
Quaresma 2015
Primeiro Domingo
Mc 1:12-15 – “Ele estava entre os animais selvagens e os anjos serviam-No.”
Uma vez, uma rapariguinha olhou para mim, quando eu trazia vestido o meu hábito branco, e perguntou-me: “és um anjo?” Quando as perguntas surgem dum sítio puro – mesmo que seja da mente mitológica duma criança de seis anos – elas têm uma força autêntica. Quando passa esse período de desenvolvimento, as mesmas perguntas tornam-se regressivas ou tolas. Portanto, andar à procura de vestígios de penas de anjos ou imaginar que eles estão atrás de nós, como nos desenhos animados, é não perceber bem as coisas. Mas é triste uma pessoa nunca ter reconhecido a intervenção dos anjos.
Não sei o que os anjos são realmente. Talvez sejam forças autónomas na psique, ondas de benevolência e compaixão que irradiam como se fossem mensageiros enviados da fonte divina do amor e que vêm ao nosso encontro nos momentos mais solitários de aflição. Jesus recebeu cuidados depois de esgotado pelo que passou nos “quarenta dias “ no deserto. Ele tinha confrontado as forças negras do Seu ego, que o atraíam ao poder, à auto-suficiência e ao orgulho. Viu para além deles e não sucumbiu à tentação de desistir de lutar para ser real, para se manter real e para negar as seduções fáceis da ilusão. Mas, às vezes, isso pode tornar-se esgotante e, tal como qualquer ser humano, Ele precisou de ser cuidado.
Onde é que encontramos este cuidado de amizade espiritual e de acompanhamento nas nossas próprias vidas? Talvez não em hostes de anjos que descem voando dos céus, mas na partilha da peregrinação, cada vez mais profunda, ao reino do real. Embora o compromisso com a realidade – que é também o que significa a nossa meditação diária – exija solicitude, ele abre-nos também à comunidade. As pessoas que encontramos no deserto da nossa solidão são amigas verdadeiras. Reconhecemo-nos uns aos outros, damos valor uns aos outros, mas sabemos também que não podemos possuir uns aos outros porque a peregrinação é mesmo até ao desapossar do nosso próprio “eu”.
Com amor,
Primeiro Domingo
Mc 1:12-15 – “Ele estava entre os animais selvagens e os anjos serviam-No.”
Uma vez, uma rapariguinha olhou para mim, quando eu trazia vestido o meu hábito branco, e perguntou-me: “és um anjo?” Quando as perguntas surgem dum sítio puro – mesmo que seja da mente mitológica duma criança de seis anos – elas têm uma força autêntica. Quando passa esse período de desenvolvimento, as mesmas perguntas tornam-se regressivas ou tolas. Portanto, andar à procura de vestígios de penas de anjos ou imaginar que eles estão atrás de nós, como nos desenhos animados, é não perceber bem as coisas. Mas é triste uma pessoa nunca ter reconhecido a intervenção dos anjos.
Não sei o que os anjos são realmente. Talvez sejam forças autónomas na psique, ondas de benevolência e compaixão que irradiam como se fossem mensageiros enviados da fonte divina do amor e que vêm ao nosso encontro nos momentos mais solitários de aflição. Jesus recebeu cuidados depois de esgotado pelo que passou nos “quarenta dias “ no deserto. Ele tinha confrontado as forças negras do Seu ego, que o atraíam ao poder, à auto-suficiência e ao orgulho. Viu para além deles e não sucumbiu à tentação de desistir de lutar para ser real, para se manter real e para negar as seduções fáceis da ilusão. Mas, às vezes, isso pode tornar-se esgotante e, tal como qualquer ser humano, Ele precisou de ser cuidado.
Onde é que encontramos este cuidado de amizade espiritual e de acompanhamento nas nossas próprias vidas? Talvez não em hostes de anjos que descem voando dos céus, mas na partilha da peregrinação, cada vez mais profunda, ao reino do real. Embora o compromisso com a realidade – que é também o que significa a nossa meditação diária – exija solicitude, ele abre-nos também à comunidade. As pessoas que encontramos no deserto da nossa solidão são amigas verdadeiras. Reconhecemo-nos uns aos outros, damos valor uns aos outros, mas sabemos também que não podemos possuir uns aos outros porque a peregrinação é mesmo até ao desapossar do nosso próprio “eu”.
Com amor,
WCCM Comunidade Mundial de Meditação Cristã - Portugal