
Quinto Domingo da Quaresma
O evangelho de hoje, sobre uma mulher apanhada a cometer adultério e prestes a ser apedrejada até à morte, mostra-nos como o Mestre da luz pode ser encontrado. Se realmente O encontrarmos e O reconhecermos – e qual é o interesse de encontrar o que procuramos, mas sem o reconhecer? – iremos ficar irremediavelmente apaixonados.
Outra das leituras da Missa de hoje, da Epístola aos Filipenses, descreve este humilhante e exaltado estado de amor: “Por Ele renunciei a todas as coisas e considerei tudo como lixo, para ganhar a Cristo e n’Ele me encontrar […]. Não que eu tenha já chegado à meta, ou já tenha atingido a perfeição.” É devastadoramente maravilhoso descobrir que o centro do nosso mundo já não somos nós. Por vezes, podemos trepar, de volta, para esse parapeito que nos é familiar do autocentramento, mas, depois, rebolamos outra vez para a queda livre do amor. Em muitos casos, este centramento no outro e o êxtase que traz consigo não é a coisa real. Ele desfalece. Podemos desapaixonar-nos e encontrar um amor mais forte. É neste ponto que encontramos, ao início, o Romeu de Shakespeare. Por fim, se tivermos sorte, apaixonamo-nos, não por qualquer delícia que o amor nos venha trazer, mas pelo próprio amor.
Iremos reconhecer este momento porque o amor irá parecer que se afasta de nós, dando-nos espaço. Como acontece com Jesus, quando desafiado pela hostilidade tacanha dos que o questionam, ignora a sua armadilha, desvia o olhar e dobra-se para escrever na terra com o dedo. A pergunta deles cai no espaço entre eles. Será que deviam cumprir a Lei e apedrejá-la? – a Sua mensagem alucinada de misericórdia será denunciada como uma aldrabice. Ou será que Ele devia perdoá-la e auto-excluir-se da sua Tradição? – um gelado exílio. Ele não só escreve como rescreve a pergunta.
Numa conferência de imprensa, fizeram ao Papa Francisco, procurando não o mestre, mas uma parangona, uma pergunta sobre os sacerdotes gay. Ele respondeu-lhes com um: “Quem sou eu para julgar?” Isto encantou os liberais e ofendeu os conservadores – talvez ambos pelas razões erradas. Jesus também recusou o papel de juiz que lhe queriam impor. Os juízes são um mal necessário em todas as sociedades humanas. Parecem todo-poderosos, mas estão, de facto, confinados ao estreito limite dos precedentes do passado e da presente separação das questiúnculas. Jesus “veio, não para julgar, mas para curar”.
O que é que Ele escreveu no chão? Porque é que, quando foi desafiado, o Buda tocou no chão e disse que a terra era testemunha da autoridade da sua iluminação? A resposta de Jesus mostra que o amor nada clama, exceto o direito terreno de ser misericordioso, de curar e de libertar. Quem é que, no fim de contas, consegue resistir a apaixonar-se por isto?
Com amor,
Laurence
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
http://www.meditacaocrista.com/
https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal
O evangelho de hoje, sobre uma mulher apanhada a cometer adultério e prestes a ser apedrejada até à morte, mostra-nos como o Mestre da luz pode ser encontrado. Se realmente O encontrarmos e O reconhecermos – e qual é o interesse de encontrar o que procuramos, mas sem o reconhecer? – iremos ficar irremediavelmente apaixonados.
Outra das leituras da Missa de hoje, da Epístola aos Filipenses, descreve este humilhante e exaltado estado de amor: “Por Ele renunciei a todas as coisas e considerei tudo como lixo, para ganhar a Cristo e n’Ele me encontrar […]. Não que eu tenha já chegado à meta, ou já tenha atingido a perfeição.” É devastadoramente maravilhoso descobrir que o centro do nosso mundo já não somos nós. Por vezes, podemos trepar, de volta, para esse parapeito que nos é familiar do autocentramento, mas, depois, rebolamos outra vez para a queda livre do amor. Em muitos casos, este centramento no outro e o êxtase que traz consigo não é a coisa real. Ele desfalece. Podemos desapaixonar-nos e encontrar um amor mais forte. É neste ponto que encontramos, ao início, o Romeu de Shakespeare. Por fim, se tivermos sorte, apaixonamo-nos, não por qualquer delícia que o amor nos venha trazer, mas pelo próprio amor.
Iremos reconhecer este momento porque o amor irá parecer que se afasta de nós, dando-nos espaço. Como acontece com Jesus, quando desafiado pela hostilidade tacanha dos que o questionam, ignora a sua armadilha, desvia o olhar e dobra-se para escrever na terra com o dedo. A pergunta deles cai no espaço entre eles. Será que deviam cumprir a Lei e apedrejá-la? – a Sua mensagem alucinada de misericórdia será denunciada como uma aldrabice. Ou será que Ele devia perdoá-la e auto-excluir-se da sua Tradição? – um gelado exílio. Ele não só escreve como rescreve a pergunta.
Numa conferência de imprensa, fizeram ao Papa Francisco, procurando não o mestre, mas uma parangona, uma pergunta sobre os sacerdotes gay. Ele respondeu-lhes com um: “Quem sou eu para julgar?” Isto encantou os liberais e ofendeu os conservadores – talvez ambos pelas razões erradas. Jesus também recusou o papel de juiz que lhe queriam impor. Os juízes são um mal necessário em todas as sociedades humanas. Parecem todo-poderosos, mas estão, de facto, confinados ao estreito limite dos precedentes do passado e da presente separação das questiúnculas. Jesus “veio, não para julgar, mas para curar”.
O que é que Ele escreveu no chão? Porque é que, quando foi desafiado, o Buda tocou no chão e disse que a terra era testemunha da autoridade da sua iluminação? A resposta de Jesus mostra que o amor nada clama, exceto o direito terreno de ser misericordioso, de curar e de libertar. Quem é que, no fim de contas, consegue resistir a apaixonar-se por isto?
Com amor,
Laurence
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
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