Quaresma 2015 – 5ªfeira da 3ª Semana
Lucas 11, 14-23: Quem não está Comigo está contra Mim e quem não junta comigo Comigo, dispersa
Um dia, já tarde, eu estava a meditar no início de um retiro. Tinha chegado nesse dia depois de uma longa viagem de avião; e a carne é fraca. Sabia que não tinha adormecido ao ponto de cair da cadeira abaixo mas a minha sonolência fez com que as minhas recomendações prévias sobre o sentar-se bem direito e desperto perdessem em autoridade. No dia seguinte um dos participantes perguntou-me se eu usava uma técnica especial para me sentar durante a meditação. Respondi-lhe ‘não, porque é que pergunta?’ ‘É porque eu estava a observá-lo durante a meditação de ontem à noite’ respondeu ele ‘e reparei que balançava para a frente e para trás. Eu vi alguns estudiosos judeus lerem as Escrituras assim e fiquei a pensar.’ A minha reputação ficou a salvo.
‘Estás comigo?’ Eis uma questão que podemos colocar a alguém ou a um grupo para quem estejamos a falar, para ter a certeza de que não adormeceram enquanto falávamos para eles. Ou, num momento crítico de negociações, quando é preciso saber quem está do nosso lado e quem não está. Ou para um companheiro numa caminhada perigosa e escura ao longo de uma ribanceira, para nos garantir que ele não caiu.
Não penso que a palavra de Jesus, ‘Comigo’, tenha a ver com alguma destas situações. Sempre podemos estar ‘com Ele’ ainda que tenhamos adormecido ou nos sintamos isolados num lugar inóspito. Ele próprio, no fim da sua vida, sentiu-se abandonado mas não desligado de seu Pai – uma estranha e talvez única experiência de comunhão e separação.
Penso, no entanto, que com essas palavras Jesus falava de um conhecimento mais aprofundado do que o fornecido pela investigação baseada em evidências – ou seja, aquilo que podemos ver ou deduzir. É o conhecimento que é saber , não o conhecimento armazenado na nossa memória. O seu contrário não é a ignorância no sentido comum de não saber algo, mas sim no sentido de ‘disperso’. Estar disperso é sentir o nosso eu diluído pela distração, sobre-expandido por estimulação ou fragmentado numa miríade de ideias fantasiosas. É um estado no qual não podemos dizer ou fazer nada de útil e no qual podemos ser perigosos se conseguirmos fingir que estamos lá e com ele. Há pessoas casadas e monges nos mosteiros que deslizaram para esta situação e mantêm as aparências, mas já lá não estão realmente. Onde eles estão é um mistério, especialmente para eles.
Este evangelho é sobre a cura do demónio da mudez, deixando a pessoa falar, comunicar de novo. Algumas pessoas que estavam a assistir, sussurraram que Jesus estava a usar poderes demoníacos para expulsar o demónio e Jesus chamou a atenção para essa incongruência. Essas eram as pessoas que não estavam com Ele porque não estavam em nenhum lugar que importasse. O que é muito pior do que um meditador cochilando.
Com amor,
Laurence
Comunidade Mundial de Meditação Cristã - Portugal
Site: www.meditacaocrista.com
Facebook: https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal
Lucas 11, 14-23: Quem não está Comigo está contra Mim e quem não junta comigo Comigo, dispersa
Um dia, já tarde, eu estava a meditar no início de um retiro. Tinha chegado nesse dia depois de uma longa viagem de avião; e a carne é fraca. Sabia que não tinha adormecido ao ponto de cair da cadeira abaixo mas a minha sonolência fez com que as minhas recomendações prévias sobre o sentar-se bem direito e desperto perdessem em autoridade. No dia seguinte um dos participantes perguntou-me se eu usava uma técnica especial para me sentar durante a meditação. Respondi-lhe ‘não, porque é que pergunta?’ ‘É porque eu estava a observá-lo durante a meditação de ontem à noite’ respondeu ele ‘e reparei que balançava para a frente e para trás. Eu vi alguns estudiosos judeus lerem as Escrituras assim e fiquei a pensar.’ A minha reputação ficou a salvo.
‘Estás comigo?’ Eis uma questão que podemos colocar a alguém ou a um grupo para quem estejamos a falar, para ter a certeza de que não adormeceram enquanto falávamos para eles. Ou, num momento crítico de negociações, quando é preciso saber quem está do nosso lado e quem não está. Ou para um companheiro numa caminhada perigosa e escura ao longo de uma ribanceira, para nos garantir que ele não caiu.
Não penso que a palavra de Jesus, ‘Comigo’, tenha a ver com alguma destas situações. Sempre podemos estar ‘com Ele’ ainda que tenhamos adormecido ou nos sintamos isolados num lugar inóspito. Ele próprio, no fim da sua vida, sentiu-se abandonado mas não desligado de seu Pai – uma estranha e talvez única experiência de comunhão e separação.
Penso, no entanto, que com essas palavras Jesus falava de um conhecimento mais aprofundado do que o fornecido pela investigação baseada em evidências – ou seja, aquilo que podemos ver ou deduzir. É o conhecimento que é saber , não o conhecimento armazenado na nossa memória. O seu contrário não é a ignorância no sentido comum de não saber algo, mas sim no sentido de ‘disperso’. Estar disperso é sentir o nosso eu diluído pela distração, sobre-expandido por estimulação ou fragmentado numa miríade de ideias fantasiosas. É um estado no qual não podemos dizer ou fazer nada de útil e no qual podemos ser perigosos se conseguirmos fingir que estamos lá e com ele. Há pessoas casadas e monges nos mosteiros que deslizaram para esta situação e mantêm as aparências, mas já lá não estão realmente. Onde eles estão é um mistério, especialmente para eles.
Este evangelho é sobre a cura do demónio da mudez, deixando a pessoa falar, comunicar de novo. Algumas pessoas que estavam a assistir, sussurraram que Jesus estava a usar poderes demoníacos para expulsar o demónio e Jesus chamou a atenção para essa incongruência. Essas eram as pessoas que não estavam com Ele porque não estavam em nenhum lugar que importasse. O que é muito pior do que um meditador cochilando.
Com amor,
Laurence
Comunidade Mundial de Meditação Cristã - Portugal
Site: www.meditacaocrista.com
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