
Segunda-feira da 3ª Semana da Quaresma
Deve haver no cérebro um pequeno parafuso que controla a nossa autoconsciência. Será a isso que chamamos mente? Isso é a fonte tanto da nossa maior dignidade humana, o nosso potencial para uma consciência mais elevada e para a transcendência, como para a nossa pior miséria, o nosso auto encapsulamento. A autoconsciência mostra-nos como somos diferentes. Mas também pode enganar-nos subtilmente e levar-nos a acreditar que, em última instância, somos separados.
Algumas pessoas têm muito pouca autoconsciência. Como resultado, podem estar a viver num estado bastante vegetativo. Ou podem estar exteriormente demasiado ocupadas e freneticamente orientadas para vários objetivos para terem espaço para estarem conscientes. Uma jovem estudante disse-me uma vez que a meditação a tinha surpreendido imenso e a tinha mudado para sempre por lhe mostrar que ela tinha uma vida interior. Ela pronunciou as palavras ‘vida interior’ muito cuidadosamente. A primeira vez que nos sentamos para meditar descobriremos se somos vegetais ou loucos. De qualquer modo, a jornada da auto consciência, mais importante do que a capacidade de fazer milagres, foi iniciada. O parafuso da autoconsciência está a rodar.
Para algumas pessoas, penso que muito poucas, pode haver nas primeiras meditações, uma iluminação súbita. Porque não sabiam sequer o que esperar, imprevisivelmente, elas vêem-na e o reino expõe-se a elas como as nuvens sentadas no topo do Monte Fuji clareando calmamente. O efeito disto poderá ser o de confirmar a razão pela qual resolveram aproximar-se da meditação. Mesmo quando as nuvens se instalam de novo e se perde a vista, elas ganharam uma consciência que as mudou para sempre. O autoconhecimento nunca nos deixa na mesma. Nunca o esquecemos completamente.
Mas aconteça o que acontecer, há agora o trabalho diário do segundo nível do silêncio. Como um músico, um pai, um jardineiro, um poeta, encontrámos um trabalho que temos de aprender a amar porque é uma expressão daquilo que mais verdadeiramente somos. É quase como se o trabalho nos amasse. De qualquer modo, encontraremos amor no trabalho.
Assim que vemos que a meditação é simples mas não é fácil, descobrimos como a mente é instável e ruidosa. O fracasso, como se sente, em dizer o mantra ensina-nos a humildade (é o mesmo que autoconsciência). O esforço de pôr continuamente de lado os nossos pensamentos, como qualquer outra aprendizagem séria, ensina-nos a disciplina, a qual é o caminho estreito para a liberdade interior. Com o tempo, o nível de distrações irá reduzir e, antes disso, dar-lhes-emos cada vez menos importância, mesmo quando nos absorvem e sequestram. Elas tornam-se um barulho de fundo, uma conversa em alta voz ininteligível na sala ao lado.
No entanto, o silêncio da mente não acontece apenas por deixar ir os pensamentos, palavras e as imagens que daí resultam. Vem pela atitude fiel da atenção, repetida como um ato de amor, voltando a mente para um único ponto. Esse ponto não é um pensamento, palavra ou imagem. Assim que ele se torna num destes, tornámo-nos novamente complicados. Abandonando o trio pensamento-palavra-imagem, que é como uma cristalização da mente, a simplicidade é restaurada. O silêncio da mente vai-se aprofundando à medida que fazemos isto. A autoconsciência torna-se mais clara. O autoconhecimento muda-nos mais. E a capacidade de nos focalizarmos num ponto surge agora no nosso discurso, atividade e relacionamentos. Começa a ser conhecido não só como um fenómeno mental mas como um portal espiritual. Quanto mais pequeno o ponto, maior a imensidão que se nos abre.
Com amor,
Laurence
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
http://www.meditacaocrista.com/
https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal
Deve haver no cérebro um pequeno parafuso que controla a nossa autoconsciência. Será a isso que chamamos mente? Isso é a fonte tanto da nossa maior dignidade humana, o nosso potencial para uma consciência mais elevada e para a transcendência, como para a nossa pior miséria, o nosso auto encapsulamento. A autoconsciência mostra-nos como somos diferentes. Mas também pode enganar-nos subtilmente e levar-nos a acreditar que, em última instância, somos separados.
Algumas pessoas têm muito pouca autoconsciência. Como resultado, podem estar a viver num estado bastante vegetativo. Ou podem estar exteriormente demasiado ocupadas e freneticamente orientadas para vários objetivos para terem espaço para estarem conscientes. Uma jovem estudante disse-me uma vez que a meditação a tinha surpreendido imenso e a tinha mudado para sempre por lhe mostrar que ela tinha uma vida interior. Ela pronunciou as palavras ‘vida interior’ muito cuidadosamente. A primeira vez que nos sentamos para meditar descobriremos se somos vegetais ou loucos. De qualquer modo, a jornada da auto consciência, mais importante do que a capacidade de fazer milagres, foi iniciada. O parafuso da autoconsciência está a rodar.
Para algumas pessoas, penso que muito poucas, pode haver nas primeiras meditações, uma iluminação súbita. Porque não sabiam sequer o que esperar, imprevisivelmente, elas vêem-na e o reino expõe-se a elas como as nuvens sentadas no topo do Monte Fuji clareando calmamente. O efeito disto poderá ser o de confirmar a razão pela qual resolveram aproximar-se da meditação. Mesmo quando as nuvens se instalam de novo e se perde a vista, elas ganharam uma consciência que as mudou para sempre. O autoconhecimento nunca nos deixa na mesma. Nunca o esquecemos completamente.
Mas aconteça o que acontecer, há agora o trabalho diário do segundo nível do silêncio. Como um músico, um pai, um jardineiro, um poeta, encontrámos um trabalho que temos de aprender a amar porque é uma expressão daquilo que mais verdadeiramente somos. É quase como se o trabalho nos amasse. De qualquer modo, encontraremos amor no trabalho.
Assim que vemos que a meditação é simples mas não é fácil, descobrimos como a mente é instável e ruidosa. O fracasso, como se sente, em dizer o mantra ensina-nos a humildade (é o mesmo que autoconsciência). O esforço de pôr continuamente de lado os nossos pensamentos, como qualquer outra aprendizagem séria, ensina-nos a disciplina, a qual é o caminho estreito para a liberdade interior. Com o tempo, o nível de distrações irá reduzir e, antes disso, dar-lhes-emos cada vez menos importância, mesmo quando nos absorvem e sequestram. Elas tornam-se um barulho de fundo, uma conversa em alta voz ininteligível na sala ao lado.
No entanto, o silêncio da mente não acontece apenas por deixar ir os pensamentos, palavras e as imagens que daí resultam. Vem pela atitude fiel da atenção, repetida como um ato de amor, voltando a mente para um único ponto. Esse ponto não é um pensamento, palavra ou imagem. Assim que ele se torna num destes, tornámo-nos novamente complicados. Abandonando o trio pensamento-palavra-imagem, que é como uma cristalização da mente, a simplicidade é restaurada. O silêncio da mente vai-se aprofundando à medida que fazemos isto. A autoconsciência torna-se mais clara. O autoconhecimento muda-nos mais. E a capacidade de nos focalizarmos num ponto surge agora no nosso discurso, atividade e relacionamentos. Começa a ser conhecido não só como um fenómeno mental mas como um portal espiritual. Quanto mais pequeno o ponto, maior a imensidão que se nos abre.
Com amor,
Laurence
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
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