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Reflexões para a            
Quaresma 2016              ​

por: La​urence Freeman OSB                                                    

                          ​

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Sexta-feira da 1ª Semana da Quaresma

20/2/2016

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Sexta-feira da 1ª Semana da Quaresma

Às vezes, não muitas, num estado de semi-sonho, pode ter-se a resposta para tudo. Surge como uma surpresa, mas vê-se sobretudo como ela é simples e óbvia. É uma visão ilusória, mas traz-nos uma enorme sensação de paz e de alívio. Todo o complexo caos do mundo, com o seu choque de dimensões do tempo, de perspetivas subjetivas e objetivas, de medo e esperança, desejo e pobreza, o imaginado e o tangível, tudo isto desliza suavemente para uma harmonia bela e fácil. A luta infindável para repor a ordem das coisas chega a um fim sem um combate. O navio do eu que procura encontrou o seu porto enquanto ainda veleja no alto mar.

O problema é lembrarmo-nos do que vimos. Problema ainda maior é o de conceptualizá-lo ou imaginá-lo. A memória trabalha com ideias ou imagens que, de algum modo, ainda que de modo imperfeito, coagulam o fluxo da consciência. Mas a própria visão é fluxo puro. A verdade sangra. “Ninguém pode dizer que ela está aqui ou ali”, como disse Jesus acerca do Reino. Assim, fica-se com uma breve, mas vívida recordação, que se vai desvanecendo, da única experiência que satisfaz a ânsia do coração. Quanto mais se tenta recaptura-la, tanto mais se afasta em direção ao horizonte até, eventualmente, desaparecer. Em breve, se duvida se realmente aconteceu.

Jonathan Keats, o poeta romântico que morreu aos 25 anos e de quem se diz frequentemente que é o poeta inglês mais parecido com Shakespeare, escreveu na sua ode ‘Quando tenho medo de poder deixar de existir’ sobre o seu medo de não conseguir alcançar a grandeza. Vendo a morte aproximar-se antes dos seus poderes amadurecerem, ele passou por um temor de falhar para uma grande liberdade nessas margens onde apenas a liberdade, da ambição e do desejo, é encontrada: então eu estou só na encosta Do vasto mundo e penso Até ao amor e a fama se afundar no nada.

Se, durante a Quaresma, pudéssemos fazer um pouco do que toda a sabedoria espiritual aconselha e sentíssemos realmente a nossa mortalidade, poderíamos chegar até essa encosta do vasto mundo. Então recuperaríamos sem esforço as perspetivas de cura que caem no colo de todos aqueles que não tentam agarrá-las.

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Quinta-feira da 1ª Semana da Quaresma

20/2/2016

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Quinta-feira da 1ª Semana

Nos ensinamentos espirituais, estamos habituados a ouvir dizer que o desejo, todo o desejo, precisa de ser transcendido. Podemos aceitar isto já que faz algum sentido. Mas também adiamos o dia fatídico em que iremos realmente transcendê-lo e cair no chão, sem desejos, como um trapo mole ou um saco vazio. “Senhor, faz-me casto” – assim orava Santo Agostinho – “mas não já”.

Porém, se tivermos assumido uma prática quaresmal de autorenúncia, mesmo que seja muito pequena, estaremos em posição para melhor compreender este ensinamento sobre o desejo. Se estivermos consumidos pelo consumismo da nossa cultura, assumindo, sem pensar, que todos os desejos devem ser satisfeitos, pelo menos se forem legais, poderemos não estar ainda preparados para compreender o que a tradição espiritual realmente ensina sobre o desejo. Sentiremos ainda que a meditação serve para preencher todos os nossos desejos e que devíamos verificar a garantia quando ela não o faz.

Um escritor místico do séc. V, o Pseudo-Dionísio, descrevia Deus como o objeto da ânsia, desejo ardente (usava a palavra eros), que está presente em todas as coisas, de retornar à sua fonte (que é Deus). Acrescentava que Deus é também a própria ânsia. Será que isto não nos proporciona uma abordagem melhor e mais desejável à ideia de transcender o desejo? Sugere que, em vez de esmagar todo o desejo, simplesmente para o caso de ele nos poder trazer prazer e satisfação, devíamos examinar o que é que verdadeiramente desejamos e porquê.

Os desejos que precisamos de abandonar são os que são versões pirateadas da coisa verdadeira. Temos também que expulsar as falsas sublimações do eros divino. O desejo que, de facto, está entranhado nas mais profundas estruturas do nosso “eu” é uma ânsia benigna. Não é do tipo que leva à exploração, à possessividade e à luxúria, que persegue a auto-satisfação desenfreada a qualquer custo. É transcendente e porém, é profundamente interior. Passa facilmente do conhecimento para o não conhecimento.

Temos que ser capazes de detetar o complexo de falsos desejos que realmente bloqueia o nosso desejo real por Deus (isto é, por plenitude de amor) e que também nos impede de ver que o desejo por Deus é o desejo de Deus (por nós). Se este discernimento pudesse ser fornecido como uma fórmula ou como uma definição, não necessitaríamos de meditar nem sequer de ser humanos.

De facto, é o tipo de perceção que surge do silêncio profundo e então viaja através de todos os reinos do nosso ser, transformando tudo de que abrimos mão ao fazermos a viagem para o silêncio. 


Com amor,
Laurence

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Quarta-feira da 1ª Semana da Quaresma

18/2/2016

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Quarta-feira da 1ª Semana da Quaresma

Após descrever a sua maior experiência mística, em que foi elevado ao terceiro céu (“em corpo ou exteriormente, isso não sei”), S. Paulo diz então que tinha recebido um espinho na carne para evitar que se tornasse orgulhoso. Seria algo exasperante, presumivelmente, que o recordava de que estava plenamente no seu corpo e sujeito à suas limitações e contradições.

Pediu a Deus que o livrasse desse espinho. Não diz o que era, pelo que ficamos livres para imaginar o que serão os nossos próprios espinhos. Sem dúvida, ele queria ser melhor, mais perfeito, mais eficaz. Porém, em vez disso, Deus disse-lhe algo que o deve ter desapontado, ao princípio, mas que, depois, o abriu para uma revelação ainda mais profunda que a sua experiência mística. Compreendeu que a sua própria imperfeição e fraqueza eram o cadinho em que o poder de Deus se poderia manifestar. “Quando eu sou fraco é que eu sou forte.” Compreensivelmente, tinha querido ficar livre de espinhos para poder ser mais forte. Mas, em vez disso, descobriu que, com espinhos e tudo, ele seria mais forte por causa da sua fraqueza. 

Quando não conseguimos o que queremos, apesar de nos sentirmos seguros de ser o que é correcto e natural para nós, confrontamo-nos com o tipo de bloqueio e de impasse face à nossa vontade que desencadeia uma birra numa criança de dois anos. Mesmo mais à frente, na nossa vida, o nosso ego rebela-se, zangado, em autocomiseração ou desespero, quando os nossos desejos são frustrados. Em extremo e em larga escala, isso conduz à loucura da reacção suicidária de Hitler à sua derrota inevitável ou à actual guerra na Síria, em que 11 porcento da população já foi morta e 70 porcento desalojada. Em ambos os casos, há uma recusa em assumir a fraqueza da condição humana. A conclusão perversa do ego é a de que é melhor a morte que a derrota. 

Ao nível individual, esta loucura transforma-se em ódio a si mesmo e manifesta-se num comportamento progressivamente mais aditivo e autodestrutivo. A Quaresma é um tempo para fazermos um exame a nós mesmos à procura de alguma tendência nessa direcção. O silêncio, a quietude mental, livre do pensamento, e a simplicidade de intenção são a melhor forma de fazer o exame. A meditação revela qualquer parte de nós em que estejamos enterrados num bunker de negação, reclamando os nossos desejos futilmente contra o mundo real.

Somos seres completos. Mas somos compostos por muitas partes. Muitas vezes, essas diferentes dimensões não estão sincronizadas. E, deste modo, podemos ter grandes áreas de nós mesmos em condições saudáveis convivendo com várias outras pequenas áreas em luta com os espinhos. É melhor compreendê-los do que arrancá-los. A impotência da meditação dá-nos o poder de abraçar esta fraqueza como a fonte da verdadeira força e do nosso encontro com Deus.  


Com amor,
Laurence

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Terça-feira da 1ª Semana da Quaresma

17/2/2016

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Terça-feira da 1ª Semana da Quaresma
 
Se eu não tivesse mais nada para fazer ficaria muito satisfeito em visitar escolas e introduzir as crianças na meditação, meditar com elas e ouvir os seus comentários. Mas mais do que isso: observá-las e aprender com a sua paz silenciosa e a sua felicidade em tocar a ‘marca’ do reino dentro delas e ver o aprofundamento inconsciente da sua consciência.
 
Isso não seria sustentável nem o melhor meio de transmitir a uma nova geração a consciência do seu dom inato da contemplação. Assim, nós ensinamos os professores na esperança de que esta sabedoria se vai imiscuir na cultura da escola. Mas, se alguma vez duvidar da sabedoria da meditação vá a uma escola e medite com as crianças.
 
Durante a quaresma não perca de vista o primeiro dos seus três alvos – tornar-se mais simples, mais infantil . A natureza adulta dos seus problemas e as situações complicadas da vida poderão oprimi-lo(a) e convencê-lo(a) de que a sua capacidade para a simplicidade já se foi há muito. Então vai achar que vai ter de esperar pela reforma e pela velhice para a reconquistar. Na verdade, isso está errado. Mesmo no meio das ansiedades que a vida nos traz, dos stresses, dos medos e das dúvidas, a simplicidade é sempre possível.
 
O peso das nossas preocupações pode ser tão grande - doenças, dívidas, relacionamentos difíceis, fracassos, desilusões, adições, solidão, cometer erros estúpidos. Junte isso tudo e chame-lhe pecado. Mas não use a palavra ‘pecado’ como costumamos interpretá-la – infringir regras e merecer castigo, perder a aprovação de Deus (ou do Conselho da Paróquia). Pecado (em grego, literalmente) é falhar o alvo – o alvo que Gregório de Nissa e o escritor paulino disseram estar sempre em movimento.
 
Como atingir um alvo em movimento? Movendo-nos à mesma velocidade do que a dele e prestando-lhe atenção. Estar em uníssono com ele. Podemos pensar que temos que acelerar para conseguir tal efeito. Mas de facto temos é que desacelerar. Podemos imaginar que temos que compreender e dominar as complexidades da vida. Na verdade, temos é de simplificar o modo como as vemos, distanciando-nos delas. Só então se poderá arrancar o espinho.
 
Isto é apenas o que a meditação faz por nós quando pomos de lado os nossos pensamentos, especialmente os pensamentos dessas coisas dolorosas  que viraram espinhos na nossa carne. É simples. Não fácil. Podemos fazê-lo. Mas não podemos e não o fazemos sozinhos.


Com amor,
Laurence


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Segunda-feira da 1ª Semana da Quaresm

16/2/2016

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Segunda-feira da 1ª Semana da Quaresma
 
As limitações dissolvem-se uma vez que são confrontadas com a fé. O amor relega-as para um nível mais baixo da realidade, de modo a que possamos continuar a viver expansivamente, apesar delas existirem. A paciência redefine as nossas experiências de tempo, de modo a que possamos sentir o futuro a evoluir no presente.
 
Devido a descobertas muito recentes, a nossa perspetiva do universo agora está em  transformação, por se ter encontrado o que os cientistas procuram desde que Einstein,  há um século, vislumbrou o seu bocadinho de realidade, com uma tão profunda simplicidade  que é demasiada para a maior parte de nós compreender. Descobrimos as ondas gravitacionais. Agora que vemos de que é que andámos à procura estamos desejosos de as encontrarmos de volta até à fronteira final, a origem do tempo e do espaço, o próprio Big Bang.
 
Assim como acontece com o conhecimento espiritual, as descobertas da ciência conduzem sempre a novas questões  e a novas fronteiras.  S. Gregório de Nissa e o escritor paulino chamaram-lhe ‘epiktasis’, sempre a empurrar para diante as fonteiras do conhecimento. Esquecendo-me do que fica para trás e avançando para o que está adiante, prossigo em direção à meta (Fil 3:13).
 
Isto soa a esperança a saltar para o eterno; e é. Mas não se trata de desejar. É experiência autenticada. A melhor prova é a experiência, disse Francis Bacon, um dos fundadores da ciência moderna. A meta que empurramos sempre adiante, vai recuando, iludindo a tentativa do nosso cérebro esquerdo de a agarrar e a tornar num conceito, numa imagem da realidade, num pedaço de informação armazenada. Mas o lado direito do cérebro conhece-a na sua frescura perene, sempre antiga e sempre nova e satisfaz-se em saber sem ter de rotular.
 
Começamos a meditar com um vislumbre profundamente simples da realidade que nos garante a existência de um universo interior em expansão: o reino interior, a caverna do coração, o pequeno espaço que contem tudo quanto existe. No infinitamente pequeno crescemos para o infinitamente grande. Na interioridade mais profunda transcendemos a fronteira entre interior e exterior.
 
Obter a prova, não será através de cálculos ou medições, mas sim através de um outro tipo de conhecimento experiencial. As nossas mentes só por elas não podem alcançar este tipo de conhecimento. Mas o deserto, o deserto conceptual do silêncio formata-nos para esse conhecimento. Sabemos o que a Mente de Cristo sabe porque é Sua vontade partilhar tudo o que aprendeu do Pai.
 
A Quaresma não é menos do que aprender melhor a viver na sempre expansiva e inclusiva Mente de Cristo.


Com amor,
Laurence


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1º. Domingo da Quaresma

15/2/2016

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Primeiro Domingo da Quaresma
 
O Evangelho para este Primeiro Domingo é Lucas 4:1-13. Lucas escrevia para uma audiência em grande número composta por não judeus e demonstra um marcado interesse pelo papel das mulheres e pela condição dos pobres. Nesta passagem, Jesus é conduzido pelo Espírito ao deserto e submete-se ao clássico teste ao Seu carácter – enfrentando as exigências do Seu ego de auto-suficiência e de auto-importância, as quais Ele consegue compreender e, assim, ficar livre para abraçar o Seu eu verdadeiro e a Sua missão.

“Cheio do Espírito Santo, Jesus retirou-se do Jordão e foi levado pelo Espírito ao deserto, onde esteve durante quarenta dias, e era tentado pelo diabo. Não comeu nada durante esses dias e, quando eles terminaram, sentiu fome. Disse-lhe o diabo: «Se és Filho de Deus, diz a esta pedra que se transforme em pão.» […]
Tendo esgotado toda a espécie de tentação, o diabo retirou-se de junto dele, até um certo tempo.”
 
Há aqui muito sobre o que reflectirmos ao longo da próxima semana. Vale a pena comparar com a versão mais simples e mais concisa de Marcos e até mesmo aprendê-la de cor. O que é que significa “o Espírito”?  Alguma vez O/A sentistes a conduzir-vos para alguma coisa? Já alguma vez sentistes que devíeis ter feito alguma coisa, mas que não o conseguistes ou vos recusastes a fazer por medo ou dúvida? Se não for esse o caso, passai à questão seguinte.
 
O que é que “o deserto” pode simbolizar para vós? Em Israel, esse estado pequenino e infinitamente problemático, o relativamente pequeno Deserto da Judeia não fica longe de Jerusalém, mas é certamente seco e conduz ao Mar Morto. Onde é que ocorreram os vossos períodos de secura? Talvez não tenham ocorrido por escolha vossa. Mas também não é algo desconhecido que as pessoas queiram desapegar-se duma superabundância de rega – afastar-se dos media, do trabalho, das multidões ou dos falsos fantasmas da própria pessoa. O que é que nessa altura buscáveis?  Na meditação, procurais essa qualidade de verdade que encontrais no deserto ou apenas mais outra forma de rega?
 
“Tentado por Satanás” poderia ser traduzido por “empurrado até aos seus limites” – onde não queremos ir no caso de cairmos da beira do mundo conhecido. Alguma vez chegastes aos vossos limites?
 
As “feras”, que Marcos refere, saltam à noite dos armários do inconsciente. Depois de encaradas, elas mirram e desaparecem e toda a força que transportavam acumula-se em vosso benefício para sempre. Tendo perfurado as grilhetas da ilusão e descoberto o Seu verdadeiro “eu”, Jesus regressa ao mundo e diz o que tem a dizer, de modo simples e incisivo. O que está dito, dito está e não se pode desdizer. Há urgência, imediatismo, uma esperança inesperada, um chamamento sem ambiguidade a uma mudança de mentalidade.
 
Ao longo dos quarenta dias, as nossas breves incursões no deserto da meditação poderão revelar descobertas surpreendentes e maravilhosas. Tememos as grandes surpresas da vida – como uma mudança de disposição mental. Mas e se, no fim de tudo, nada houvesse a temer no deserto ou em qualquer outro lugar? Nada a perder excepto as nossas limitações?


​Com amor
Laurence


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Sábado depois das Cinzas

14/2/2016

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Sábado depois das Cinzas
 
A parte mais fácil – e talvez a mais útil – do meu trabalho é ir a uma sala de aula de crianças, apresentar-lhes a meditação, meditar com elas (um minuto por cada ano de idade) e falar com elas, como gostam, sobre o que a experiência significa para elas.
 
As primeiras vezes que me pediram para o fazer, eu estava, à partida, bastante ansioso quanto àquilo sobre que deveria falar. Em breve compreendi que, se tivesse uma mensagem pré-paga para transmitir, raramente conseguia estabelecer uma ligação forte com as crianças. Estaria a ser condescendente e (habitualmente) elas portavam-se de forma educada. Por isso, comecei a ir de um modo bastante impreparado (tal como Jesus tinha aconselhado os Seus discípulos a fazer quando fossem detidos pelos representantes da Lei). Agora é como se entrasse num regato que corre livremente, fresco e puro, e fosse levado pela sua corrente. É um regato sem nome e não conseguimos dizer de onde vem ou para onde vai. Mas está ali. É uma experiência de Deus, sem raios e sem êxtase. É o que é, tal como Deus disse: “Eu sou quem Sou”.
 
Temos tantas palavras para Deus e tantas definições de como Ele é, do que quer que façamos e, especialmente, do que não quer que façamos. Depois de algum tempo, a presunção da linguagem religiosa torna-se insípida e a pessoa deseja essa experiência sem nome e sem receitas.  Cada vez mais me pergunto porque é que as pessoas e as instituições religiosas têm tanta dificuldade em abrir espaço para esta experiência e desconfiam tantas vezes dela. Como as crianças vos dirão, é realmente muito agradável e faz-nos sentir muito em paz.
 
De novo, Jesus disse que não podemos conhecer esta experiência (o “Reino”) se não estivermos num estado semelhante ao das crianças. Alcançar esse estado, depois de termos abandonado o período edénico da infância (um período cada vez mais curto na nossa cultura em que recusamos às crianças esta experiência de inocência), é o que significa amadurecer. Tem muitos nomes: crescimento, viagem espiritual, integração. Mas, de modo global, a maturidade significa a recuperação, a um nível mais elevado de consciência, dessa capacidade inata de estar no presente e na presença que faz da infância algo tão maravilhoso de observar e de estar próximo.
 
Para isto não há qualquer nome que lhe faça justiça e as crianças não se ralam que não tenha nome. No fim de contas, é melhor conhecer a experiência sem o nome do que conhecer o nome sem a experiência. A educação e a religião são a humilde tentativa de casar os dois.
 
E é nisso que consiste a Quaresma: recordarmos quem somos e do que somos capazes; recuperar a inocência apesar e por causa de toda a experiência que registámos; encontrar a “segunda ingenuidade” que escapa ao nosso mundo demasiado centrado em nós mesmos e excessivamente dependente do lado esquerdo do cérebro. Se este é o objectivo e o prémio da nossa ascese muito moderada, de mediar todos os dias, é como se recebêssemos doces dum bebé.


Com amor
Laurence


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Sexta-feira depois das Cinzas

13/2/2016

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Sexta-feira depois das Cinzas
 
Reparo como me engano a mim próprio acerca do exercício físico. Entro numa rotina saudável e julgo que ainda estou nela quando na verdade a prática atual recuou a perder de vista, como um astronauta a cair no espaço. O primeiro aviso é quando as pessoas olham para ti e dizem que estás com muito bom aspeto, o que normalmente significa que aumentaste de peso. Quando perdes peso as pessoas olham para ti e perguntam com uma voz preocupada se te sentes bem.
 
A Quaresma é um tempo de exercício espiritual. Assim como o exercício físico melhora o nosso estado psicológico, assim também o exercício espiritual dá um sentido renovado de harmonia que existe, naturalmente, entre corpo e mente. Eu tinha querido chamar ao meu novo livro da Quaresma “Sentir Deus”, “Sentir-se Melhor”, pois é disso, julgo eu, de que se trata nesta quadra encantadora, quando redefinimos o que é suficiente. A suficiência é a parte humana da equação equilibrada de felicidade. A abundância, o dom divino de ser, é a outra parte.
 
Nas culturas latinas, Terça-feira de Carnaval é tradicionalmente o tempo que resta para excessos desenfreados, antes de dizer adeus aos prazeres da carne. Na Inglaterra, com menos apetites desenfreados, temos panquecas à Terça para acabar com os ovos. Não cabe à Igreja incentivar celebrações orgíacas, mas talvez ela devesse salientar o seu lado bom. Apesar de tudo, sabemos melhor o que significa a suficiência à medida que recuperamos dos efeitos nocivos do excesso.
 
Este é um tempo de aprendermos a amar a ascese e de a ver como um modo de vida que deveria, de facto, ser seguido pelo ano fora. São Bento diz apenas isto e ele não era um ‘desmancha-prazeres’: “a vida monástica é uma Quaresma contínua”. Foi John Main quem me ajudou a compreender que a vida monástica (assim como o casamento ou outras vocações) é para ser livre e feliz e para nos abrir progressivamente a um deleite na bondade da criação. Isto apesar da dor inevitável da perda e da desilusão do fracasso. De algum modo o lado mais sombrio de nós e a nossa cultura escondem isto. Especialmente numa sociedade que vê o consumo como o pré-requisito para o divertimento, o prazer surge como algo que deve ser tomado e explorado. Como explicar de outro modo a obscena e crescente divisão entre riqueza conspícua e as dificuldades dos pobres? A Quaresma desafia este estado de coisas. A felicidade não é algo que se compre mas algo que é dado e recebido. Não tem a ver com armazenar mas sim com partilhar.
 
Treinar, fazer exercício físico moderadamente. A ascese é manter a lamina afiada e apta para o efeito. John Main ensinou-me que a oração é a ascese fundamental da vida cristã e isso ajuda a entender os ensinamentos e o estilo de vida de Jesus que encontramos nos Evangelhos.
 
Isto não é bem a mesma coisa que a prática religiosa que apenas acalma, consola e cria um momento de sentir-se bem ou de sedação breve. Não é que estas sejam qualidades de vida indesejáveis, mas não são o que a ascese significa. A oração pura (suficiente, não flácida ou verbosa ou inflacionada conceptualmente) é uma ascese diária. Tem de ser regular e conduz a uma equanimidade surpreendentemente fresca e centrada. É uma prioridade, o princípio organizador da nossa transformação diária e elevação contínua para Deus.


Com amor
Laurence


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Quinta-feira depois da Cinzas

12/2/2016

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Quinta-feira depois da Cinzas
 
Os cristãos não são os únicos a ter uma época especial para desenvolvimento espiritual. Os monges budistas, especialmente os da corrente Theravada, têm o Vassa, quando, por causa das chuvas da monção, prescindem das suas deambulações e ficam em casa durante três meses. Os monges dedicam mais tempo à meditação, ao estudo e ao ensino dos mais novos. Também os leigos intensificam as suas práticas espirituais e as boas obras (incluindo alimentar os monges).
 
Os muçulmanos respeitam o Ramadão, o mês em que o Corão foi transmitido, não comendo nem bebendo entre o nascer e o pôr-do-sol. O objectivo é renovar o seu foco na oração. Tentam recitar o Corão todo, mas também evitar a ira e a maldade. Ao comerem menos, aumentam o seu alimento espiritual.
 
Os ocidentais secularizados evitam o ângulo religioso com motivos menos transcendentes, mas, durante um determinado período, podem estar de dieta, inscrever-se num curso ou ir ao ginásio.
 
Os cristãos sentem-se inspirados pela simbologia bíblica do deserto enquanto lugar de purificação, de redução ao essencial e de encontro com Deus. Dura 40 dias (46 se incluirmos os domingos em que alguns pensam que não é apropriada qualquer prática quaresmal, já que, sendo o dia da Ressurreição, deve sempre ser celebrado). É uma preparação para o Mistério Pascal, de modo a que a pessoa possa entrar na Páscoa de forma mais consciente e proveitosa. É também uma imitação dos quarenta dias (um número completo) que Jesus passou no deserto, foi tentado com o orgulho, o poder e a auto-suficiência em diversos assaltos do ego, mas emergiu robustecido, clarificado e preparado para a missão da Sua vida.
 
Numa cultura de celebridade, idolatramos aqueles que criam uma auto-imagem pública única, que os torna a inveja das massas. As personalidades do desporto, os actores e as estrelas do rock exemplificam o objectivo de se destacar na multidão por forma a que esta possa imitar o seu estilo e até mesmo as suas ideias. A celebridade é, assim, uma armadilha autocontraditória, imitando o imitável.
 
As pessoas espiritualmente exemplares não são celebridades, tanto porque não têm qualquer interesse na fama como porque ficam felizes por serem imitadas e ultrapassadas. São sábios – sábios exploradores que vivem em harmonia com o seu ambiente e têm o bem dos outros com a sua primeira prioridade. Jesus expressa assim esta forma de viver: “Eu vim, não para julgar o mundo, mas para curá-lo. Vim para que pudésseis ter a vida em plenitude.” Não estão virados para si mesmos, observando o seu próprio desempenho ou controlando as suas classificações. Ensinam-nos pelo altamente consciente exemplo inconsciente que é alma do altruísmo.
 
O peregrino quaresmal deveria ficar feliz por imitar um tal mestre e, desse modo, pôr de lado os obstáculos, apegos e maus hábitos que o retêm. Seguir o ensinamento de Jesus, no que respeita à interioridade e ao Seu frequente afastamento da actividade para a contemplação, do mercado para o deserto, é o que está implícito nas disciplinas quaresmais que escolhemos e, especialmente, no pulsar duplo da meditação diária. 


Com amor
Laurence

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Quarta-feira de Cinzas

11/2/2016

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Quarta-feira de Cinzas
 
Hoje, muitos de nós verão as suas testas marcadas com cinzas – os restos queimados dos ramos de Domingo de Ramos do ano passado – do mesmo modo que muitas figuras bíblicas, em momentos de luto ou de crise, “cobriam a cabeça de cinzas”. Para as crianças, é um acto divertido e sagrado, ao mesmo tempo que descobrem novos simbolismos e enriquecem o vocabulário da sua vida espiritual. Para os cristãos mais velhos, é um ritual familiar que os faz sentir, de forma um pouco mais aguda a cada ano, a recordação da sua mortalidade: “Lembra-te, homem, que és pó e que ao pó hás-de tornar”. Para a maioria das pessoas, no nosso mundo secularizado, é apenas mais um resquício incompreensível dum mundo religioso arcaico.
 
De uma forma ou de outra, gostamos de marcar as ocasiões e as épocas especiais. É claro que elas são criação humana (a Quaresma só começou a ser observada no séc. IV). Mas se o nosso ano não for mais do que uma paisagem desolada de dias da semana, fins-de-semana, viagens de trabalho e férias, a sua bidimensionalidade, rapidamente, nos faz suspirar por esse “algo mais” que constitui esse sentido religioso estruturalmente impresso em nós. Muitos de nós passamos sem a religião, mas não conseguimos escapar a este desejo.  E, uma vez sentido o desejo, ele procura expressar-se.
 
Portanto, desfrutem das cinzas. Lembro-me de que, em criança, costumávamos sentir-nos orgulhosos e especiais por mostrarmos as cinzas ostensivamente na rua ou no metro. Olhávamos à nossa volta, à procura de outras pessoas com a mesma marca, e sentíamo-nos como se fôssemos membros dum clube secreto ou, pelo menos, exclusivo. Durante a celebração, tínhamos escutado as palavras de Jesus sobre o jejum (tomar apenas uma refeição faz igualmente parte das exigências de Quarta-feira de Cinzas): “Quando jejuardes, ungi a cabeça e lavai o rosto para que os outros não notem o vosso jejum, mas apenas o vosso Pai que está oculto”. (Mt 6:16) Porém, em criança, aprendendo a religião enquanto brincava dentro dela, fazia-nos sentir bem gabar-nos do nosso ascetismo. Fazia-nos sentir diferentes e talvez até um pouco melhores.
 
A Quaresma é uma oportunidade cujo significado temos que reconhecer antes de ela poder provar a sua utilidade para nós. Obviamente, isso não significa chamar a atenção para nós mesmos. Tal como o treino dum atleta não é feito para doer, a Quaresma não supõe dores ou dificuldades auto-infligidas. A Quaresma consiste na melhoria da nossa condição e agilidade espiritual, alcançada através de medidas escolhidas de moderação e de autolimitação e, com um pouco de inovação, consiste em empurrar-nos mais para o reino da consciência.
 
Se ainda não decidiu o que “fazer para a Quaresma”, pode considerar fazer uma prática com três vertentes: 1) renunciar ou reduzir algum tipo de consumo, seja de comida, de bebida ou de hábitos digitais; 2) melhorar a sua prática de meditação matinal e de fim de dia ou adicionar uma pausa a meio do dia; 3) comprometer-se com um melhor ritmo de vida e substituir uma distracção desnecessária (a maior parte de nós tem várias) por uma actividade criativa e refrescante, seja física, de leitura ou musical.
 
O “segredo” que Jesus aconselha desafia a nossa cultura de auto-revelação (denunciada pelo nosso culto da privacidade e das senhas de acesso). Ele não se refere, realmente, ao segredo, mas à interioridade e ao respeito pelo facto de que a maior parte dos frutos da Quaresma que se aproxima serem sentidos a partir de dentro. Que ela possa ser feliz e até mesmo divertida.


Com amor
Laurence

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    Retiro da Semana Santa,
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    Tentem absorver uma das Bem-Aventuranças, após cada meditação no decorrer da Semana Santa.
    (Laurence Freeman,
    in Quinta-feira da 5ª Semana da Quaresma 2016)
    O Evangelho do dia:
    (clique na imagem)
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    ​Se ainda não decidiu o que “fazer para a Quaresma”, pode considerar fazer uma prática com três vertentes:
    1) renunciar ou reduzir algum tipo de consumo, seja de comida, de bebida ou de hábitos digitais;
    2) melhorar a sua prática de meditação matinal e de fim de dia ou adicionar uma pausa a meio do dia;
    ​3) comprometer-se com um melhor ritmo de vida e substituir uma distracção desnecessária (a maior parte de nós tem várias) por uma actividade criativa e refrescante, seja física, de leitura ou musical.
    (Laurence Freeman, in Quarta-feira de Cinzas 2016)

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