
Quarta-feira da 1ª Semana da Quaresma
Após descrever a sua maior experiência mística, em que foi elevado ao terceiro céu (“em corpo ou exteriormente, isso não sei”), S. Paulo diz então que tinha recebido um espinho na carne para evitar que se tornasse orgulhoso. Seria algo exasperante, presumivelmente, que o recordava de que estava plenamente no seu corpo e sujeito à suas limitações e contradições.
Pediu a Deus que o livrasse desse espinho. Não diz o que era, pelo que ficamos livres para imaginar o que serão os nossos próprios espinhos. Sem dúvida, ele queria ser melhor, mais perfeito, mais eficaz. Porém, em vez disso, Deus disse-lhe algo que o deve ter desapontado, ao princípio, mas que, depois, o abriu para uma revelação ainda mais profunda que a sua experiência mística. Compreendeu que a sua própria imperfeição e fraqueza eram o cadinho em que o poder de Deus se poderia manifestar. “Quando eu sou fraco é que eu sou forte.” Compreensivelmente, tinha querido ficar livre de espinhos para poder ser mais forte. Mas, em vez disso, descobriu que, com espinhos e tudo, ele seria mais forte por causa da sua fraqueza.
Quando não conseguimos o que queremos, apesar de nos sentirmos seguros de ser o que é correcto e natural para nós, confrontamo-nos com o tipo de bloqueio e de impasse face à nossa vontade que desencadeia uma birra numa criança de dois anos. Mesmo mais à frente, na nossa vida, o nosso ego rebela-se, zangado, em autocomiseração ou desespero, quando os nossos desejos são frustrados. Em extremo e em larga escala, isso conduz à loucura da reacção suicidária de Hitler à sua derrota inevitável ou à actual guerra na Síria, em que 11 porcento da população já foi morta e 70 porcento desalojada. Em ambos os casos, há uma recusa em assumir a fraqueza da condição humana. A conclusão perversa do ego é a de que é melhor a morte que a derrota.
Ao nível individual, esta loucura transforma-se em ódio a si mesmo e manifesta-se num comportamento progressivamente mais aditivo e autodestrutivo. A Quaresma é um tempo para fazermos um exame a nós mesmos à procura de alguma tendência nessa direcção. O silêncio, a quietude mental, livre do pensamento, e a simplicidade de intenção são a melhor forma de fazer o exame. A meditação revela qualquer parte de nós em que estejamos enterrados num bunker de negação, reclamando os nossos desejos futilmente contra o mundo real.
Somos seres completos. Mas somos compostos por muitas partes. Muitas vezes, essas diferentes dimensões não estão sincronizadas. E, deste modo, podemos ter grandes áreas de nós mesmos em condições saudáveis convivendo com várias outras pequenas áreas em luta com os espinhos. É melhor compreendê-los do que arrancá-los. A impotência da meditação dá-nos o poder de abraçar esta fraqueza como a fonte da verdadeira força e do nosso encontro com Deus.
Com amor,
Laurence
Comunidade Mundial de Meditação Cristã - Portugal
http://www.meditacaocrista.com/
https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal
Após descrever a sua maior experiência mística, em que foi elevado ao terceiro céu (“em corpo ou exteriormente, isso não sei”), S. Paulo diz então que tinha recebido um espinho na carne para evitar que se tornasse orgulhoso. Seria algo exasperante, presumivelmente, que o recordava de que estava plenamente no seu corpo e sujeito à suas limitações e contradições.
Pediu a Deus que o livrasse desse espinho. Não diz o que era, pelo que ficamos livres para imaginar o que serão os nossos próprios espinhos. Sem dúvida, ele queria ser melhor, mais perfeito, mais eficaz. Porém, em vez disso, Deus disse-lhe algo que o deve ter desapontado, ao princípio, mas que, depois, o abriu para uma revelação ainda mais profunda que a sua experiência mística. Compreendeu que a sua própria imperfeição e fraqueza eram o cadinho em que o poder de Deus se poderia manifestar. “Quando eu sou fraco é que eu sou forte.” Compreensivelmente, tinha querido ficar livre de espinhos para poder ser mais forte. Mas, em vez disso, descobriu que, com espinhos e tudo, ele seria mais forte por causa da sua fraqueza.
Quando não conseguimos o que queremos, apesar de nos sentirmos seguros de ser o que é correcto e natural para nós, confrontamo-nos com o tipo de bloqueio e de impasse face à nossa vontade que desencadeia uma birra numa criança de dois anos. Mesmo mais à frente, na nossa vida, o nosso ego rebela-se, zangado, em autocomiseração ou desespero, quando os nossos desejos são frustrados. Em extremo e em larga escala, isso conduz à loucura da reacção suicidária de Hitler à sua derrota inevitável ou à actual guerra na Síria, em que 11 porcento da população já foi morta e 70 porcento desalojada. Em ambos os casos, há uma recusa em assumir a fraqueza da condição humana. A conclusão perversa do ego é a de que é melhor a morte que a derrota.
Ao nível individual, esta loucura transforma-se em ódio a si mesmo e manifesta-se num comportamento progressivamente mais aditivo e autodestrutivo. A Quaresma é um tempo para fazermos um exame a nós mesmos à procura de alguma tendência nessa direcção. O silêncio, a quietude mental, livre do pensamento, e a simplicidade de intenção são a melhor forma de fazer o exame. A meditação revela qualquer parte de nós em que estejamos enterrados num bunker de negação, reclamando os nossos desejos futilmente contra o mundo real.
Somos seres completos. Mas somos compostos por muitas partes. Muitas vezes, essas diferentes dimensões não estão sincronizadas. E, deste modo, podemos ter grandes áreas de nós mesmos em condições saudáveis convivendo com várias outras pequenas áreas em luta com os espinhos. É melhor compreendê-los do que arrancá-los. A impotência da meditação dá-nos o poder de abraçar esta fraqueza como a fonte da verdadeira força e do nosso encontro com Deus.
Com amor,
Laurence
Comunidade Mundial de Meditação Cristã - Portugal
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