
Sexta-feira da 5ª Semana da Quaresma
É difícil de imaginar as Bem-Aventuranças como um recurso na secção Estilos de Vida de uma edição de domingo do New York Times. No entanto, elas são, de certo modo, uma opção de vida, porque exprimem verdades seminais que determinam o nosso modo de viver. Elas decidem como devemos reagir a cada acontecimento, a cada reviravolta inesperada. Mas, assim como a felicidade é mais um resultado subtil do que um objetivo desejado, também a sabedoria das Bem-Aventuranças se esconde em paradoxos, mesmo em aparente absurdo.
Como, ‘Felizes os que choram porque serão consolados’. Para fazermos o luto temos de renunciar à negação. Perante a perda ou a deceção a nossa primeira reação é ‘Oh, não!’ Procuramos mentalmente o botão de pausa, para parar o que está a acontecer de modo a que possamos retroceder. Mesmo quando fomos invadidos por algo doloroso e começámos a lidar com isso, permanece em nós uma resistência à força da realidade que nos atingiu. Como alguém devastado por um poder hostil, não temos alternativa senão rendermo-nos. Mas, secretamente, resistimos e negamos.
Fazer o luto é enfrentar a parte mais cruel da verdade sem tentar alterar a realidade com a nossa imaginação. Também é isto que fazemos na meditação ao deixarmos ir todas as cenas e jogos surpreendentes da nossa imaginação. Como resultado ficamos menos fantasiosos e mais criativamente imaginativos. Por essa razão há um aspeto de luto na meditação.
Um homem novo que estava a aprender a meditar disse-me um dia que estava a achar o processo muito difícil. Com sorte ele conseguia estar dez minutos a meditar de cada vez. Ele não se sentia nada em sintonia com os outros do seu grupo que cantavam os louvores da meditação e descreviam os seus benefícios. No entanto, ele não tinha desistido e não tencionava fazê-lo. Depois, acrescentou por acaso que chorava em quase todas as sessões de meditação. Como outros com este ‘dom das lágrimas’, como lhe chamavam os monges do deserto, ele não estava triste nem em sofrimento. Era simplesmente um excesso – de quê? Talvez o passado esquecido reivindicando o seu direito de ser integrado no presente.
Fazer o luto não é essencialmente triste. É a recusa da falsa consolação. É o grande gesto de aceitação do que é mais difícil de aceitar. Assim que é aceite é integrado. É reconhecido como parte da história que nós somos. Isso é em si mesmo imensamente reconfortante.
(Procurem isso no relato da Paixão onde vemos Jesus a prantear antes de morrer enquanto que os seus companheiros não conseguem aceitar o que está acontecendo.)
Com amor,
Laurence
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
http://www.meditacaocrista.com/
https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal
É difícil de imaginar as Bem-Aventuranças como um recurso na secção Estilos de Vida de uma edição de domingo do New York Times. No entanto, elas são, de certo modo, uma opção de vida, porque exprimem verdades seminais que determinam o nosso modo de viver. Elas decidem como devemos reagir a cada acontecimento, a cada reviravolta inesperada. Mas, assim como a felicidade é mais um resultado subtil do que um objetivo desejado, também a sabedoria das Bem-Aventuranças se esconde em paradoxos, mesmo em aparente absurdo.
Como, ‘Felizes os que choram porque serão consolados’. Para fazermos o luto temos de renunciar à negação. Perante a perda ou a deceção a nossa primeira reação é ‘Oh, não!’ Procuramos mentalmente o botão de pausa, para parar o que está a acontecer de modo a que possamos retroceder. Mesmo quando fomos invadidos por algo doloroso e começámos a lidar com isso, permanece em nós uma resistência à força da realidade que nos atingiu. Como alguém devastado por um poder hostil, não temos alternativa senão rendermo-nos. Mas, secretamente, resistimos e negamos.
Fazer o luto é enfrentar a parte mais cruel da verdade sem tentar alterar a realidade com a nossa imaginação. Também é isto que fazemos na meditação ao deixarmos ir todas as cenas e jogos surpreendentes da nossa imaginação. Como resultado ficamos menos fantasiosos e mais criativamente imaginativos. Por essa razão há um aspeto de luto na meditação.
Um homem novo que estava a aprender a meditar disse-me um dia que estava a achar o processo muito difícil. Com sorte ele conseguia estar dez minutos a meditar de cada vez. Ele não se sentia nada em sintonia com os outros do seu grupo que cantavam os louvores da meditação e descreviam os seus benefícios. No entanto, ele não tinha desistido e não tencionava fazê-lo. Depois, acrescentou por acaso que chorava em quase todas as sessões de meditação. Como outros com este ‘dom das lágrimas’, como lhe chamavam os monges do deserto, ele não estava triste nem em sofrimento. Era simplesmente um excesso – de quê? Talvez o passado esquecido reivindicando o seu direito de ser integrado no presente.
Fazer o luto não é essencialmente triste. É a recusa da falsa consolação. É o grande gesto de aceitação do que é mais difícil de aceitar. Assim que é aceite é integrado. É reconhecido como parte da história que nós somos. Isso é em si mesmo imensamente reconfortante.
(Procurem isso no relato da Paixão onde vemos Jesus a prantear antes de morrer enquanto que os seus companheiros não conseguem aceitar o que está acontecendo.)
Com amor,
Laurence
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
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