Quaresma 2015 - Sábado da 2ª semana
Lc 15:1-3, 11-32 – Este acolhe os pecadores e come com eles.
De forma semelhante ao que acontece com o Papa Francisco, Jesus era melhor compreendido e apoiado pelos que estavam fora da hierarquia religiosa do que pelos que dela faziam parte. Mas isso é verdade para a maioria dos pensadores e reformadores radicais. Eles compreendem a simplicidade essencial da sua missão; e simplificar sistemas de poder complexos vai, por certo, criar inimigos.
A parábola que Jesus contou, em resposta a este comentário altamente crítico sobre Si, associando-O aos pecadores, é a do Filho Pródigo. Mais uma vez, ela mostra como a visão moral deriva duma experiência mística. No nosso trabalho de ensino da meditação, por exemplo, aos estudantes das faculdades de gestão, é este o fundamento básico implícito. Ao despertar a experiência a que a meditação conduz, iremos ver que os dilemas éticos são mais facilmente compreendidos e resolvidos. A experiência é mais fortemente persuasiva do que a discussão. Actuamos bem na medida em que vemos as coisas com clareza.
A parábola (a que seria melhor chamar a Parábola dos Dois Irmãos) tem um princípio moral óbvio: não condenar quem pratica o mal depois de ele ter começado a mudar; encorajá-lo a reabilitar-se através da afirmação, do perdão e da aceitação, tal como o pai que dá uma festa pelo regresso da sua ovelha negra. Olhando as personalidades dos dois irmãos, qual deles parece mais próximo do pai? De facto, estão equidistantes. O irmão pródigo escapuliu-se para casa, esperando vir a ser repreendido e não consegue compreender a natureza do amor expansivo do seu pai. Ao irmão velho, o desmancha-prazeres, falta-lhe completamente a generosidade que caracteriza o seu pai. Eles são as duas faces do ego em todos nós. Uma parte que quer correr atrás do prazer e a outra que gosta de assumir uma superioridade moral e de se sentir justiçada na condenação.
Como perceberam mal o seu pai, o nosso verdadeiro “eu”. No simbolismo do seu júbilo, no seu abandono da sua auto-importância e na sua pura exuberância de amor, vemos a dimensão transcendente, mística, que subjaz à moral. Sem o conhecimento desta verdade essencial da alegria de ser e da incondicionalidade do amor, o ego irá prevalecer.
Cada vez que meditamos, somos como o filho pródigo que regressa a casa para ser recebido em braços e também somos como o irmão mais velho que aprende que ser bom é mais do que portar-se bem. A Quaresma é um tempo em que, simplificando aspectos seleccionados da nossa vida e robustecendo a nossa disciplina onde ela é fraca, podemos ver-nos a nós mesmos em cada uma destas três personagens e decidir – será que é assim tão difícil? – com qual dela queremos ser.
Com amor,
Laurence
WCCM Comunidade Mundial de Meditação Cristã - Portugal
http://www.meditacaocrista.com/
Lc 15:1-3, 11-32 – Este acolhe os pecadores e come com eles.
De forma semelhante ao que acontece com o Papa Francisco, Jesus era melhor compreendido e apoiado pelos que estavam fora da hierarquia religiosa do que pelos que dela faziam parte. Mas isso é verdade para a maioria dos pensadores e reformadores radicais. Eles compreendem a simplicidade essencial da sua missão; e simplificar sistemas de poder complexos vai, por certo, criar inimigos.
A parábola que Jesus contou, em resposta a este comentário altamente crítico sobre Si, associando-O aos pecadores, é a do Filho Pródigo. Mais uma vez, ela mostra como a visão moral deriva duma experiência mística. No nosso trabalho de ensino da meditação, por exemplo, aos estudantes das faculdades de gestão, é este o fundamento básico implícito. Ao despertar a experiência a que a meditação conduz, iremos ver que os dilemas éticos são mais facilmente compreendidos e resolvidos. A experiência é mais fortemente persuasiva do que a discussão. Actuamos bem na medida em que vemos as coisas com clareza.
A parábola (a que seria melhor chamar a Parábola dos Dois Irmãos) tem um princípio moral óbvio: não condenar quem pratica o mal depois de ele ter começado a mudar; encorajá-lo a reabilitar-se através da afirmação, do perdão e da aceitação, tal como o pai que dá uma festa pelo regresso da sua ovelha negra. Olhando as personalidades dos dois irmãos, qual deles parece mais próximo do pai? De facto, estão equidistantes. O irmão pródigo escapuliu-se para casa, esperando vir a ser repreendido e não consegue compreender a natureza do amor expansivo do seu pai. Ao irmão velho, o desmancha-prazeres, falta-lhe completamente a generosidade que caracteriza o seu pai. Eles são as duas faces do ego em todos nós. Uma parte que quer correr atrás do prazer e a outra que gosta de assumir uma superioridade moral e de se sentir justiçada na condenação.
Como perceberam mal o seu pai, o nosso verdadeiro “eu”. No simbolismo do seu júbilo, no seu abandono da sua auto-importância e na sua pura exuberância de amor, vemos a dimensão transcendente, mística, que subjaz à moral. Sem o conhecimento desta verdade essencial da alegria de ser e da incondicionalidade do amor, o ego irá prevalecer.
Cada vez que meditamos, somos como o filho pródigo que regressa a casa para ser recebido em braços e também somos como o irmão mais velho que aprende que ser bom é mais do que portar-se bem. A Quaresma é um tempo em que, simplificando aspectos seleccionados da nossa vida e robustecendo a nossa disciplina onde ela é fraca, podemos ver-nos a nós mesmos em cada uma destas três personagens e decidir – será que é assim tão difícil? – com qual dela queremos ser.
Com amor,
Laurence
WCCM Comunidade Mundial de Meditação Cristã - Portugal
http://www.meditacaocrista.com/