
Quinta-feira da 5ª Semana da Quaresma
No livro “A Bondade do Coração”, o Dalai Lama comenta sobre as Bem-Aventuranças de Jesus (‘Felizes são os…´) a partir de uma perspetiva budista. Lembro-me do seu olhar concentrado quando as lia, talvez pela primeira vez, e explorava o seu significado. O seu primeiro, e para mim surpreendente, comentário foi que elas exprimiam a lei da causa e efeito.
Isto é útil. Alguns cristãos pensam na felicidade (uma característica do céu) apenas como algo que nos é dado por Deus como recompensa das nossas virtudes. Também podem, muitas vezes, identificar a virtude, em primeiro lugar, com a auto renúncia em vez de, como viu Platão, com a realização do potencial humano. Se a felicidade não é um produto de estilo de vida que adquirimos por procurar obtê-lo, também não é algo que ganhamos meramente pela conduta moral ou pela observância religiosa. A coisa subtil da felicidade é que é o resultado natural de algo, parte pelo processo de causa/efeito, mas, quando é derramada sobre nós, sentimo-la como um dom total e incondicional.
As Bem-Aventuranças vinculam a felicidade à bem-aventurança e registam esta qualidade subtil em verdades paradoxais tão surpreendentes como óbvias. Assim como a primeira “Felizes os pobres (ou os pobres em espírito) porque deles é o reino dos Céus”. O que significa ser pobre, ou pobre de espírito? E, por favor, o que é o reino dos céus? Estas e outras questões provocadas por um ensinamento espiritual de profundidade das Bem-Aventuranças implicam todos os valores e significado das nossas vidas. Merecem ser mastigadas, ponderadas e discutidas regularmente. Tentem absorver uma das Bem-Aventuranças, após cada meditação no decorrer da Semana Santa.
Com a primeira, temos apenas de ver se já a temos praticado. O mantra destina-se a tornar-nos o mais pobres possível. É muito mais difícil dizê-lo se pensamos que estamos a dizê-lo para enriquecimento pessoal. Mas quando realizamos que é para nos libertarmos das nossas possessões, torna-se mais fácil – o esforço que precisamos para o dizer torna-se mais sintonizado com a sua simplicidade essencial. A possessividade começa com o pensamento ‘isto é meu’. É um pensamento tipo cobra. Desliza para todo o lado, esconde-se bem e pode atacar num repente com o seu veneno. Podemos estar seguros de que não somos particularmente possessivos até alguma coisa nos ameaçar e então defendemos o nosso direito de propriedade e de controle até à última.
A pobreza (de espírito) implica deixar de lado os nossos pensamentos, todos os pensamentos porque ‘isto é meu’ invade e ocupa todos eles. Todo o pensamento é fumigado na meditação. O resultado é a capacidade de desfrutar daquilo que a possessividade destrói. Quando começamos a desfrutar do que é, sem nos apegarmos e sem elaborarmos planos para o possuir, já temos um pé, aqui e agora, no reino dos céus.
Com amor,
Laurence
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
http://www.meditacaocrista.com/
https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal
No livro “A Bondade do Coração”, o Dalai Lama comenta sobre as Bem-Aventuranças de Jesus (‘Felizes são os…´) a partir de uma perspetiva budista. Lembro-me do seu olhar concentrado quando as lia, talvez pela primeira vez, e explorava o seu significado. O seu primeiro, e para mim surpreendente, comentário foi que elas exprimiam a lei da causa e efeito.
Isto é útil. Alguns cristãos pensam na felicidade (uma característica do céu) apenas como algo que nos é dado por Deus como recompensa das nossas virtudes. Também podem, muitas vezes, identificar a virtude, em primeiro lugar, com a auto renúncia em vez de, como viu Platão, com a realização do potencial humano. Se a felicidade não é um produto de estilo de vida que adquirimos por procurar obtê-lo, também não é algo que ganhamos meramente pela conduta moral ou pela observância religiosa. A coisa subtil da felicidade é que é o resultado natural de algo, parte pelo processo de causa/efeito, mas, quando é derramada sobre nós, sentimo-la como um dom total e incondicional.
As Bem-Aventuranças vinculam a felicidade à bem-aventurança e registam esta qualidade subtil em verdades paradoxais tão surpreendentes como óbvias. Assim como a primeira “Felizes os pobres (ou os pobres em espírito) porque deles é o reino dos Céus”. O que significa ser pobre, ou pobre de espírito? E, por favor, o que é o reino dos céus? Estas e outras questões provocadas por um ensinamento espiritual de profundidade das Bem-Aventuranças implicam todos os valores e significado das nossas vidas. Merecem ser mastigadas, ponderadas e discutidas regularmente. Tentem absorver uma das Bem-Aventuranças, após cada meditação no decorrer da Semana Santa.
Com a primeira, temos apenas de ver se já a temos praticado. O mantra destina-se a tornar-nos o mais pobres possível. É muito mais difícil dizê-lo se pensamos que estamos a dizê-lo para enriquecimento pessoal. Mas quando realizamos que é para nos libertarmos das nossas possessões, torna-se mais fácil – o esforço que precisamos para o dizer torna-se mais sintonizado com a sua simplicidade essencial. A possessividade começa com o pensamento ‘isto é meu’. É um pensamento tipo cobra. Desliza para todo o lado, esconde-se bem e pode atacar num repente com o seu veneno. Podemos estar seguros de que não somos particularmente possessivos até alguma coisa nos ameaçar e então defendemos o nosso direito de propriedade e de controle até à última.
A pobreza (de espírito) implica deixar de lado os nossos pensamentos, todos os pensamentos porque ‘isto é meu’ invade e ocupa todos eles. Todo o pensamento é fumigado na meditação. O resultado é a capacidade de desfrutar daquilo que a possessividade destrói. Quando começamos a desfrutar do que é, sem nos apegarmos e sem elaborarmos planos para o possuir, já temos um pé, aqui e agora, no reino dos céus.
Com amor,
Laurence
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
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