Quaresma 2015 - Sexta-feira da 4ª semana
Jo 7:1-2,10,25-30 – Jesus continuava a andar pela Galileia.
Ele andava e falava e, é claro, fazia o que dizia. Não publicava textos, nem dava entrevistas, consultava os assessores de Relações Públicas ou sequer escrevia reflexões. Não sabemos se tinha uma agenda ou se marcava encontros. A sensação é que Ele estava presente onde quer que estivesse e que via a dimensão de profundidade, o eterno, lucidamente presente em todas as pessoas e em todas as ocasiões. Era espontâneo, mas não andava à deriva. Encontrava a realidade continuamente e a realidade estava sempre a correr ao Seu encontro. Por causa do forte odor a realidade que emitem, as pessoas deste tipo são poderosamente atraentes, embora sejam também, muitas vezes, assustadoras quando nos chegamos demasiado perto.
Francisco de Assis parece ter sido uma pessoa desse género. Ramana Maharshi, que nunca saiu do sítio onde se instalou quando tinha dezasseis anos, por estranho que possa parecer, era outra. Uma vez, perguntaram-lhe porque é que não viajava pelo mundo, levando a sua paz às massas nos lugares onde ela fosse precisa. – Como é que sabem que eu não o faço? – respondeu ele.
Quando Yeshua andava pela Galileia, Ele era um ponto consistentemente fixo que se manifestava em muitos locais. As pessoas que ficam em casa, mas que sonham com viagens e com a ideia de estar noutro sítio, não têm nada que se compare a esta estabilidade. S. Bento diz que o monge “não deve preferir coisa alguma a Cristo”. Bem cedo, na minha vida monástica, comecei a ouvir a versão irónica desta frase – “preferir coisa alguma a uma viagem” – dita por monges que acabaram por entender a estabilidade primeiramente em termos geográficos.
É claro que também podemos andar dum lado para outro, sempre um passo à frente da realidade, estando em fuga de alguma coisa e protegendo-nos dela. Mas a estabilidade, quer estejamos ocupados, quer não, é um fruto da meditação. As sessões de manhã e à tardinha emitem uma pulsação que mantém tudo alinhado. Ela produz a clareza, o discernimento e o bom juízo que melhora a qualidade e o centramento no outro das nossas vidas. A estabilidade junta os pontos de partida e de chegada numa quietude dinâmica e numa abertura radical à mudança. Não é um mau objectivo com que nos identificarmos, mesmo na última parte da Quaresma.
Com amor,
Laurence
WCCM Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
Site: www.meditacaocrista.com
Facebook: https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal
Jo 7:1-2,10,25-30 – Jesus continuava a andar pela Galileia.
Ele andava e falava e, é claro, fazia o que dizia. Não publicava textos, nem dava entrevistas, consultava os assessores de Relações Públicas ou sequer escrevia reflexões. Não sabemos se tinha uma agenda ou se marcava encontros. A sensação é que Ele estava presente onde quer que estivesse e que via a dimensão de profundidade, o eterno, lucidamente presente em todas as pessoas e em todas as ocasiões. Era espontâneo, mas não andava à deriva. Encontrava a realidade continuamente e a realidade estava sempre a correr ao Seu encontro. Por causa do forte odor a realidade que emitem, as pessoas deste tipo são poderosamente atraentes, embora sejam também, muitas vezes, assustadoras quando nos chegamos demasiado perto.
Francisco de Assis parece ter sido uma pessoa desse género. Ramana Maharshi, que nunca saiu do sítio onde se instalou quando tinha dezasseis anos, por estranho que possa parecer, era outra. Uma vez, perguntaram-lhe porque é que não viajava pelo mundo, levando a sua paz às massas nos lugares onde ela fosse precisa. – Como é que sabem que eu não o faço? – respondeu ele.
Quando Yeshua andava pela Galileia, Ele era um ponto consistentemente fixo que se manifestava em muitos locais. As pessoas que ficam em casa, mas que sonham com viagens e com a ideia de estar noutro sítio, não têm nada que se compare a esta estabilidade. S. Bento diz que o monge “não deve preferir coisa alguma a Cristo”. Bem cedo, na minha vida monástica, comecei a ouvir a versão irónica desta frase – “preferir coisa alguma a uma viagem” – dita por monges que acabaram por entender a estabilidade primeiramente em termos geográficos.
É claro que também podemos andar dum lado para outro, sempre um passo à frente da realidade, estando em fuga de alguma coisa e protegendo-nos dela. Mas a estabilidade, quer estejamos ocupados, quer não, é um fruto da meditação. As sessões de manhã e à tardinha emitem uma pulsação que mantém tudo alinhado. Ela produz a clareza, o discernimento e o bom juízo que melhora a qualidade e o centramento no outro das nossas vidas. A estabilidade junta os pontos de partida e de chegada numa quietude dinâmica e numa abertura radical à mudança. Não é um mau objectivo com que nos identificarmos, mesmo na última parte da Quaresma.
Com amor,
Laurence
WCCM Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
Site: www.meditacaocrista.com
Facebook: https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal