
“Universal” (excerto) – Laurence Freeman OSB
in Boletim Internacional da WCCM, inverno 2001
A paz não é alcançada arrancando o mal pela raiz e destruindo-o. Quando nos tornamos conscientes dos nossos vícios – a raiva, o orgulho, a ganância, a luxúria – a tentativa de os destruir facilmente degenera num ódio a nós próprios. No fim de contas, se não nos conseguimos amar a nós mesmos, para quê tentar amar os outros? Melhor do que destruir as nossas falhas é trabalhar, pacientemente, para implantar as virtudes – um trabalho mais lento e menos espetacular, mas muito mais efetivo. E, evitando os perigos da hipocrisia religiosa e do farisaísmo, criamos uma personalidade de trato mais agradável. Ocultas em todas a nossas faltas – a nossa capacidade para o mal – estão, também, as sementes de muitas virtudes. O terrorista poderá ter tido em si a semente da justiça antes de a raiva e a ilusão paranoica de que é o instrumento da ira de Deus se terem dele apoderado. Quando conduzimos uma guerra contra nós próprios (muitos dos maiores fanáticos religiosos foram pessoas abnegadas), corremos o risco de provocar imensos danos colaterais, pela destruição das nossas próprias sementes de virtude. Todos os tipos de violência constituem um crime contra a Humanidade porque privam o mundo de uma bondade desconhecida.
O primeiro passo para implementar as virtudes que irão finalmente sobrepor-se aos vícios é estabelecer a virtude fundamental da oração profunda e regular. Através deste ritmo silencioso de oração, a sabedoria penetra, lentamente, na nossa mente e no nosso mundo. A sabedoria é a força universal que faz surgir o bem do mal. Como diz o Livro da Sabedoria, “a esperança para a salvação do mundo reside no maior número possível de pessoa sábias”. Os sábios conhecem a diferença entre autoconhecimento e autofixação, entre desapego e dureza de coração, entre correção e crueldade. Não existem regras para a sabedoria. As regras nunca são universais. Mas a virtude é.
Medite durante 25 minutos… Sente-se em silêncio e de costas direitas. Feche suavemente os olhos. Fique descontraído mas atento. Em silêncio, comece interiormente a dizer apenas a palavra-mantra “Maranatha”. Diga-a em quatro sílabas de igual cadência MA-RA-NA-THA. Oiça-a enquanto a pronuncia, serenamente e sem interrupção. Não pense nem imagine nada espiritual ou qualquer outra coisa. Quando surgirem outros pensamentos não ligue, volte simplesmente a dizer a palavra. Medite 20 a 30 minutos de manhã e fim do dia.
Depois da meditação…
“Livro da Sabedoria (8:21-29) ” – (no original da “Christian Community Bible” - Quezon City, Philippines: Claretian Publications, 1997- p. 925)
A sabedoria ultrapassa em mobilidade tudo o que se move e, sendo tão pura, difunde-se e permeia todas as coisas.
Ela é um sopro do poder de Deus, uma emanação pura da glória do Todo-poderoso; nada impuro pode nela penetrar. Ela é um reflexo da luz eterna, um espelho sem mancha da ação de Deus e uma imagem da Sua bondade.
Ela é apenas uma; no entanto, a Sabedoria consegue fazer qualquer coisa e, sem se modificar a si própria, renova todas as coisas. Penetra nas almas, fazendo-as profetas e amigas de Deus. […] É, de facto, mais bela que o sol e ultrapassa todas as constelações; ultrapassa até a luz, pois esta dá lugar às trevas, enquanto o mal nunca prevalecerá sobre a Sabedoria.
Comunidade Mundial de Meditação Cristã - Portugal
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