
A meditação é um estado de ser em que não estamos a pensar, não estamos a imaginar, não estamos a ter conversas imaginárias com ninguém. Estamos em perfeita paz, em perfeita quietude, em perfeita tranquilidade. No silêncio da meditação, quando vamos além do pensamento e da imaginação, estamos a aprender a ser. A ser nós mesmos, não a ser como se nos estivéssemos a autodefinir através de alguma actividade, quer esta seja alguma forma de trabalho ou de processo de pensamento, mas simplesmente a ser. Ser a pessoa que somos, sem tentar justificar a nossa existência ou inventar desculpas pela nossa existência. Ser apenas como somos. […]
Passamos além de todas as imagens, acima de tudo da imagem que temos de nós mesmos. Despimo-nos de todas as nossas máscaras. Depomo-las […] ao nosso lado, à medida que começamos a tornar-nos a pessoa real que somos, em absoluta simplicidade. Estamos a dizer o nosso mantra, não para impressionar alguém; estamos a dizer o nosso mantra para deixarmos todas as imagens, todas as palavras, para trás, para podermos estar em total simplicidade. […]
Quando estamos a meditar, não só não tentamos responder a uma imagem de nós próprios ou à imagem que qualquer outra pessoa tem de nós, mas, ao meditar, abrimos mão de todas as imagens. É o processo de nos esvaziarmos de toda a fantasia, de todas as imagens, de toda a irrealidade, abrindo espaço para o verdadeiro eu, a pessoa verdadeira que somos. Estamos a libertar-nos das imagens, das fantasias, dos medos e desejos que nos retiram a liberdade de ser quem somos. Na visão cristã da meditação, todo o propósito do processo é libertar o nosso espírito para ficar aberto à infinidade, permitir que o nosso coração e a nossa mente, o nosso ser todo, se expanda para além das barreiras do nosso próprio eu isolado e atingirmos a união com todos, com Deus.
Medite durante 25 minutos… Sente-se em silêncio e de costas direitas. Feche suavemente os olhos. Fique descontraído mas atento. Em silêncio, comece interiormente a dizer apenas a palavra-mantra “Maranatha”. Diga-a em quatro sílabas de igual cadência MA-RA-NA-THA. Oiça-a enquanto a pronuncia, serenamente e sem interrupção. Não pense nem imagine nada espiritual ou qualquer outra coisa. Quando surgirem outros pensamentos não ligue, volte simplesmente a dizer a palavra. Medite 20 a 30 minutos de manhã e fim do dia.
Depois da meditação…
“Entrando em Descanso” – Gunilla Norris, in “Estar em Casa: Descobrir o Espiritual no Quotidiano” (no original: “BEING HOME: Discovering the Spiritual in the Everyday” - Mahwah, NJ: HiddenSpring, 2001 - p. 71.)
Querido Companheiro do meu dia,
Tu és o Mistério Santo a que me rendo
quando fecho os olhos. A Ti entrego a mim mesmo,
os meus defeitos, os meus erros, as minhas vãs
autosatisfações. Entrego-Te os que me são queridos:
as minhas mais acalentadas esperanças para eles, as minhas preocupações
e os meus pensamentos negros a seu respeito.
Retira-me a minha bem construída separação.
Preserva-me na Tua verdade.
Este dia já passou; a Ti o entrego.
Quando penso em amanhã, também To entrego.
Guarda-me ao longo desta noite. Contigo
e em Ti posso confiar sem nada saber.
Posso confiar na incompletude como caminho.
Escuro com a escuridão, silencioso com o silêncio,
Ajuda-me a ousar ser esse ser vazio - sem futuro,
sem desejo – que respira o Teu nome mesmo quando dorme.
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
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