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Reflexões para a            
Quaresma 2016              ​

por: La​urence Freeman OSB                                                    

                          ​

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​Domingo da Páscoa na Ressurreição do Senhor

28/3/2016

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​Domingo da Páscoa 

​
Vivemos com tantos cenários do futuro na nossa atormentada imaginação que é difícil e leva tempo, mesmo a notícias espantosamente boas e capazes de mudar a vida, até que nos adentrem. 

Que a profecia está cumprida.

Que a grande divisão foi tornada uma ponte.

Que temos um amigo fiel, um advogado para nos ajudar a atingir o nosso pleno potencial.

Que estamos livres do medo que nos mantinha aprisionados nos velhos ciclos que nos levavam a lado nenhum.

Que temos um lugar para onde ir e que estamos energizados pela esperança.

Que nos foi dado o poder para viver esta vida a partir de hoje de uma nova maneira.

Que o Senhor está ressuscitado.

Que é real Alleluia!


Com amor,
Laurence


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Sábado Santo

26/3/2016

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Sábado Santo

Santo Antão (Santo António do Deserto) uma vez chamou a si todos os monges. Quando se juntaram disse-lhes: “Somente respirem Cristo” e mandou-os embora.

De uma forma incomum para a maioria das filosofias religiosas o Budismo Tibetano oferece uma descrição bastante confiante do que acontece após a morte. Embora sejamos naturalmente curiosos, ficamos também, a maioria de nós, satisfeitos por nos mantermos ignorantes sobre a viagem que continuamos neste sombrio reino. O mais fácil de tudo é acreditar que nada acontece. Que esta vida é tudo o que existe, e que depois de a luz da consciência se apagar há infinita escuridão.  

Os tibetanos acreditam que, para a maioria de nós, ao entrar na morte há um estado inicial de inconsciência. A este seguem-se, porém, seis reinos bardo, estados de transição, com muito vívidas visões e perceções. Passamos por eles até o renascimento acontecer. De uma perspetiva, tudo é transitório, até a própria vida. De outra perspetiva, todos os estados, mesmo o que ocorre entre duas respirações ou dois pensamentos, é um mundo por si só, com um particular significado e propósito. O dia de hoje é um reino bardo mas algo está de certeza a acontecer.

O entendimento cristão do significado de Sábado Santo, a transição entre a morte e a ressurreição de Jesus, é o de que Ele esteve intensamente ativo. Ele desceu aos infernos. Ele penetrou nas mais profundas e escuras camadas do humano, até aonde o humano inicialmente emergiu, até aonde a consciência começa. Ele mergulhou fundo e cada vez mais fundo. Ao contrário da maioria de nós, Ele não foi desviado pelo vívido conteúdo dos diferentes reinos. Viu-os como projeções da consciência, não como a consciência em si mesma. 

A verdade e o amor que Ele tinha descoberto ao longo da Sua vida e que almejava partilhar impulsionava-O agora como um míssil de redenção. A Sua missão de irresistível compaixão harmoniza todas as camadas da consciência com a própria realidade.

Agora, não há sítio algum aonde possamos ir no qual Ele não tenha estado e estando consciente de aí estar. Até a inconsciência foi impregnada com a semente da consciência amorosa. À medida que fazemos o nosso próprio progresso através dos reinos bardo e encontramos a Sua presença, o medo dissolve-se assim que se forma.

Em vez de ao renascimento, somos conduzidos para lá do ciclo de repetição para o estado de Ressurreição onde já não inspiramos nem expiramos. Nós simplesmente respiramos Cristo.


Com amor,
Laurence

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Sexta-feira Santa

26/3/2016

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Sexta-feira Santa

“Fazei isto em memória de mim”, disse Jesus na Sua Última Ceia. Mas isso acabou por ser visto, por aqueles que O recordavam, como lançando, também, uma luz direta sobre o significado da Sua morte. Ele não Se matou. Mas, por via de estar tão presente para o que Lhe estava a acontecer, fez da Sua morte uma auto-oferenda, da mesma maneira que ofereceu a Sua presença real na Última Ceia. Esta ligação torna esta Sexta-feira Santa e Jesus inesquecível.

Não O recordamos como um evento passado. Somos religados a Ele como uma presença real que flui através da História. Através da ligação pessoal de fé, estamos a transformar o passado em presente pela alquimia do amor. (“O princípio é a fé, o fim é o amor e a união entre os dois é Deus” – dizia Santo Ireneu).

O termo é “anamnese”. Ele existe também na terminologia médica para referir a capacidade do doente de recordar e expressar a história completa da sua condição. Por hoje, significa que aquilo por que Jesus passou na Sua morte e o que Ele libertou está plenamente presente para nós. Esta presença está ali. Ela tem, portanto, uma influência sobre todos, ou assim o entende a Fé Cristã.

Mas ela só é real quando nos tornamos realmente presentes para ela. É como descobrir que a pessoa por quem nos apaixonámos sente, de facto, qualquer coisa por nós. Começamos a ter esperança. A esperança sara as feridas que nem sabíamos que tínhamos. E, finalmente, quando o amor pode ser plenamente declarado, talvez depois de muito sofrimento, há uma expansão do ser para além do ego da separação que não pode ser descrita.

Muitos de vós ireis participar hoje numa celebração de Sexta-feira Santa – uma das datas mais populares no calendário cristão. Alguns podereis optar por entrar na fila que se forma para reverenciar a cruz. Fazemo-lo na nossa vez, sem nos apressarmos para a frente da fila. Isto recorda-nos que o que faz do dia de hoje Santo é que ele abriu-nos para um novo relacionamento com esta fonte de amor. Mudou, também, o nosso relacionamento uns com os outros.


Com amor,
Laurence


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Quinta-feira Santa

24/3/2016

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Quinta-feira Santa

Consigo lembrar-me, de forma bastante viva, do momento em que passei a ter consciência da comida. Um amigo estava a dizer que boa refeição estávamos a tomar ou talvez estivesse a recordar uma boa refeição do passado e eu reparei que nunca me tinha preocupado, realmente, com o que comia. (Isto foi há muito tempo). Ele olhou para mim com espanto, talvez porque, sendo judeu, as refeições comunitárias e o que era preparado para alimentar e agradar às pessoas à mesa tinha, para ele, um caráter sacramental. Para mim, foi um daqueles momentos em que vemos algo que nunca tínhamos visto antes. Uma descoberta.

Até esse momento, eu era um pouco como o filósofo Schopenhauer que dizia à sua senhoria que não se importava com o que comia, desde que fosse a mesma coisa todos os dias. Ele não queria ser distraído dos seus pensamentos por uma coisa tão banal como a comida.

Algo similar me aconteceu com respeito à Eucaristia, cuja fundação a partir da refeição da Páscoa Judaica recordamos hoje. Ver como John Main a celebrava com tal reverência e profundidade de significado e, em seguida, descobrir a luz derramada sobre o mundo interior, através da meditação, fez-me compreender, com um sentido de descobrir, o que me era familiar há muito tempo, mas que nunca tinha entendido, que a Eucaristia era realmente alimento para ser apreciado e tomado com seriedade.

Depois vi, através da leitura, a grande reverência e grato prazer que os primeiros cristãos sentiam face à Eucaristia. Lentamente, aclarou-se em mim o entendimento de que ambas, a meditação e a Eucaristia, têm a ver com a mesma presença real que se manifesta de diferentes maneiras. O que a torna real, claro, é a reciprocidade. Não há nada mais destrutivo da presença do que a distração. Estar sentado à mesa da refeição com outras pessoas que estão constantemente a espreitar o seu telefone e a mandar mensagens, por exemplo. Isto é, provavelmente, o que Judas estava a fazer durante a Última Ceia.

Para sublinhar este ponto Jesus chocou-os e despertou-os levando-lhes os pés. A Eucaristia alimenta-nos na fonte com este espírito de humildade. Jesus dá-Se a Si mesmo por este meio sem reservas. Ele não é autoimportante. Nada é mais importante do que não ser autoimportante. Assim, escancarando as portas interiores do amor, somos inundados com um sentido de descoberta. Vemos o que sempre ali esteve, mas que não tínhamos conseguido entender.

A Comunhão consiste em ser re-lembrado /‘re-membrado’*.


Com amor,
Laurence


* Nota do revisor: no original inglês é usada a palavra ‘re-membered’ que pode ser interpretada /traduzida  como re-lembrado / mas tem também o sentido de ‘re-membrado’ (re-integrado como membro, do mesmo Corpo). 



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Quarta-feira da Semana Santa

23/3/2016

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Quarta-feira da Semana Santa

Conversar assegura-nos que não estamos sós. A grande solidão do coração humano não é psicológica. É cósmica. Ainda que tenhamos sete biliões de pessoas com quem conversarmos, perturba-nos imenso pensar que podemos ser ‘a única vida inteligente´ no universo. Digitalizamos as ondas de rádio a partir das galáxias mais longínquas na esperança de ‘estabelecermos contacto’. Provavelmente, se o fizéssemos cedo estaríamos ou a tentar explorá-los ou a destrui-los. 

A conversa espiritual desta semana – com as escrituras e uns com os outros – revela algo mais sobre esta compulsão e medo que moldou a história do ser humano, como pode moldar e distorcer, com a mesma facilidade, as nossas próprias vidas. Quando nos viramos para um ponto comum de atenção e vivemos juntos de acordo com essa orientação, o que é que esperamos encontrar? Uma resposta às nossas perguntas curiosas? Sabedoria para nos ajudar a lidar com isso? Poder para nos permitir ser bem-sucedidos? 

O que encontramos numa conversa que se tornou um silêncio verdadeiro – uma conversa com a experiência do silêncio – é que aquilo para onde nos viramos já está virado para nós. Além disso, está firme, como não conseguimos fazer com a nossa falta de atenção para tudo o que não seja nós mesmos. Nesta conversa fazemos contacto com a vida inteligente que transmite ondas de amor para nós, à volta de nós, através de nós. É uma presença real.

Para uma presença ser real (não um grupo de pessoas sentadas numa sala a mandar mensagens para outras pessoas), tem de haver presença mútua. Jesus tem uma presença real nele próprio mesmo que estejamos distraídos. Ele está presente – como Ele diz com frequência nos evangelhos desta semana – ao Pai. A sua presença para nós é um convite a nos tornarmos presentes a Ele e assim também ao seu Pai e nosso Pai. Isso por si só é que vai aliviar o medo do coração humano de estarmos para sempre e em toda a parte sós.



Com amor,
Laurence


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Terça-feira da Semana Santa

22/3/2016

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Terça-feira da Semana Santa

Começámos o retiro da Semana Santa na Ilha de Bere. Isso explica em parte porque me atrasei a enviar esta reflexão diária – pelo que peço desculpa ao maravilhoso grupo de tradutores na nossa comunidade que estão a traduzir em dez idiomas.

Tenho apreciado muitos leitores destas reflexões diárias por terem tempo para me mandarem os seus comentários. Isto lembrou-me que somos todos parte de uma conversa. A palavra ‘conversa’ evoca, geralmente, o sentido de falarmos em conjunto, mas este é um significado tardio – do séc. XVI, julgo. O seu significado original é sugerido pelo voto de S. Bento de ‘conversatio morum’, mudança nos valores e no nosso modo de vida.

A conversa, ou conversação, é fundamentalmente ‘voltar-se para’ algo em conjunto, treinando a nossa atenção num ponto comum e ‘vivendo juntos’ naquele modo de olhar e ver. (Olhar para nem sempre é ver. Mas há que olhar primeiro antes de se poder ver realmente o que é).

Nesta semana santa estamos em conversa uns com os outros e também com a importante história dos últimos dias de Jesus. As escrituras cristãs, no entanto, não são sutras ou upanishads. As importantes reflexões intelectuais e teológicas da fé sobre a pessoa de Jesus vêm mais tarde.

O coração da conversação desta semana é uma história. Pode ser intrigante pensar porque é que os evangelhos, os textos nucleares do Cristianismo, parecem dar uma atenção tão desproporcionada à parte final da sua vida. No entanto, quando relembramos os últimos dias de vida de alguém que amámos, compreendemos porquê: o sentido da vida e do amor torna-se mais claro numa situação mais vulnerável e frágil. A meditação ensina-nos isso ao permitirmos que ela nos torne pobres. 

Com amor,
Laurence


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Segunda-Feira da Semana Santa

21/3/2016

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Segunda-Feira da Semana Santa

Existe uma qualidade única de autocontrole e de desapego no modo como Jesus passa pelas suas provações. A partir da nossa experiência comum de enfrentar crises e transformações, perdas e mortes, poderíamos interpretá-lo como uma ausência de sentimento ou uma auto-anestesia. Temos todos tendência para enterrarmos a cabeça na areia quando não gostamos do que vemos. A partir de um ponto de vista quase teológico poderia ser mal-interpretado dizendo-se, ‘bem Ele era Deus portanto verdadeiramente Ele não sofria. Ele sabia que tudo iria acabar bem no final.´ Tendemos todos a preferir um mestre espiritual idealizado ou um deus olímpico que está de preferência acima e não por dentro do reino da nossa humanidade.

A questão é que toda esta história é sem sentido – e perdemos o nosso tempo na Quaresma – se não percebermos que Jesus era tão humano quanto nós somos e é tão humano quanto nós seremos. 

Como lidamos nós com a perda, morte, traição e deceção? Quem é que não experimenta tudo isto, até certo ponto, em momentos das nossas breves vidas? O modo como reagimos ao sofrimento determina, também, como lidamos com descobertas, regeneração, amor e a realização das nossas expectativas. Isto também caracteriza, em certa medida, a existência humana. Não há dúvida que preferiríamos escolher da paleta de cor humana. Mas também, não há qualquer dúvida no final de que ambas as categorias nos ensinam e nos formam e devemos abraçá-las todas com a mesma humildade.

O distanciamento que aprendemos com o tempo e nos traz maturidade de caráter significa que não fazemos uma birra de cada vez que não conseguimos o que queremos. Nem mergulhamos num desespero total quando perdemos o que possuímos. Do mesmo modo, não nos tornamos possessivos quando as coisas boas da vida vêm ter connosco. Não nos iludimos que não haja problemas ao voltar da esquina. Mas é, justamente, este fino equilíbrio nas reações que nos permite ir para além dos jogos da emoção e do apego do ego à perspetiva dor-prazer. 

A meditação como parte da vida, a nossa tentativa quaresmal de vivermos melhor a nossa vida aponta para o grande sinal que havemos de contemplar nestes próximos dias. Ir através da dor, libertarmo-nos para a morte quando chegar a hora, deixarmos todos os que amamos e os prazeres da vida sem ressentimento: assim encontraremos a bondade para além do bom e do mau, uma realização para além do perder e encontrar, uma vida para além da vida e da morte. Mais, descobriremos que isso não está lá no Monte Olimpo mas aqui no nosso próprio ADN.

Se a Quaresma tinha a ver com caminhar no deserto durante quarenta dias, a Semana Santa tem a ver com o voltar a casa e dizer um exultante obrigado do fundo dos nossos corações.  

Com amor,
Laurence


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Domingo de Ramos

20/3/2016

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Domingo de Ramos

                       Jesus, lembra-te de mim quando chegares ao teu reino. Ele respondeu, ‘Na verdade,
                       prometo-te, que hoje estarás comigo no paraíso’.

Hoje começa o drama da Paixão, a jornada do inferno da dor para o paraíso da alegria. Cada detalhe de cada incidente descrito entrou desde há milénios na nossa imaginação coletiva. Apesar de, por falta de qualquer transmissão da fé, muitos poderem estar incapazes de identificar os pormenores ou a história, a imagem continua a ser potente. Alguém que ouça atentamente esta narrativa vai reconhecer-se nela. Aqui, Jesus, na sua última troca de palavras, consola o ladrão crucificado ao lado dele, dizendo que depois de morrerem se encontrarão no Paraíso.

É um drama interativo e só o poderemos compreender se estivermos dentro dele. Grande parte da história relaciona-se com a humilhação psicológica de Jesus – terem-lhe sido retirados todos os direitos e dignidade – e com a sua degradação física e o seu sofrimento. Então o significado não é apenas que Jesus seja um indivíduo heroico, um inocente que se tornou em bode expiatório. Quer dizer também que o nosso orgulho e a nossa vulnerabilidade física são postas em questão. É difícil olhar para esta história apenas de modo objetivo, sem cairmos eventualmente nela e sem que nos provoque uma forte empatia mental e física com tudo o que Jesus suportou. É esta capacidade de empatia que explica a qualidade redentora da morte de Jesus, e a razão pela qual o que acontece com Ele nos muda.

Vi muitas vezes como as pessoas, ao aceitarem a sua doença terminal, usam o tempo que lhes resta para oferecer a sua morte no altar dos seus últimos dias. Um sentido da vida supera a sensação da morte. O amor torna-se mais forte que o isolamento. Como se atinge este momento e o que acontece a seguir? Isto acontece quando partilhamos o impartilhável. O desapego do moribundo é então o meio da mais profunda e delicada influência.

A meditação leva-nos através deste percurso no microcosmos do nosso mundo interior. A Quaresma trouxe-nos a esta reflexão sobre o significado último.


Com amor,
Laurence


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Sábado da 5ª Semana da Quaresma

19/3/2016

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Sábado da 5ª Semana da Quaresma

Outro segredo de felicidade sem sentido: ´Bem-aventurados os mansos porque possuirão a terra’. Se há algo que parece sugerir como as pessoas religiosas estão fora do mundo este dito pode ser um deles.

O manso deixa que o forte lhe ponha os pés em cima. A não-violência pode ser um belo e heroico ideal mas não destrói o mal. A terra que o humilde herda é um terreno baldio que o seu opressor abandonou porque não consegue extrair nada dele. O que é que, no mundo real, significa esta Bem-Aventurança?

Pensei muitas vezes nisto ao visitar países cheios de corrupção política e financeira e de violência endémica. Muitas vezes o caráter nacional parece tudo menos corrupto e violento. Pode ser aparentemente amável e generoso e ter mais coisas para celebrar na vida do que explorar e roubar. A mansidão – se é isto que significa – parece torná-los perigosamente vulneráveis em relação àqueles que são insensíveis e egoístas.

E, ‘herdarão a terra’. Talvez esta seja a chave para compreender o que é a mansidão. Não possuir nem conquistar, mas herdar. Herdamos coisas depois de uma morte. Elas chegam às nossas mãos pela vontade do proprietário anterior ou pela linha de sucessão. Os mansos passaram pelo corredor da morte. O que eles herdam – a terra – pode parecer o mesmo para aqueles que ainda não morreram. Mas, para aqueles que morreram e entram na sua herança, a terra parece e é bem diferente.

Dizem que os primeiros colonos brancos na Austrália acharam fácil tirar a terra aos nativos porque eles, os aborígenes, não tinham o sentido da propriedade individual. Parecia inconcebível possuir a terra porque a terra e o povo se possuíam entre si.

Para que coisas morreram os mansos ou – talvez nalguns casos – nunca conheceram? Devem ter sido as mesmas atitudes e comportamentos que justamente tornaram os mansos tão vulneráveis – orgulho, ganância, inveja, dureza de coração, apetite pela violência. Tudo o que faz com que a guerra na Síria continue para além da razão e apesar dos esforços de bons negociadores e, claro, apesar dos mortos, mutilados, deslocados e dos refugiados.

As cidades são libertadas mas, no processo, tornam-se inabitáveis. Os que um dia as vão herdar e reconstruir a civilização terão morrido para a autodestruição dos que se aproveitam da mansidão porque apenas veem nela fraqueza.

Pensem nisto ao refletirem como Jesus atravessou a sua Paixão e deu à humanidade um novo modo de  ver a terra – uma visão que ainda luta pela  aceitação.


Com amor,
Laurence


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Sexta-feira da 5ª Semana da Quaresma

18/3/2016

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Sexta-feira da 5ª Semana da Quaresma

É difícil de imaginar as Bem-Aventuranças como um recurso na secção Estilos de Vida de uma edição de domingo do New York Times. No entanto, elas são, de certo modo, uma opção de vida, porque exprimem verdades seminais que determinam o nosso modo de viver. Elas decidem como devemos reagir a cada acontecimento, a cada reviravolta inesperada. Mas, assim como a felicidade é mais um resultado subtil do que um objetivo desejado, também a sabedoria das Bem-Aventuranças se esconde em paradoxos, mesmo em aparente absurdo.

Como, ‘Felizes os que choram porque serão consolados’. Para fazermos o luto temos de renunciar à negação. Perante a perda ou a deceção a nossa primeira reação é ‘Oh, não!’ Procuramos mentalmente o botão de pausa, para parar o que está a acontecer de modo a que possamos retroceder. Mesmo quando fomos invadidos por algo doloroso e começámos a lidar com isso, permanece em nós uma resistência à força da realidade que nos atingiu. Como alguém devastado por um poder hostil, não temos alternativa senão rendermo-nos. Mas, secretamente, resistimos e negamos.

Fazer o luto é enfrentar a parte mais cruel da verdade sem tentar alterar a realidade com a nossa imaginação. Também é isto que fazemos na meditação ao deixarmos ir todas as cenas e jogos surpreendentes da nossa imaginação. Como resultado ficamos menos fantasiosos e mais criativamente imaginativos. Por essa razão há um aspeto de luto na meditação.

Um homem novo que estava a aprender a meditar disse-me um dia que estava a achar o processo muito difícil. Com sorte ele conseguia estar dez minutos a meditar de cada vez. Ele não se sentia nada em sintonia com os outros do seu grupo que cantavam os louvores da meditação e descreviam os seus benefícios. No entanto, ele não tinha desistido e não tencionava fazê-lo. Depois, acrescentou por acaso que chorava em quase todas as sessões de meditação. Como outros com este ‘dom das lágrimas’, como lhe chamavam os monges do deserto, ele não estava triste nem em sofrimento. Era simplesmente um excesso – de quê? Talvez o passado esquecido reivindicando o seu direito de ser integrado no presente.

Fazer o luto não é essencialmente triste. É a recusa da falsa consolação. É o grande gesto de aceitação do que é mais difícil de aceitar. Assim que é aceite é integrado. É reconhecido como parte da história que nós somos. Isso é em si mesmo imensamente reconfortante.

(Procurem isso no relato da Paixão onde vemos Jesus a prantear antes de morrer enquanto que os seus companheiros não conseguem aceitar o que está acontecendo.)


Com amor,
Laurence


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    Retiro da Semana Santa,
    ​em direto de Bere Island
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    Tentem absorver uma das Bem-Aventuranças, após cada meditação no decorrer da Semana Santa.
    (Laurence Freeman,
    in Quinta-feira da 5ª Semana da Quaresma 2016)
    O Evangelho do dia:
    (clique na imagem)
    Imagem


    ​Se ainda não decidiu o que “fazer para a Quaresma”, pode considerar fazer uma prática com três vertentes:
    1) renunciar ou reduzir algum tipo de consumo, seja de comida, de bebida ou de hábitos digitais;
    2) melhorar a sua prática de meditação matinal e de fim de dia ou adicionar uma pausa a meio do dia;
    ​3) comprometer-se com um melhor ritmo de vida e substituir uma distracção desnecessária (a maior parte de nós tem várias) por uma actividade criativa e refrescante, seja física, de leitura ou musical.
    (Laurence Freeman, in Quarta-feira de Cinzas 2016)

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