
“Queridos Amigos” (excerto) – Laurence Freeman OSB, in Boletim Internacional da WCCM - abril de 2009
Sabemos espantosamente pouco sobre os aspetos pessoais da vida daqueles mestres espirituais que têm ajudado a Humanidade a evoluir e têm verdadeiramente mudado a mente humana. É a sua autenticidade pessoal, não as suas histórias pessoais, que constitui o critério para a nossa confiança neles e para a transmissão da verdade que encarnam. A autoridade rara e poderosa do verdadeiro mestre permite-nos, ao mesmo tempo, confiar no seu ensinamento e aplica-lo à nossa própria vida.
Porém, a autoridade pessoal não é o mesmo que a força institucional. Para muitas pessoas dos tempos modernos, a verdadeira autoridade do Cristianismo é posta em causa pela insistência na ortodoxia dogmática em que “tens que acreditar nisto para seres um de nós”. Como crianças ou como adultos não autorrealizados, podemos aceitar essa insistência porque ela nos proporciona a segurança de pertencer a um grupo com firmes convicções e apazigua o medo da rejeição ou de ficar sozinho. Mas quanto mais de perto observamos a ideia de que a crença pode ser forçada, mais vemos o quanto isso é absurdo.
A crença em qualquer revelação da verdade cresce através dum processo que inclui tanto a experiência pessoal como a confiança na autenticidade do mestre. Não que as verdades essenciais do Cristianismo não sejam importantes, mas que, como são tão importantes, não podem ser reduzidas a fórmulas prontas a usar, expostas sob formas linguísticas imutáveis. Não são convites carimbados para festas nem vistos de acesso ao Reino. A verdade autêntica precisa de crescer no solo da vida quotidiana, como a semente do próprio Reino. A verdade cresce em nós à medida que crescemos em relação com a verdade. Qualquer instituição – política, educacional ou religiosa – que negue isto acaba por perder a confiança dos seus membros. A boa fé significa tanto confiança como crença.
Medite durante 25 minutos… Sente-se em silêncio e de costas direitas. Feche ligeiramente os olhos. Fique descontraído mas atento. Em silêncio, comece interiormente a dizer apenas a palavra-mantra “Maranatha”. Diga-a em quatro sílabas de igual cadência MA-RA-NA-THA. Oiça-a enquanto a pronuncia, serenamente e sem interrupção. Não pense nem imagine nada espiritual ou qualquer outra coisa. Quando surgirem outros pensamentos não ligue, volte simplesmente a dizer a palavra. Medite 20 a 30 minutos de manhã e fim do dia.
Depois da meditação…
“Para Encontrar de Novo” – W.S. Merwin, in “Companhia Presente” (no original: “PRESENT COMPANY” - Port Townsend, WA: Copper Canyon Press, 2005 - pp. 114-15)
Tudo o resto tem que ter mudado,
tem que ser diferente
no momento em que tu apareceres
mais do que nunca o mesmo
apanhando-me de surpresa
na minha diferença
minha idade
muito depois de eu ter chegado
ao fim
de acreditar em ti
ao fim da esperança
que nem sequer foi
a primeira das mudanças
quando eu imaginei
que te estava a esquecer
nem sequer precisaste da memória
para ficares ali
deixando os anos desaparecem
as milhas partirem
nada de surpreendente nisso
mesmo a ânsia
não precisa da memória
para saber o que tentar alcançar
e nada te surpreende a ti
que sempre ali estiveste
onde quer que fosse
para lá da crença
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