
Quando a força da fé é libertada na pessoa humana, ela impele-nos a experienciar a realidade para além das palavras, imagens e ideias. Então, descobrimos que os filtros da metáfora, por muito úteis e necessários que possam ser a um certo nível, podem (e devem) ser também desactivados, de modo a que a fé cresça. Tal como acontece com tudo o que é universal, humanamente, ou crescemos na fé ou ela murcha e morre. A fé contém o anseio eterno que todos temos de ver a realidade tal como ela é. […]
Ver a realidade tal como ela é ou, pelo menos, libertarmo-nos progressivamente de alguns dos seus filtros, constitui um relevante acto de fé. Ele expressa a face confiante da fé porque o nosso apego às crenças e rituais da nossa tradição (e não as crenças e rituais em si) torna-se numa segurança falsa e falsificadora. E, por isso, muitas pessoas profundamente religiosas sentem uma aversão ou antipatia pela meditação porque ela parece (e, de facto, o faz) minar as fronteiras seguras que protegem a nossa visão do mundo e o nosso sentimento de que somos superiormente diferentes dos outros.
Um caminho de fé, no entanto, não é uma adesão obstinada a um ponto de vista e aos sistemas de crenças e tradições rituais que o expressam. Isso faria dele apenas ideologia ou sectarismo, não fé. A fé é uma viagem de transformação que exige que penetremos, atravessemos e vamos além do nosso quadro de crenças e de observação de rituais externos – não os traindo ou rejeitando, por um lado, nem nos deixando, por outro, aprisionar pelas suas formas e expressões. S. Paulo falava do Caminho para a salvação como começando e terminando na fé. Fé é, portanto, um caminho sem fim determinado, logo desde o início da nossa viagem humana. Naturalmente, necessitamos dum enquadramento, dum sistema e duma tradição. [Mas] se estivermos estavelmente centrados nestes, o processo de transformação desenrola-se e a nossa perspectiva da verdade é continuamente expandida.
Medite durante 25 minutos… Sente-se em silêncio e de costas direitas. Feche suavemente os olhos. Fique descontraído mas atento. Em silêncio, comece interiormente a dizer apenas a palavra-mantra “Maranatha”. Diga-a em quatro sílabas de igual cadência MA-RA-NA-THA. Oiça-a enquanto a pronuncia, serenamente e sem interrupção. Não pense nem imagine nada espiritual ou qualquer outra coisa. Quando surgirem outros pensamentos não ligue, volte simplesmente a dizer a palavra. Medite 20 a 30 minutos de manhã e fim do dia.
Depois da meditação…
“O Mapa” – Marie Howe, © copyright 2016; originalmente publicado em “Um Poema por Dia” (no original: “Poem-a-Day, October 27, 2016 by The Academy of American Poet @ poets.org.)
O Mapa
O falhanço do amor poderia justificar a maior parte do sofrimento no mundo.
A rapariga estava debruçada sobre o seu trabalho de casa de Estudos Globais
no ar sobre o qual desenhou o mapa com o dedo
tocando o Deserto de Gobi,
o Planalto do Tibre à sua frente,
e olhando no sentido inverso através do seu mapa transparente
eu vi realmente de súbito,
como a esquerda dela é a minha direita e, por um momento, compreendi.
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
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