O amor de Deus é dado a cada um de nós de forma livre, generosa e universal. Mas, tal como Marta, na história do Evangelho, todos nós estamos tão atarefados com tantas coisas. […] Como é que aprendemos a pôr em quietude as nossas mentes irrequietas e que tanto vagueiam? Temos uma das primeiras grandes lições de humildade quando compreendemos que alcançamos a sabedoria e a quietude, passando além da distracção, somente através do dom de Deus. Tudo o que precisamos para experienciar o dom é dispormo-nos a isso. E fazemo-lo tornando-nos silenciosos, fazendo, a resposta humana essencial ao mistério de Deus, à infinitude de Deus, silêncio.
As pessoas perguntam: “como é a experiência do silêncio?” Com isso querem dizer: “o que é que acontece? A que é que se assemelha?” Assemelha-se ao silêncio. “Mas o que é que acontece?” No silêncio – paz. No silêncio – presença. E silêncio mais profundo. […]
O caminho para o silêncio requer grande paciência, grande fidelidade e que aprendamos a dizer o mantra. Como dizia João Cassiano, o mantra contém tudo o que a mente humana consegue expressar e tudo o que o coração humano pode sentir. Essa única e pequena palavra ou frase, convoca-nos e conduz-nos ao silêncio que é o silêncio da energia criativa. Quanto tempo isso leva não interessa. “Para o Senhor, mil anos são como um dia.” A única coisa que importa é estarmos a caminho.
Medite durante 25 minutos… Sente-se em silêncio e de costas direitas. Feche suavemente os olhos. Fique descontraído mas atento. Em silêncio, comece interiormente a dizer apenas a palavra-mantra “Maranatha”. Diga-a em quatro sílabas de igual cadência MA-RA-NA-THA. Oiça-a enquanto a pronuncia, serenamente e sem interrupção. Não pense nem imagine nada espiritual ou qualquer outra coisa. Quando surgirem outros pensamentos não ligue, volte simplesmente a dizer a palavra. Medite 20 a 30 minutos de manhã e fim do dia.
Depois da meditação…
"Cai Neve" - Mary Sarton, in “Colectânea de Poemas: 1930-1931” (edição: Norton, 1992 - citado em The Writer’s Almanac - 2013-02-02)
Sem vento algum a soprar,
Suavemente, desliza descendo,
E o mundo vai envolvendo
Num fresco e alvo chão,
Uma ternura de nevão.
Vai caindo, caindo como o sono
Até os olhos despertos conseguir cerrar
A tudo o que é perda e desperdiçar
Enquanto a paz entra e flui
Num sonho nevado do que eu conservo.
O silêncio assume o ar
E os cinco sentidos todos
Vão pairando na descida
Para um qualquer sítio mágico
Além da esperança e do desesperar.
Nada há a fazer
Senão deslizar agora, mais ou menos,
Sobre certa e grandiosa afectividade,
Sobre algo que abençoa, na realidade,
A silenciosa, a terna neve.
Comunidade Mundial de Meditação Cristã - Portugal
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