harvey D. Egan - Collegeville, MN: The Liturgical Press, 1996 - p. 68.)
Tarde Vos amei, ó Beleza tão antiga e tão nova, tarde Vos amei! Eis que habitáveis dentro de mim, e eu lá fora a procurar-Vos! Disforme, lançava-me sobre estas formusuras que criastes. Estáveis comigo, e eu não estava convosco!
… Porém chamastes-me com uma voz tão forte que rompestes a minha surdez! Brilhastes, cintilastes, e logo afugentastes a minha cegueira! Exalastes perfume: respirei-o suspirando por Vós. …
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
http://www.meditacaocrista.com/
https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal