
in Boletim Internacional da WCCM janeiro de 1997
A meditação consiste em viver no momento de Cristo como John Main compreendeu tão profundamente. Não tem a ver com pensar em Cristo como Ele era ou como virá de novo, mas com estar com Ele e ser-se transformado pelo Seu ser. Este não é um momento histórico estático, mas um fluir, um florescer e um desabrochar do próprio mistério de Ser. […]
A prática da meditação é a única forma de aprender o que a meditação significa e como esse significado é muito mais do que possa parecer àqueles que dela querem tirar algum resultado a curto prazo; e muito mais do que parece aos que pensam que, ao meditar, fazem acontecer alguma coisa. Aprendendo a meditar, chegamos à compreensão de como devemos dizer o mantra e de que a forma como o dizemos é muito parecida com a forma como somos, como amamos e como amamos um dia após o outro.
Devemos recitar o mantra sem impaciência, sem força ou qualquer intenção de violencia. O propósito do mantra não é bloquear os pensamentos. Não é um aparelho de distorção de sinal de rádio. Se os pensamentos nos atacarem durante a meditação damos a outra face. Ao dizermos mansamente o mantra aprendemos com Aquele que é manso humilde e de coração. […]
As nossas vidas, dia a dia, transformam-se num comentário à nossa oração. A nossa oração deixará de consistir em infindáveis comentários à nossa vida. Ter-nos-emos tornado nós mesmos, permanentemente, em oração. […]
Medite durante 25 minutos… Sente-se em silêncio e de costas direitas. Feche suavemente os olhos. Fique descontraído mas atento. Em silêncio, comece interiormente a dizer apenas a palavra-mantra “Maranatha”. Diga-a em quatro sílabas de igual cadência MA-RA-NA-THA. Oiça-a enquanto a pronuncia, serenamente e sem interrupção. Não pense nem imagine nada espiritual ou qualquer outra coisa. Quando surgirem outros pensamentos não ligue, volte simplesmente a dizer a palavra. Medite 20 a 30 minutos de manhã e fim do dia.
Depois da meditação…
“Com Essa Linguagem da Lua” – Hafiz, in “Poemas de Amor Vindos de Deus” (no original: “LOVE POEMS FROM GOD: Sacred Voices from the East and West, ed. Daniel Ladinsky - New York: Penguin Compass, 2002 - p. 175.)
Admite uma coisa:
a todas as pessoas que vês, tu dizes “ama-me”.
É claro que não o fazes em voz alta, senão
alguém chamaria a polícia.
Porém, mesmo assim, pensa nisto, neste grande impulso de ligação.
Porque não tornarmo-nos naquele que vive com uma
lua-cheia em cada olho que está
sempre a dizer,
com essa doce linguagem da lua,
o que todos os outros olhos
neste mundo estão
morrendo por
ouvir?