Quaresma 2015 - Segunda-feira da 2ª semana
Lc 6:36-38 - “Dai e ser-vos-á dado: uma boa medida, cheia, recalcada, transbordante será lançada no vosso regaço.”
Este é o princípio básico da moral, uma variação sobre a Regra de Ouro de todas as tradições de sabedoria – faz aos outros o que gostarias que te fizessem a ti. Isto garantiria um mundo justo e, portanto, essencialmente pacífico. Enquanto moralista, Jesus é exacto e exigente, mas não é assim tão original.
As notícias recentes têm-nos deprimido com mais histórias desse tipo que já nos é familiar, envolvendo banqueiros gananciosos e desonestos e políticos hipócritas fora de si. Esperamos que eles sejam, se não melhores que nós, que, pelo menos, sejam melhores a safar-se de problemas ou a manter a sua ganância voraz debaixo dum certo controlo. Falta-lhes uma moral e uma decência básicas quando tentam obter a “boa medida” da expressão de Jesus sem retribuírem da mesma forma. Dificilmente os podemos culpar por serem apontados e envergonhados, embora devêssemos mesmo examinar a trave no nosso olho antes de julgarmos e condenarmos. No fim de contas, é difícil, para todos nós, parar de beber sofregamente depois de começarmos. Estamos a condenar o princípio do abuso ou a escala que este atinge? Tenho ao meu lado, enquanto estou a escrever, uma taça de pipocas e posso comprovar esta realidade.
Mas no ensinamento de hoje, o Mestre vem revelar também o coração místico da moralidade. Era por isso que Vaclav Havel falava da necessidade de transcendência no mundo pós-moderno. Agora que passámos além da pós-modernidade, poderemos fazer a sua ligação com a necessidade da mística numa sociedade secular. Precisamos dela simplesmente porque ela aí está e não podemos ficar satisfeitos deixando a verdade suprimida.
A moralidade diz-nos para fazermos aos outros o que queremos que nos seja feito. Isso pode levar a dizer então, caso isso não aconteça, que a regra é olho por olho. Consequentemente precisamos de ver o místico, o transcendente subjacente à moral. Temperar a justiça com a misericórdia – este é um princípio presente na expressão sobre a boa medida “transbordante (que) será lançada no vosso regaço.”
A medida que não se pode medir porque transborda o contentor onde está a ser despejada. Transcendência. O mistério da dádiva altruísta, da generosidade genuína. E reparem na expressão “lançada no regaço”. Não um rendimento ganho, não uma colheita produzida, não de forma acidental ou uma mera causa e efeito. O que é que lança?
E não na nossa conta do carma cósmico. No nosso regaço.
(Sim, a taça ficou vazia…)
Com amor,
Laurence
WCCM Comunidade Mundial de Meditação Cristã - Portugal
http://www.meditacaocrista.com/
Lc 6:36-38 - “Dai e ser-vos-á dado: uma boa medida, cheia, recalcada, transbordante será lançada no vosso regaço.”
Este é o princípio básico da moral, uma variação sobre a Regra de Ouro de todas as tradições de sabedoria – faz aos outros o que gostarias que te fizessem a ti. Isto garantiria um mundo justo e, portanto, essencialmente pacífico. Enquanto moralista, Jesus é exacto e exigente, mas não é assim tão original.
As notícias recentes têm-nos deprimido com mais histórias desse tipo que já nos é familiar, envolvendo banqueiros gananciosos e desonestos e políticos hipócritas fora de si. Esperamos que eles sejam, se não melhores que nós, que, pelo menos, sejam melhores a safar-se de problemas ou a manter a sua ganância voraz debaixo dum certo controlo. Falta-lhes uma moral e uma decência básicas quando tentam obter a “boa medida” da expressão de Jesus sem retribuírem da mesma forma. Dificilmente os podemos culpar por serem apontados e envergonhados, embora devêssemos mesmo examinar a trave no nosso olho antes de julgarmos e condenarmos. No fim de contas, é difícil, para todos nós, parar de beber sofregamente depois de começarmos. Estamos a condenar o princípio do abuso ou a escala que este atinge? Tenho ao meu lado, enquanto estou a escrever, uma taça de pipocas e posso comprovar esta realidade.
Mas no ensinamento de hoje, o Mestre vem revelar também o coração místico da moralidade. Era por isso que Vaclav Havel falava da necessidade de transcendência no mundo pós-moderno. Agora que passámos além da pós-modernidade, poderemos fazer a sua ligação com a necessidade da mística numa sociedade secular. Precisamos dela simplesmente porque ela aí está e não podemos ficar satisfeitos deixando a verdade suprimida.
A moralidade diz-nos para fazermos aos outros o que queremos que nos seja feito. Isso pode levar a dizer então, caso isso não aconteça, que a regra é olho por olho. Consequentemente precisamos de ver o místico, o transcendente subjacente à moral. Temperar a justiça com a misericórdia – este é um princípio presente na expressão sobre a boa medida “transbordante (que) será lançada no vosso regaço.”
A medida que não se pode medir porque transborda o contentor onde está a ser despejada. Transcendência. O mistério da dádiva altruísta, da generosidade genuína. E reparem na expressão “lançada no regaço”. Não um rendimento ganho, não uma colheita produzida, não de forma acidental ou uma mera causa e efeito. O que é que lança?
E não na nossa conta do carma cósmico. No nosso regaço.
(Sim, a taça ficou vazia…)
Com amor,
Laurence
WCCM Comunidade Mundial de Meditação Cristã - Portugal
http://www.meditacaocrista.com/