Um dos dilemas geradores de perplexidade para o Cristianismo, hoje em dia, é, talvez, o significado de comunicar o Evangelho de uma forma não competitiva, no contexto das relações com outras fés. […] Para os cristãos exclusivistas, é claro, esta questão não tem sentido. Mas talvez […] o Espírito esteja a tentar ensinar-nos alguma coisa. Talvez o Cristianismo esteja a aprender que, se é verdadeiramente universal, tem de se reconhecer a si mesmo em todas as formas da experiência espiritual humana e em todos os tipos de eventos religiosos. […]
Estamos, hoje, a precisar dum novo caminho de diálogo religioso, de tolerância, de reverência mútua e de aprendizagem a partir uns dos outros, que os que nos precederam jamais poderiam ter imaginado. No entanto, o caráter correto dum tal caminho para os cristãos é atestado pelo facto de ser tão compatível com a personalidade e o exemplo de Jesus. Ele não rejeitava ninguém, tolerava todos e via o Mistério de Deus em todas as pessoas e na Natureza. Comia com aqueles que deveria ter desprezado; falava com aqueles que devia ter evitado. Ele estava tão aberto aos outros como o estava a Deus. […]
Em Jesus, o tempo e a eternidade intersetam-se, […] e a interseção ocorre na pobreza em espírito humana. […] A pobreza não é apenas a ausência de coisas mas a consciência da nossa necessidade dos outros, de Deus. A necessidade humana é universal. Os ricos e os mais poderosos, tal como os mais pobres e mais marginalizados, todos estão igualmente necessitados. A necessidade é simplesmente o forte sentimento que emerge como resposta ao facto da nossa interdependência. Não estamos separados uns dos outros nem de Deus. A sabedoria é o reconhecimento desse facto e a compaixão é a sua prática.
Na meditação, mergulhamos num nível de realidade mais profundo do que o da nossa superfície, as nossas mentes conduzidas pelo ego, que são, tantas vezes, apanhadas na rede da ilusão da nossa independência e isolamento. Desembaraçar-nos dessa rede é o trabalho diário que fazemos na meditação e é também o novo padrão da prática da presença de Deus - na vida comum, em toda a Natureza e em todas as pessoas.
Medite durante 25 minutos… Sente-se em silêncio e de costas direitas. Feche ligeiramente os olhos. Fique descontraído mas atento. Em silêncio, comece interiormente a dizer apenas a palavra-mantra “Maranatha”. Diga-a em quatro sílabas de igual cadência MA-RA-NA-THA. Oiça-a enquanto a pronuncia, serenamente e sem interrupção. Não pense nem imagine nada espiritual ou qualquer outra coisa. Quando surgirem outros pensamentos não ligue, volte simplesmente a dizer a palavra. Medite 20 a 30 minutos de manhã e fim do dia.
Depois da meditação…
"Shvetashvatura Upanishad" (excerto), in “Upanishads”, tradução de Eknath Easwaran (ed. original de Tomales, CA: Nilgiri Press, 1995 – p. 225)
Que o Senhor do Amor, que Se projeta a Si próprio
Neste Universo sob uma miríade de formas,
De quem todos os seres provêm e a quem todos
Retornam, nos conceda a graça da sabedoria.
Ele é fogo e o sol, a lua
E as estrelas. Ele é o ar e o mar
E o Criador, Prajapati.
Ele é este rapaz, ele é aquela menina, Ele é
Este homem, Ele é aquela mulher e Ele é
Este ancião, também, cambaleando apoiado na bengala.
A Sua face está em todo o lado.
Ele é o pássaro azul, Ele é o pássaro verde
Com olhos vermelhos; Ele é a nuvem de trovoada
E é as estações do ano e os mares.
Não tem princípio, não tem fim.
Ele é a fonte a partir da qual tudo evolui.
Do Seu poder divino surge todo este
Espetáculo de nome e forma, de ti
E de mim, que lança o feitiço da dor e do prazer.
Só quando perfuramos o véu
É que vemos o Único que aparece como muitos.
Comunidade Mundial de Meditação Cristã - Portugal
www.meditacaocrista.com
https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal