
Sábado da 2ª Semana da Quaresma
João o Solitário (o mesmo) disse que o nível seguinte do silêncio é o do corpo inteiro. Este tipo de silêncio é primeiro vivenciado pela quietude física. As instruções iniciais sobre meditação dizem-nos que nos devemos sentar, endireitar as costas, ficar confortáveis e despertos – e mantermo-nos imóveis.
Nalgumas tradições as primeiras etapas da meditação podem ser terrivelmente dolorosas, já que é exigido aguentar uma postura de pernas cruzadas fisicamente exigente. Talvez que, nalgumas culturas, isso ajude, mas a maioria acha isso desnecessariamente perturbador. É melhor combinar conforto e atenção desde o princípio. Isso vai permitir que se alcance uma quietude física mais facilmente e com menos distrações. O ego gosta de jogos. Ao princípio você pode ter um rasgo de autoconsciência, ora sentindo-se muito ufano por se parecer com um praticante, ora sentindo-se desconfortável e pateta. São apenas mais pensamentos para deixar ir embora.
Contudo, apenas decorridos alguns micro segundos, vai sentir vontade de se coçar ou de se esticar, ou – uma escapadela favorita da quietude – limpar a garganta. Isso avisa-o de que você continua na terra e continua a ser o mesmo de sempre. A distração mental manifesta-se em espasmos físicos ou em emissão de sons. Mas a quietude física mostra à mente que ela também pode e deve permanecer imóvel. A quietude torna-nos mais despertos fisicamente e mais confortáveis no nosso corpo. Quer seja um ginasta fanático ou um molengão a sua meditação vai ter um efeito benéfico no seu corpo. A relação entre corpo e mente tornar-se-á mais amigável.
John Main disse que a contenção implícita na quietude física pode ser o nosso primeiro degrau para transcender o desejo. Quer coçar o seu ouvido esquerdo? Que bom alívio. Mas daí a poucos minutos é o seu ouvido direito que pede atenção. Sente que precisa de limpar a garganta? Precisa mesmo disso? Preparando-se para um belo e grande espirro? Incentiva-o ou deixa-o ir? O caminho da iluminação e o próprio mistério cósmico podem revelar-se em pequenas decisões como estas.
A quietude (silêncio de todo o corpo) é tão importante na meditação a sós como na meditação com outros. A meditação comunitária traz consigo a importante dimensão do altruísmo. Com outros à nossa volta, quanto mais fisicamente em silêncio estivermos mais ajudamos os outros no seu trabalho de silêncio e tanto mais o próprio silêncio se torna comunitário. Ele é partilhado e portanto torna-se uma energia poderosa no desenvolvimento comunitário. Fazer barulho durante a meditação é um ato individualista, sugerindo um nível de consciência baixo. Pelo contrário, a experiência de silêncio em grupo fortalece-nos e à nossa disciplina quando meditamos por nossa conta.
Uma vez falei sobre este silêncio físico para um grupo grande de pessoas e durante a meditação uma pobre mulher quase que explodiu ao lutar desesperadamente para suprimir a tosse, o que me chocou e a todos os presentes. Felizmente, ela sobreviveu e a partir daí tenho ligado este importante elemento da meditação à virtude universal da discrição.
Com amor
Laurence
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
http://www.meditacaocrista.com/
https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal
João o Solitário (o mesmo) disse que o nível seguinte do silêncio é o do corpo inteiro. Este tipo de silêncio é primeiro vivenciado pela quietude física. As instruções iniciais sobre meditação dizem-nos que nos devemos sentar, endireitar as costas, ficar confortáveis e despertos – e mantermo-nos imóveis.
Nalgumas tradições as primeiras etapas da meditação podem ser terrivelmente dolorosas, já que é exigido aguentar uma postura de pernas cruzadas fisicamente exigente. Talvez que, nalgumas culturas, isso ajude, mas a maioria acha isso desnecessariamente perturbador. É melhor combinar conforto e atenção desde o princípio. Isso vai permitir que se alcance uma quietude física mais facilmente e com menos distrações. O ego gosta de jogos. Ao princípio você pode ter um rasgo de autoconsciência, ora sentindo-se muito ufano por se parecer com um praticante, ora sentindo-se desconfortável e pateta. São apenas mais pensamentos para deixar ir embora.
Contudo, apenas decorridos alguns micro segundos, vai sentir vontade de se coçar ou de se esticar, ou – uma escapadela favorita da quietude – limpar a garganta. Isso avisa-o de que você continua na terra e continua a ser o mesmo de sempre. A distração mental manifesta-se em espasmos físicos ou em emissão de sons. Mas a quietude física mostra à mente que ela também pode e deve permanecer imóvel. A quietude torna-nos mais despertos fisicamente e mais confortáveis no nosso corpo. Quer seja um ginasta fanático ou um molengão a sua meditação vai ter um efeito benéfico no seu corpo. A relação entre corpo e mente tornar-se-á mais amigável.
John Main disse que a contenção implícita na quietude física pode ser o nosso primeiro degrau para transcender o desejo. Quer coçar o seu ouvido esquerdo? Que bom alívio. Mas daí a poucos minutos é o seu ouvido direito que pede atenção. Sente que precisa de limpar a garganta? Precisa mesmo disso? Preparando-se para um belo e grande espirro? Incentiva-o ou deixa-o ir? O caminho da iluminação e o próprio mistério cósmico podem revelar-se em pequenas decisões como estas.
A quietude (silêncio de todo o corpo) é tão importante na meditação a sós como na meditação com outros. A meditação comunitária traz consigo a importante dimensão do altruísmo. Com outros à nossa volta, quanto mais fisicamente em silêncio estivermos mais ajudamos os outros no seu trabalho de silêncio e tanto mais o próprio silêncio se torna comunitário. Ele é partilhado e portanto torna-se uma energia poderosa no desenvolvimento comunitário. Fazer barulho durante a meditação é um ato individualista, sugerindo um nível de consciência baixo. Pelo contrário, a experiência de silêncio em grupo fortalece-nos e à nossa disciplina quando meditamos por nossa conta.
Uma vez falei sobre este silêncio físico para um grupo grande de pessoas e durante a meditação uma pobre mulher quase que explodiu ao lutar desesperadamente para suprimir a tosse, o que me chocou e a todos os presentes. Felizmente, ela sobreviveu e a partir daí tenho ligado este importante elemento da meditação à virtude universal da discrição.
Com amor
Laurence
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
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